Etapa II_Caderno I_ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NO ENSINO MÉDIO
GOVERNO DE ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ – SEED
COLÉGIO EST. SANTOS DUMONT – E. FUNDAMENTAL, MÉDIO E INTEGRADO
Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio
Etapa II– Caderno I
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NO ENSINO MÉDIO
Coordenação: Rosemary Valente De Oliveira
Coautores: professores do Colégio Est. Santos Dumont- Curitiba – Adriana Novak Skora, Anelize Seniski Silva, Ariana Cavassin, Arlei Roberto de Souza, Dione Wojcik , Edson Bispo, Lubina Kozechen, Maria Carolina Lobo Oliveira, Maria do Rocio Neves, Marta Protscki , Norina Duarte Tosi, Paulo Cintra, Rafaela Skora da Silva, Selma Zanlorensi, Regina Corcini de Melo, Tânia Regina Bendlin.
Embora seja mola propulsora na organização do trabalho pedagógico, certamente que a diversidade e a pluralidade constituem um desafio, uma vez que nosso alunado vivencia tais questões de forma paradoxal, pois, ao mesmo tempo que é incentivado a lutar pelos seus direitos, é discriminado por vários setores da sociedade, entre eles o próprio governo. Não é raro presenciarmos em sala de aula os discursos de alunos que são constantemente agredidos pela sociedade em geral apenas por serem negros e/ou pobres.
A discussão desses temas gera bastante revolta em alguns e omissão em outros. Grande parte ainda demonstra preconceito na manifestação de opiniões sobre a diversidade de gênero, embasados muitas vezes por doutrinas religiosas ou leituras superficiais de textos e falas presentes nas redes sociais. Portanto, é imprescindível insistirmos na discussão e ampliação dela nos setores escolares, sempre tendo o diálogo sensato como base para o respeito às opiniões.
Nessa concepção, a gestão democrática efetiva os debates quando chama para si a participação genuína dos estudantes, além de todo o quadro administrativo e pedagógico da escola, seja através do incentivo à formação do Grêmio Estudantil ou outras ações que promovam a autonomia dos alunos nas discussões que construam “um ambiente social humano e humanizador, com capacidade para desenvolver ações educativas voltadas ao reconhecimento das lutas de grupos pelo combate ao preconceito, ao racismo e à discriminação de qualquer natureza” (pg 25). O grande desafio aqui é reverter o marasmo da comunidade escolar, pois há pouca participação efetiva, embora sejam oportunizados pelos professores e direção momentos de envolvimento dos alunos. Poucos se envolvem com anseio e precisam persistir para motivarem os demais colegas. O que se busca é a tentativa de ações mais próximas à realidade da escola, como as discussões sobre o caos da educação pública no Paraná (também no Brasil), os encaminhamentos políticos referentes ao mundo do trabalho (terceirização), à diversidade e pluralidade, temas polêmicos e recorrentes que exigem um debate sério e ações urgentes. Tais ações circundam em se retomar o estudo sobre a política brasileira, discernindo as ideologias presentes nas bandeiras de partidos políticos e nos discursos de candidatos. De maneira honesta, é preciso que a escola cumpra com seu dever cívico de mostrar à comunidade escolar o quão valioso é o voto consciente e o acompanhamento dos candidatos eleitos para se garantirem democraticamente os justos encaminhamentos para uma sociedade que entenda e respeite as diferenças em todas as suas esferas, já que a realidade é diretamente atingida por tais ações (ou pela ausência delas). Temos nesse pilar – o voto – a oportunidade de abarcarmos, de forma inter e multidisciplinar e praticando o contrato social, os princípios e as dimensões apresentadas nas DCNEM, transformando uma realidade em outra melhor.
Para tanto, é de fundamental importância que haja a leitura crítica, por parte de todos os envolvidos, sobre o diagnóstico da realidade do colégio, condessada no quadro a seguir:
Organização do Trabalho Pedagógico no Ensino Médio
COLÉGIO ESTADUAL SANTOS DUMONT – ENSINO FUNDAMENTAL, MÉDIO E PROFISSIONALIZANTE
Problemas (o que precisa ser mudado) Impactos negativos (do problema) Ações (para resolver)
Conhecimentos fragmentados, distantes da realidade dos alunos Os alunos não veem sentido e significado entre o que é ensinado na escola com o que vivenciam em suas vidas e no meio em que vivem. Ressignificar os conhecimentos, estabelecendo conexões com as áreas afins, para estabelecer sentido e significado.
