Com um empurrão do "New York Times", a semana passada foi cheia de polêmicas envolvendo o Facebook.
O debate girou em torno de uma questão importante: quantos dos seus amigos de fato têm acesso ao que você posta na rede social?
Essa é uma pergunta difícil de responder. Um estudo recente afirma que cada post é visualizado por apenas 30% dos seus amigos cadastrados (nyti.ms/WNUjqP).
Só que a situação fica ainda mais complicada. O Face introduziu recentemente a possibilidade do usuário patrocinar seus próprios posts.
Funciona assim: você paga cerca de R$ 13 e em troca o site amplia o alcance da sua publicação específica. Só que há muita gente reclamando.
Ao que parece, o Facebook está diminuindo o alcance dos posts para então cobrar para que eles sejam mostrados para quem já deveria ter acesso a eles.
O colunista Nick Bilton, do "New York Times", afirma que alcançava até 550 "likes" em suas publicações quando tinha 25 mil assinantes.
Mesmo depois de ter chegado a 400 mil, ele mal ultrapassava 30 "likes" por post. Ao pagar os R$ 13, ele viu o número subir novamente para 130, mas nunca voltar ao patamar original.
Isso mostra um desdobramento interessante nos modelos de negócio da rede. O Facebook está apostando que as pessoas querem pagar para serem ouvidas.
Faz sentido. O que não falta é gente falando e produzindo informação. A escassez é justamente de ouvidos e olhos para prestar atenção em tudo.
O Facebook está usando a carência universal por atenção para ganhar dinheiro. Na sua visão, viramos todos publicitários de nós mesmos.
Ronaldo Lemos é diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV e do Creative Commons no Brasil. É professor titular e coordenador da área de Propriedade Intelectual da Escola de Direito da FGV-RJ. Foi professor visitante da Universidade de Princeton. Mestre em direito por Harvard e doutor em direito pela USP, é autor de livros como "Tecnobrega: o Pará Reiventando o Negócio da Música" (Aeroplano). Escreve às segundas na versão impressa de "Ilustrada".