ETAPA II - CADERNO I - ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NO ENSINO MÉDIO
Colégio Estadual Ipê Roxo - Foz do Iguaçu - Pr
Atividades desenvolvidas por:
Carmeci Aparecida Alves, Ilda Aparecida de Souza, Lidiomar Teixeira da Silva, Margarida de Souza, Marilene Apareceida Benites, Patricia de Souza, Robson Fagundes dos Santos, Valquiria de Souza Barbosa, , Fabiana da Silva Rocha, Germano Luiz Kalinoski, Marilda Lopes Cruz e Roseli de Fátima Dal Moro.
A diversidade e a pluralidade constituem um desafio à nossa realidade escolar, principalmente quanto a diversidade socioeconômica, pois o Colégio Ipê Roxo localiza-se no bairro Cidade Nova I, fundado em 1998 a partir do desfavelamento de famílias oriundas das comunidades carentes da Marinha, Monjolo e Monsenhor Guilherme. Os alunos que aqui estudam moram em bairros adjacentes como: Cidade Nova II, Andradina, Jardim Almada, Vila Solidária e Jardim Universitário I e II.
A Constituição da República de 1988 prevê o pleno desenvolvimento dos cidadãos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação; garante o direito à escola para todos; e coloca como princípio para a Educação o “acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um”.
As principais características encontradas em nossos alunos são referentes a questão social, econômica e cultural. O núcleo familiar dos alunos nem sempre é construído dentro de um vínculo afetivo, de proteção, de responsabilidade e condição digna para a formação do aluno. Muitas vezes, essa organização familiar, desestruturada, reflete na postura dos educandos quando estes convivem no espaço escolar. Nessa ótica, deparamo-nos com alunos com a baixa autoestima, com problemas de indisciplina e descompromissados com a escola, já que muitas famílias não valorizam a escola como parte vinculada à comunidade, pertencente a ela e não à classe dominante.
No entanto, observa-se que os alunos e moradores têm buscado uma identidade cultural, dentro das diferenças e características das comunidades que constituem o bairro. Movimentos culturais com parcerias, frequentemente têm ocorrido no bairro, para valorizar e resgatar a cultura e proporcionar aos moradores momentos de lazer e diversão.
Os professores são oriundos de bairros próximos, alguns são concursados e trabalham há algum tempo na escola, mas em sua grande maioria prevalece a rotatividade. Participam de formação continuada, tanto no âmbito referente à diversidade e pluralidade cultural, quanto aos conhecimentos científicos, porém, muitas vezes, o professor desconhece a realidade que compõe a comunidade escolar, é constante a falta de recursos materiais para diversificação dos métodos pedagógicos e a exaustiva carga horária configuram os desafios que prejudicam o desenvolvimento da organização do trabalho pedagógico.
Como estratégia de reflexão e consolidação das relações entre os fundamentos das temáticas abordados na primeira etapa do Pacto para o fortalecimento do ensino médio: a formação humana integral; o jovem como sujeito do ensino médio; o currículo do ensino médio; a integração curricular; a organização da gestão democrática da escola e a avaliação no ensino médio.
Surge uma proposta de construção de um “redesenho do currículo do ensino médio” com base nas áreas do conhecimento propostas nas DCNEM, com o propósito de fortalecer as relações entre os componentes curriculares. Considerando o propósito da formação integral do estudante, uma relação interdisciplinar com o intuito de despertar o sentido daquilo que “se aprende” no aluno, objetiva-se a necessidade de contextualizar para apreender a realidade.
Nossas reflexões convergem às propostas do Caderno quanto à atuação de cooperação, troca de informações e conhecimento das experiências da comunidade escolar que podem contribuir para a elaboração conjunta e a organização do trabalho pedagógico.
A dualidade estrutural expressa uma fragmentação da escola a partir da qual se configuram caminhos diferenciados segundo a classe social. Para essa teoria, a escola é constituída de duas redes de escolarização: a rede de formação profissional - preparando para o mercado de trabalho e a rede de formação geral preparando intelectuais para o ensino superior. Nessa concepção, para apreender a dualidade estrutural característica da escola capitalista é necessário colocar-se do ponto de vista daqueles que são dela excluídos. A repetência, o abandono, a produção do retardo escolar são mecanismos de funcionamento da escola e que fazem parte de suas características. É sua função discriminar, e isto desde o início da escolarização, na própria escola primária, que também não é única e que também divide. Seus “defeitos” e “fracassos são necessários para que este tipo de realidade funcione.
