FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL E O ENSINO MÉDIO

Coordenação: Eliane Nadalin
Lidia Mara E. Gomes
*(Professores participantes do SISMÉDIO do Col. Est. Pedro Macedo)

Analisando a trajetória histórica do ensino médio brasileiro, é possível evidenciar a polaridade que marcou sua organização pedagógico-curricular: oscilou entre a preparação para ingressar no ensino superior e/ou mercado de trabalho. Mais uma vez, analisamos a dualização do ensino médio, de forma que parte dele destina-se à formação das elites (formação acadêmica), e o restante à educação das demais classes sociais (formação profissional). Comparando com o momento atual, isso iria exatamente  na contra-mão do novo currículo do Ensino Médio que se deseja implantar, com seus sujeitos e a formação humana integral entre as áreas do conhecimento.

O formalismo, derivado das ciências de referência que compõem as disciplinas escolares, nos leva ao desafio de pensar qual organização curricular favoreceria, nos dias atuais, a atribuição de um sentido pleno às experiências vividas no espaço da escola. O reconhecimento desse caráter histórico-cultural da formação humana nos leva, ainda, ao encontro das ciências e da tecnologia. Para traduzir isso em realidade de sala de aula e em termos curriculares, é necessário partir da contextualização dos fenômenos estudados, de seu significado perante as experiências dos sujeitos, e, se possível, como um meio de superação dos obstáculos; não se trata, portanto, somente de organizar atividades alternadamente entre trabalho e conhecimento.

As tomadas de decisões para implementar esse pensamento, determinará o modo de compreender a função social da escola, ultrapassando o caráter meramente técnico, dado que esse processo não é - e nem deve ser - neutro , mas intencionalmente definido. Existe a necessidade de buscar outras formas de organização, tendo em vista a reformulação da vivência escolar. Essas ideias nos colocam diante da necessidade de pensarmos currículos para o ensino médio em suas intenções, práticas, recursos (materiais, tempo, espaços), tendo como referencial o perfil dos alunos que o freqüentam.

Os conceitos estruturais do ensino médio, na perspectiva da formação humana integral, devem incluir o conceito de formação humana integrando trabalho, ciência, tecnologia e cultura. Ainda, deve se levar em conta que o uso da tecnologia pode se tornar um empreendimento de grande complexidade, envolvendo elementos como ferramentas, máquinas, equipamentos além de todo o conhecimento técnico e a mão de obra necessária. Por isso, é imprescindível que essa ação seja organizada e planejada, para que se tenha êxito em sua implantação, sem incorrer em desastrosos e custosos processos. Da mesma forma, no campo da formação, não é possível ignorar o fato de que, apesar das potenciais vantagens que trazem as metodologias que aproximam os conhecimentos escolares dos científicos, é preciso ter em mente que também existem fragilidades. Mesmo tendo em conta esta complexidade e estes riscos, devem-se buscar a implantação destes procedimentos, pois, endossando o pensamento de Walter Bazzo: "a tecnologia tem relações com fatores econômicos, políticos e culturais - a evolução da tecnologia é inseparável das estruturas sociais e econômicas de uma determinada sociedade". Ou seja, a tecnologia é um elemento de determinação, desequilíbrio e interferência social.

Compreender a relação entre trabalho, ciência, tecnologia e cultura , deve se tornar o objetivo central da organização curricular do ensino médio, tendo o trabalho como princípio educativo no processo histórico de produção científica e tecnológica, bem como o desenvolvimento e a apropriação desses conhecimentos para a transformação da vida e ampliação das capacidades humanas. O currículo deve propor a integração entre essas dimensões como princípio educativo e ter por finalidade propiciar a compreensão dos fundamentos dos processos sociais e produtivos. Na prática, é preciso planejar, definir e implementar arranjos curriculares alternativos e novas formas de avaliação.

É de extrema relevância debater e decidir sobre o conhecimento escolar se quisermos nos comprometer com tipo de formação propiciada pelo Ensino Médio. Sendo assim, o domínio da ciência, na compreensão dos fundamentos que explicam o processo da existência humana - em seus diversos aspectos - não se obtém pela simples reprodução de seus conceitos inerentes. Tão crítica quanto o planejamento e a definição dessas novas práticas, deve ser também a sua aplicação na realidade escolar.

As considerações feitas sobre o currículo e as possibilidades apontadas novos arranjos curriculares vão ao encontro da necessidade de efetivar a integração entre os conhecimentos do currículo considerado obrigatório com atividades e opções de interesse do estudante como forma de atribuir novos sentidos à experiência escolar e consolidar a identidade do ensino médio como educação básica com vistas à formação humana integral - além de uma estratégia fundamental para ampliar o interesse do estudante em permanecer na escolar por vontade própria, e como resultado disso, alterar a realidade vigente de evasão.

Uma política de ensino médio, nesta perspectiva, deve visar condições para que o sistema social que interage com as instituições de ensino (incluindo ela mesma), desenvolva projetos em coerência com as suas necessidades, com as finalidades, já expostas acima, para esta etapa de educação.

*Andreia Garcia; Bianca M. Dos Santos; Carlos; Carolina Machado; Cindia Veiga; Claudio Castanho; Danielle Luciana; Decio; Edimara Osachuky; Edson Lisboa; Eliane Stadler; Eliane Moura; Elisiara de Moura; Fernando Maia; Fernando Tahan; Mauricio Arcego; Paulo da Rosa; Priscilla Raad; Sergio Pereira; Sonia Pereira; Tarsila Dominoni; Thelma; Gabriel Gil; Gilda Borges; Izani; Joao Viana; Jose Airton; Juliana Burigo; Juliana Romanzini; Julio Cesar; Karla Eichmann; Luciana de Oliveira; Luciane de Lima; Magda Dias; Marco Dias; Paulo Coelho; Raphael Barth; Rosilda da Silva; Sueli Zane; Taniele Nesi