Etapa II - Caderno I - Organização do Trabalho Pedagógico no Ensino Médio - Colégio Estadual Euclides da Cunha - Matelândia - PR

Tendo em vista que a discussão sobre o papel da escola como instância socializadora de saberes deve estar vinculada aos eixos integradores da educação: trabalho, ciência, tecnologia e cultura, propostos no Programa Ensino Médio Inovador, nosso papel como educadores deve estar centrado em estabelecer mecanismos que valorizem o conhecimento escolar, integrando os diferentes conhecimentos que perfazem o universo social dos estudantes. Tornar o conhecimento escolar compreensível e exercitado exige um fortalecimento das instâncias que compõem a escola, por isso o estudo da Organização do Trabalho Pedagógico é fundamental.
A partir das discussões deste primeiro caderno, da segunda fase de formação, levantamos algumas discussões sobre a diversidade na sociedade e na escola; sobre a participação ampliada de estudantes, professores, funcionários e familiares nos processos de gestão democrática da escola; os principais problemas da escola e também a nossa participação no Conselho de Classe.
Pluralidade, diversidade e o PPP
Com o acesso de diversificados estratos sociais à educação há uma necessidade latente de novos direcionamentos da escola e dos educadores sobre a sua função social. Este novo olhar pedagógico requer, sem sombra de dúvidas, novas posturas no que tange a ocupação dos ambientes escolares, aos procedimentos administrativos e, principalmente, as metodologias de ensino e os recortes epistemológicos dos temas e conteúdos a serem apresentados em sala de aula. Esta nova postura deve priorizar a pluralidade e a diversidade, fazendo com que fatos históricos e acontecimentos cotidianos sejam analisados sobre diversos ângulos, permitindo maior diálogo, trocas de informações e valorização do que é periférico, ou seja, aquilo que recorrentemente não é valorizado pela escola tradicional e pelo pensamento positivista.
A partir desta perspectiva uma educação de qualidade precisa ser garantida nos espaços escolares e não-escolares, visando a formação integral do cidadão para que ele possa fazer valer os demais direitos, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda (FREIRE, 2000). Neste sentido, aposta-se na educação como uma forma de garantir a inclusão de todos aqueles que historicamente foram relegados de seus direitos humanos e sociais, a sociedade avançou e com isso acredita-se no avanço de uma educação igualitária e não excludente.
Esta discussão sobre educação como um direito humano e social vem ganhando espaço nos documentos norteadores do trabalho pedagógico, como o PPP, deixando de lado uma educação baseada na exclusão. Durante muito tempo as escolas possuíam o papel de selecionar os melhores, nesta seleção ficavam fora as mulheres, os negros, os indígenas, os deficientes, aqueles que eram considerados incapazes para suprir as necessidades do mercado de trabalho. Uma nova sistematização vem envolvendo um currículo diversificado, com metodologias variadas que estão presentes nos PTDs e dão novos direcionamentos para dar conta dos desiguais existentes no mesmo espaço, seja no interior da própria escola, seja nos ambientes que circundam o espaço escolar. Assim a condição de trabalho do professor é extremamente importante, abrindo maior espaço para reflexões, estudos, preparação de materiais e pesquisas sobre a comunidade escolar e comunidade regional.
Para Arroyo (2010) torna-se urgente retomar a centralidade da relação entre educação e sociedade que tanto fecundou o pensamento sócio-educativo, as políticas e suas análises. Muitas vezes em nome de uma qualidade, estes desiguais ficam subjugados em segundo plano, pois são vistos como inferiores, incapazes, preguiçosos e que não possuem interesse de mudar a sua condição social, comprometendo assim a qualidade tão almejada pelo Estado, pois os mecanismos internacionais exigem. Estas cobranças externas que ainda permeiam o espaço educativo precisam ser repensadas, já que uma escola que valoriza a diversidade e a pluralidade não busca a homogeneidade. É na heterogeneidade e no reconhecimento das diferentes potencialidades, individualidades e aproximações socioculturais e etnográficas que uma escola se faz menos desigual.
Já temos reconhecido que a democratização escolar é um fato, pois novos grupos sociais tem acesso a esse ambiente, contudo ainda há necessidade da criação de uma atmosfera propícia para que os vários tipos de conhecimento sejam valorizados, permitindo que o resultado da escola não seja pensado como homogêneo, mas sim como uma das ferramentas para abrir caminhos para discussões e aceitação de novos saberes pertinentes ao universo da pluralidade cultural.
