FORMAÇÃO DAS JUVENTUDES E PARTICIPAÇÃO NA ESCOLA

Reflexão Caderno II -  Centro Estadual de Educação Profissional Dr. Brasílio Machado –Antonina-Pr  Professores Participantes: Cesar Fernandes de Souza; Cibelle Anne Santos Silva; Edilaine do Pilar Basco; Elenita da Costa Silva; Emaldo Gomes Pinto; John Kennedy Gaspar de Abreu; José Gustavo Pontes; Juliana Pontes Alves de Oliveira; Lélia Valéria Dantas da Fonseca; Luísa Belém de Souza; Marcos Antonio de Oliveira Nascimento; Nelci Terezinha Martins; Sabrina Giovanelli Carvalho; Robison Luíz Marciniaki Karas.

Durante muito tempo foi considerado que as grandes causas da evasão, na educação, fossem o alto índice de reprovação e repetência e a necessidade de abandonar os estudos para, precocemente, trabalhar.  Os jovens inseridos no Ensino Médio nos trazem diariamente desafios para o aprimoramento de nosso ofício de educar e cabe a nós professores, entendermos o comportamento e as transformações dessa juventude para que saibamos lidar com as diferentes manifestações e cultura deles advindas.
As escolas, em sua maioria, continuam oferecendo um ensino voltado para a transmissão de conteúdos, alguns sem qualquer interesse que não agregam conhecimentos significativos, os quais os alunos recebem, passivamente, pois muito pouco, os ajudaram, quer no prosseguimento dos estudos, quer no ingresso no mercado de trabalho.
Para superar esta deficiência é necessário repensar os conteúdos e reformular as metodologias adotadas pelos professores, em suas aulas, lembrando-se de que, além da reformulação de conteúdos a escola deve capacitar seus jovens para o enfrentamento de desafios reais, e a aprendizagem para vencê-los. Esta escola enquanto instituição comprometida com uma educação transformadora tem a obrigação em oferecer este aprendizado.
Se quisermos que os nossos jovens estudantes tenham uma formação democrática é preciso oportunizar e motivar esses jovens a participar de todas as atividades que ocorrem dentro da escola através da participação.
O texto também faz a relação entre as culturas da escola e dos jovens, afirmando que existe uma desarmonia entre essas duas culturas. Fica claro que a origem desse desacordo está no público presente na escola, ou seja, as novas gerações de jovens estudantes que são filhos de pais excluídos da escola e, que sofreram muito com as desigualdades sociais e todo tipo de preconceito e a descriminação na escola, os jovens aprendem a debater e decidir coletivamente assuntos de seu interesse e de sua comunidade. Porém, gostaria de destacar que na escola, é possível fazer interações entre professores, jovens estudantes e comunidade escolar em geral, mas para que isso aconteça é preciso criar os espaços e as ações que contemplem as socializações desejadas, que podem contribuir com a aprendizagem.
A troca de experiências que ocorre entre os jovens estudantes é fundamental para socializar-se futuramente com outros grupos na sociedade. Por isso é papel da escola criar situações de vínculos entre os jovens e a escola. É preciso ouvir mais para saber se o que a escola ensina tem sido útil para melhorar sua vida e a de sua comunidade, se não, então indagar a estes jovens sobre o que gostariam que a escola os ensina-se.
Assim, temos o compromisso de reverter essa situação, oferecendo uma escola acolhedora e de qualidade. Uma troca de correspondência, como no exemplo abaixo, entre os estudantes e com a mediação docente pode abrir a possibilidade para o diálogo sobre as expectativas juvenis frente a vida.
Carta coletiva aos estudantes
É um tanto quanto difícil escrever-lhes essa carta pois, precisamos falar com pessoas que estão tão próximas e ao mesmo tempo tão distantes.
Às vezes nos perguntamos se o celular, o papo com @ colega, ou mesmo o futebol na quadra está mais interessante que a aula. Algumas delas imaginamos que sim, outras nem tanto.
Afinal, o que pra vocês é interessante?
Como eu podemos lhes ajudar?
Pedimos que não nos vejam como “estranhos”, por mais que nos vejamos uma vez por semana por uma hora e meia ou mais, temos tempo suficiente para nos (re)encontrarmos e nos (re)conhecermos.
Pode parecer que não, mas temos grande apreço por cada um de vós. Sinto quando faltam, me pergunto se está tudo bem.