No Brasil, essa diferenciação se concretizou pela oferta de escolas de formação profissional e escolas de formação acadêmica para o atendimento de populações com diferentes origens e destinação social. Durante muito tempo, o atual ensino médio ficou restrito àqueles que prosseguiriam seus estudos no nível superior, enquanto a educação profissional era destinada aos órfãos e desvalidos, os ‘desfavorecidos da fortuna’.
Nessa concepção está implícita a divisão entre aqueles que concebem e controlam o processo de trabalho e aqueles que o executam. A educação profissional destinada àqueles que estão sendo preparados para executar o processo de trabalho, e a educação científico-acadêmica destinada àqueles que vão conceber e controlar este processo. Essa visão que separa a educação geral, propedêutica da educação específica e profissionalizante, reduz a educação profissional a treinamentos para preenchimento de postos de trabalho.
Apesar do entendimento destas concepções sobre o ensino profissionalizante, quando redirecionamos o olhar para a realidade socioeconômica da nossa comunidade escolar, percebemos que um dos fatores de desestímulo no estudo e até a evasão dos alunos deve-se a inserção precoce no mercado de trabalho para suprir suas necessidades materiais.
Uma sugestão para atender à diversidade e pluralidade social, resgatar estes alunos e proporcionar uma formação, mesmo que primeiramente direcionada ao mercado de trabalho, seria a possibilidade de implantação de cursos técnicos profissionalizantes na grade curricular da escola. No intuito de que estes cursos sirvam também de estímulo aos alunos para conclusão do Ensino Médio e sua motivação ao ingresso nos cursos universitários.
Considerando que o Projeto Político Pedagógico é um documento que registra o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer e com quem fazer, que é um norte para as ações educacionais. A formalização dos diferentes momentos do processo de planejamento é que garantirá a qualidade de educação nesta instituição de ensino, devendo apresentar com clareza as concepções de ensino, das teorias da aprendizagem, de homem, de sociedade, bem como a metodologia e avaliação aplicada em sala de aula.
Nessa perspectiva de construção coletiva onde está inserida a escola, um bairro que está em constante mudança, devido à chegada de outras comunidades rivais, ausência da participação da família no acompanhamento dos estudos do aluno (a escola realizou reuniões com as famílias, após ter sido feito uma pesquisa sobre o melhor horário e data, e mesmo assim a participação dos pais foi pequena), pobreza extrema, falta perspectiva profissional e intelectual, impossibilita a participação efetiva dos educandos no conselho escolar.
Já existe um trabalho de conscientização do aluno sobre a importância de participar do conselho de classe e demais atividades pertinentes à escola, pois os mesmos ainda não possuem maturidade suficiente. A proposta para um segundo momento é deixar a disposição dos alunos uma caixinha para sugestões, apontando os problemas da escola e possíveis soluções, que serão discutidas e analisadas por todos.
Queremos que mesmo ante a uma realidade diferenciada, os nossos alunos se formem cidadãos críticos, capazes de mudar a sua própria realidade. Entendemos que a formação continuada muito tem contribuído com a troca de ideias, informações, aproveitamento de experiências e reflexões futuras para a melhoria de nossas ações em sala de aula. É importante ressaltar que a cada ano a realidade escolar muda, e são necessárias novas adequações para o bom andamento do trabalho docente.