Principais problemas, impactos e ações na escola
PROBLEMAS:
1. Má distribuição do número de alunos por período;
2. Não realização de encontros com o corpo docente que atua no ensino médio, juntamente com equipe pedagógica, direção e demais funcionários, para troca de experiências e discussões sobre o novo foco do ensino médio;
3. Indisciplina;
4. Falta de mediação entre o real e o virtual;
5. Falta de infraestrutura e recursos para elaboração de materiais;
6. Segurança.
IMPACTO NEGATIVO:
1. Turmas com número elevado de alunos e outras com número reduzido, gerando dificuldade no ensino-aprendizagem  e dificuldades para o professor conduzir a diversidade, bem como o entrosamento e troca de experiências entre aluno/aluno e professor/aluno;
2. Ideias e projetos diferentes e educativos não são discutidos, nem analisados e não realizados. E não realização de projetos interdisciplinares ou por eixos temáticos;
3. Falta de condições adequadas para o ensino-aprendizagem;
4. Dificuldade de filtrar informações. Uso indevido das tecnologias em sala de aula.
5. Falta de espaço para acomodar laboratórios, materiais (mesmo que poucos) e alunos ocasionando limitação no trabalho do professor.  A escola não acompanha os avanços da tecnologia.  A falta de materiais didáticos  e recursos para a elaboração dos mesmos, atrasa o trabalho pedagógico. Também ocorrem  problemas com os espaços destinados aos esportes, seja pelo clima como também por pragas, dificultando a  utilização e o sucesso das atividades.
6.  Problemas sociais como as drogas estão invadindo o espaço escolar.
AÇÕES:
1. Conscientização da comunidade escolar através do diálogo sobre a situação e ação administrativa para o remanejamento dos alunos;
2. Marcar datas e horários para encontros coletivos direcionados ao ensino médio, para conversação e ações. Deixar a zona de conforto e abrir-se para o novo, tentando desenvolver atividades (mesmo que algumas) no coletivo;
3. Ação conjunta entre alunos e professores. Reformulação e aplicação de normas de conduta junto à comunidade escolar e cobrar o cumprimento de todos. Diálogo com as instituição sociais das quais os alunos estão inseridos como, por exemplo, igrejas, na divulgação da boa convivência e o respeito pela escola como um todo.
4. Formação continuada adequada ao momento tecnológico. Também palestras para os alunos sobre o uso consciente dos recursos.
5. Conscientizar a sociedade a cobrar mais dos governantes e fiscalizar o emprego do dinheiro público. Conscientizar a zelar pelos poucos recursos que temos disponíveis.
6. Contratação de mão de obra especializada em segurança, por parte do governo. Ampliar o diálogo com instituições, já tratado na questão da indisciplina, para a questão da segurança.
Participação no Conselho de Classe
O Conselho de Classe é um órgão colegiado de natureza consultiva e deliberativa em assuntos didáticos pedagógicos, com atuação restrita a cada turma do estabelecimento de ensino. Tem por objetivo avaliar e acompanhar o processo ensino-aprendizagem na relação professor-aluno e vice-versa.
Durante o conselho de classe são levantados problemas de notas, falta de interesse e responsabilidade dos educandos, alunos que não permanecem em sala. São discutidos os diagnósticos levantados no pré-conselho estabelecendo comparações entre resultados anteriores e atuais. 
O conselho de classe é o momento privilegiado para redefinir práticas pedagógicas com o objetivo de atrair a atenção do educando e de superar as dificuldades de aprendizagem, garantido a todos os alunos a aprendizagem e parar de culpar a família, os pré-requisitos necessários para a série seguinte, falta de disciplina, etc.
A queixa é uma breve descrição do que preocupa a pessoa. É o primeiro passo para o diagnóstico. É narrada pelos pais, responsáveis, psicólogos e coordenadores.
A finalidade principal do diagnóstico psicopedagógico é identificar os problemas apresentados no processo de aprendizagem do sujeito que o impedem de crescer e desenvolver dentro do esperado pelo meio social.
No conselho é tratado as questões de ensino-aprendizagem voltadas para os que tem dificuldade ou deficiência tendo assim um encaminhamento com olhares diferentes, envolvendo metodologias que devem ser revistas .
Após esta etapa é feito o pós-conselho com os alunos, dando retorno a eles sobre sua situação escolar. Se necessário chamar os pais e realizar encaminhamentos didáticos com metodologia diferenciados.
A prática do conselho de classe, como sugestão poderia ser de forma participativa, onde os alunos que são líderes participariam dando sua opinião quando solicitada, também o conselho de classe com os alunos, pedagogo e professor regente, levantando as dificuldades em sala e com os docentes, repassando os resultados para os professores na hora atividade. Também que fosse mais real e que apontasse somente notas e não problemas e queixas, estes são levantados no pré-conselho para sanar até o dia conselho. Também contar com a cumplicidade da comunidade escolar, todos juntos na busca da superação das dificuldades encontradas.