Desinteresse pela aprendizagem
Não aprendem, são descompromissados. Utilizar temas de interesse de acordo com o perfil dos alunos jovens e da comunidade onde a escola está inserida.
Evasão
Não têm perspectivas de mudanças de suas vidas. Incentivar os alunos para a aprendizagem e continuidade dos estudos.
Lacuna nos conhecimentos do ensino fundamental. Falta base para o entendimento dos conteúdos do ensino médio Propor ações de recuperação de estudos no intuito de superar os conteúdos defasados.
Ausência de perspectiva de continuidade dos estudos no ensino superior Imediatismo sem projeto para o futuro Informar sobre os programas do governo de incentivo ao ensino superior (Pronatec, ENEM, FIES e bolsas para faculdades particulares)
Faltas
Desistência Estimular os alunos à frequência e a participação.
Organização didática deficitária, falta laboratório de ciências, salas ambientes
Faltam estímulos e orientação adequada para o uso de tecnologia móvel, incentivo à pesquisa Utilizar a tecnologia móvel, uso de celulares, tablets, sala multimídia para pesquisas e estudos.
Avaliações homogeneizadoras
Não leva em conta os diferentes tipos de aprendizagem e o processo no qual os alunos se encontram. Avaliar elencando os aspectos qualitativos do processo de aprendizagem dos alunos.
Os alunos vão para o mercado de trabalho, para o setor de serviços informal para complementar a renda familiar Não veem a escola como espaço que contribui para melhoria no mundo do trabalho e para sua profissionalização. Bolsa de incentivo à escolarização para os alunos que frequentam e têm bom rendimento
Metodologia inadequada
Modelo de ensino com base na memorização e na reprodução de conteúdos. Utilizar a metodologia histórica e dialética no processo de ensino e aprendizagem.
Falta de participação da vida escolar em eventos do colégio Não possuem sentimento de pertença Envolver os alunos nas discussões de melhoria e qualidade da educação, estimular a participação no grêmio estudantil e nos conselhos escolares.
Baixa autoestima Conformismo, sensação de fracasso Melhorar a auto-estima e a criatividade dos alunos, elevando seus potenciais.
Todas as ações em prol da qualidade da educação inclusiva só serão materializadas se houver a valorização do Conselho de Classe, etapa fundamental do processo. É preciso se reconstruir a concepção desse momento, espaço democrático para se fazer coletivamente as leituras dos processos da avaliação dos alunos.
O que se pratica é a reunião de parte dos professores (muitos professores precisam trabalhar em outra instituição para completarem os seus salários e não podem participar do conselho escolar) em que se apresenta a relação de nomes dos alunos com dificuldades de aprendizagem. Os problemas gerados estão quase sempre ligados às faltas constantes (principalmente no noturno), à defasagem de conteúdos e à indisciplina que acarreta o baixo nível de motivação e consequentemente o mal rendimento da classe. Há uma preocupação séria entre os professores no tocante à aprovação automática de certos alunos, disfarçada em encaminhamentos e regras que supostamente valorizariam a democratização do ensino.
O papel desempenhado pela equipe pedagógica para se reverter o quadro é fundamental, pois se busca compartilhar com a família e também exigir dela o maior comprometimento das partes para que o aluno-filho consiga vencer os obstáculos e garantir a aprendizagem. Entretanto, nem sempre há esse entendimento, pois se percebe que muitos alunos praticamente não têm apoio algum de seus responsáveis, nem condições mínimas que lhes oportunizem a valorização do estudo, dentro e fora dos portões da escola.
Muitos professores descrevem suas intervenções inovadoras e manifestam com tristeza o descaso por parte da parcela significativa das classes. Há também a consciência de que há desmotivação geral pelo estudo, já que a própria sociedade e o governo não valorizam na prática a educação. Relatos de muitos professores confirmam o descaso da maioria dos estudantes manifestado em diálogos abertos com as classes. Os poucos alunos que prezam o estudo geralmente sofrem algum tipo de “bullying” ou são menosprezados por colegas.
A tentativa de se chamar com maior frequência a participação dos alunos nos Conselhos de Classe certamente poderá gerar controvérsias no início, mas poderá fortalecer o debate e a parceria entre as esferas da escola em função do bom rendimento de todos.
Referência
Brasil. Ministério da Educação / Secretaria de Educação Básica: LIMA, Erisevelton Silva et al. Formação de professores do ensino médio, Etapa II - Caderno I : Organização do Trabalho Pedagógico no Ensino Médio, Curitiba : UFPR/Setor de Educação, 2014
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