Lanço a vocês e a mim o desafio de nos conhecermos melhor e derrubar o “pré-conceito” outrora erguido por ambas às partes. Vamos nessa?
No dia 10 de Agosto do ano corrente, lemos a carta supracitada para os alunos do curso de Portos do CEEP Dr. Brasilio Machado, e tivemos uma conversa aberta acerca de seu teor, e também, sobre outros assuntos que surgiram envolvendo a temática “o que é ser adolescente”, “o que é interessante”, “como chamar a atenção deles”.
Perguntamos a razão que os faz ir para a escola, muitos disseram que:
- vão porque não tem o que fazer em casa;
-  porque querem encontrar com os amigos que também consideram irmãos;
- reconheceram que não estão nem ai pra nada – entenda-se estudar – porque são adolescentes e suas curiosidades são outras;
- para usar o wi-fi da escola;
- outros porque querem um futuro melhor do que seus pais;
- querem um curso profissionalizante;
- ter estilo chama atenção deles;
- fazer um curso diferenciado, pois Portos foi o 1º curso Médio Integrado lançado no Br;
- enfim ser um profissional bem sucedido.
Existe hoje uma preocupação com as atitudes desrespeitosas do jovem estudante dentro e fora da escola. Na escola muito mais, já que a indisciplina é um dos fatores mais citados pelos educadores para justificar o fracasso escolar. Cabe ao professor aliar o uso dessas tecnologias ao seu trabalho docente, auxiliando no processo de decisão e condução do aprendizado, não esquecendo  também de que ele  é um aprendiz permanente e que precisa se capacitar continuamente, pois muitos profissionais ainda apresentam certa recusa em enfrentar essas formas atuais de comunicação, que bem utilizados, podem ser recursos riquíssimos, os quais podem ancorar o processo.
Admitindo-se o papel de mediador que o professor deve exercer, e partindo do pressuposto de que este deve vivenciar de fato seu magistério, presume-se que o pontapé inicial para mudar essa realidade deveria partir do professor, visto que esse profissional já galgou os degraus pelos quais essa juventude está experimentando e deve compreender a fase pela qual estão passando.
É normal do ser humano procurar um culpado, e enquanto perde esse tempo, não encontra a verdadeira solução. Basta desse jogo, vamos olhar para dentro de si e ao redor, e nos colocar a disposição das mudanças necessárias em nossas atitudes e promover uma aproximação afetiva para com nossa clientela, e talvez assim, como apregoavam PIAGET e VIGOTSKY, poderemos dar passos importantes para um Ensino Médio de sucesso, uma Educação de sucesso.
Precisamos compreender a juventude como uma construção histórica, ao mesmo tempo uma condição social e um tipo de representação. Como professores, devemos perceber como esses jovens estudantes constroem seu próprio modo de ser, suas necessidades e expectativas.
              No ambiente educacional, com o uso das tecnologias amplia-se o desempenho acadêmico, promovendo a aprendizagem de uma forma ativa, com a participação direta do aluno. Entretanto muitas são as dificuldades encontradas nesse processo de conhecer e educar os jovens do Ensino Médio. Começando pela baixíssima qualidade de que nos está disponível; como instalações elétricas inadequadas, computadores ultrapassados, rede wi-fi que não suporta a demanda, além de salas superlotadas, carência de funcionários, profissionais sobrecarregados e mal remunerados, entre tantas outras dificuldades que se apresentam no cotidiano e comprometem seriamente a qualidade do processo educativo.
O mundo do jovem hoje é a internet, sem a qual eles acham impossível relacionar-se com os demais, pois é através dela que eles colocam todo o sentimento; dor, angústia, alegria e até cultura. Para eles a internet é um recurso que podem falar com todos seus amigos de forma rápida e eficaz não precisando se locomover, pois muitas vezes moram longe uns dos outros também.  O desafio do passinho hoje  é apresentar aos demais sua capacidade de disciplina, coordenação, talento, improviso, um misto de vários tipos de dança a qual pode-se perceber sua interação com o mundo, é uma forma de demonstrar sua existência aos demais.
Os jovens inseridos no Ensino Médio nos trazem diariamente desafios para o aprimoramento de nosso ofício de educar e cabe a nós professores, entendermos o comportamento e as transformações dessa juventude para que saibamos lidar com as diferentes manifestações e cultura deles advindas.