Diante da necessidade de uma reflexão acerca dos problemas apresentados no Colégio Estadual Ipê Roxo, pudemos constatar que um grande dilema do colégio é a drogadição, que acaba gerando outras questões como a da indisciplina, o baixo IDEB, o elevado número de alunos em sala de aula, de acordo com a Resolução 4527/11, e ainda a tecnologia indisponível nos colégios. Com estes problemas percebemos vários impactos negativos que se apresentam como a falta de assiduidade dos alunos, falta de vontade de estudar, falta de apoio da família, refletindo diretamente nos resultados finais, como o índice de reprovação e o baixo IDEB; ainda o afastamento da interação entre alunos e professores devido ao elevado número de alunos em sala. Também a escola não possui atrativos tecnológicos para manter a atenção dos alunos voltados à educação. Após constatar os problemas e os impactos negativos precisamos de ações para resolver os problemas e diminuir os impactos gerados, são estas ações: buscar apoio das famílias, e também da patrulha escolar para a gestão da drogadição; trabalhar o por que se deve ir para a escola para cientizar o aluno de que o estudo não é importante apenas financeiramente, mas também culturalmente, os alunos de nossa região por “trabalharem” com o contrabando e descaminho não percebem a necessidade cultural da educação, atendendo a formação humana na sua totalidade; abertura de mais salas para o atendimento de um número menor de alunos por turma (SEED) e, liberação de recursos para manutenção dos equipamentos eletrônicos para a conservação dos mesmos.
Inserir no PPP – Projeto Político Pedagógico da comunidade escolar que conterá os problemas e os impactos negativos e com o que é delimitado tanto pela Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases e Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio planejar as ações que serão desenvolvidas em sala respeitando o PPP, sendo planejadas no PTD – Plano de Trabalho Docente de cada professor para resolver os problemas apresentados no início do ano no momento do diagnóstico (PPP) realizado pela comunidade.
O conselho de classe de nossa escola não está, ainda, acontecendo a contento; contudo a equipe escolar, na última reunião colocou em pauta tal problema, e todos, numa coletividade decidiu, que deve-se regularizar as reuniões para o ano letivo de 2015. Nesse sentido, percebemos que o primeiro problema foi a regularidade das reuniões, para o ano letivo seguinte deveremos organizar os encontros; discutir os problemas gerais da escola e como isso está influenciando negativamente na relação ensino-aprendizagem dos educandos; proposta de acompanhamento mais efetivo da frequência dos educandos (essa atividade já vem sendo desenvolvida por projetos de professores da escola), entre outras questões.
Queixa são as insatisfações, na maioria das vezes, localizadas e que tem reflexo nas subjetividades dos envolvidos e que nem sempre tem relação com toda a comunidade escolar e que não traz prejuízo para esta mesma comunidade, geralmente tem relação com a contingência do cotidiano escolar, como conflitos localizados entre professores e alunos, desgastes profissionais, etc; já o problema é mais objetivo e mais fácil de identificar, uma vez que sempre tem relação direta com toda a comunidade escolar e que afeta o cotidiano geral da escola e toda a coletividade nela inserida, tais como: falta de infraestrutura adequada para o desenvolvimento das atividades escolares, indisciplina generalizada, tráfico de drogas e violência nas escolas, racismo institucional, desrespeito às diferenças, etc.
A falta de interesse generalizada da juventude por temas mais clássicos da sociedade, a alta conectividade mal aproveitada dos educandos, as drogas e a violência escolar e na juventude em geral, a busca de alternativas para a melhoria do ensino- aprendizagem e para a motivação dos educandos.
Mais empenho por parte dos docentes, planejamento frequente para evitar a rotina e a improvisação, planejamento por área de ensino e também por componente curricular, horário de atendimento para os educandos e para a realização de estudos por parte dos professores, etc.
A roda de diálogo entre os presentes no conselho, a troca de experiências e tentativa de soluções dos problemas a partir da narrativa de experiências dos professores mais experientes com os professores mais jovens, a atenção por parte da gestão para ouvir as opiniões dos docentes e da comunidade escolar, etc.
A existência de um calendário de reuniões trimestrais sem prejuízo dos dias letivos do calendário escolar, que estas sejam ordinárias e que elas não se centrem em queixumes em relação ao cotidiano escolar, mas que ela seja bem conduzida por profissionais competentes para que não caia na esparrela de só elencar problemas sem propor soluções, que as reuniões sejam exitosas no sentido de nos aclarar as soluções para o cotidiano escolar e consequentemente otimizar o processo de ensino-aprendizagem.
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