(Por Equipe Colégio Yvone Pimentel)
Conforme as DCNEM ’s (Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio), o Ensino Médio, em todas as suas formas de oferta e organização, baseia-se na formação integral do educando e nos princípios que fundamentam a proposta de formação integral, por sua vez, estão centradas no currículo integrado, na educação para autonomia, no desenvolvimento das potencialidades humanas, considerando as dimensões científica, tecnológica, humanística, política e estética do conhecimento, com vistas à emancipação do sujeito.
Entende-se que materializar uma proposta inovadora, como a que está posta, implica em identificar os desafios que permanecem para o Ensino Médio na realidade brasileira e, além disso, implica em encarar estes desafios como ponto de partida para a mudança. Fazem-se necessário compreender que a realidade social e educacional atual de nosso país requer o enfrentamento e a superação de contradições: entre o direito de educação a todos (crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos) e a negação da prática desses direitos; da ideologia que associa pobreza material à cultural; de recolocar-se o problema da escola pública em termos de direito de todos; de acesso ao conhecimento elaborado; recolocar a questão do trabalho como atividade de produção/apropriação de conhecimento e não apenas como mera operação mecânica e repensar a relação do trabalho como princípio educativo.
Nesta perspectiva, repensar o Ensino Médio implica em reconhecer as políticas públicas e a constituição histórica da implantação deste nível de escolarização no Brasil, bem como perceber que esses assumiram ao longo da história da educação no Brasil, um caráter excludente, para que se possa romper com a dicotomia da formação para o vestibular versus formação como instrumento para o mercado de trabalho. A partir desta percepção, amplia-se a possibilidade de se superar a divisão entre aquele que executa a ação e aquele que pensa, planeja, dirige a ação e que reconhece o Ensino Médio como efetivo direito de todos.
Entendemos que para se concretizar a universalização do Ensino Médio faz-se necessária uma mudança na postura do educador, que ao adotar como ferramenta de trabalho o diálogo, oportuniza “o exercício do ouvir”, um exercício permanente na prática docente.
Desta forma, o diálogo aliado ao conhecimento do perfil sócio econômico da comunidade escolar, bem como as histórias de vida, os sonhos e anseios dos educandos, devem ser o ponto de partida para se traçar estratégias e recursos necessários para a realização do plano de trabalho docente, um plano que atenda às especificidades presentes na realidade e, ao mesmo tempo, considere os conteúdos básicos que devem ser desenvolvidos tendo como foco a qualificação do processo ensino-aprendizagem.
Ainda é preciso que se oportunize ao educando um ambiente acolhedor e humanizador que promova a interação, no qual o educando possa ser visto na sua totalidade, em todas as suas dimensões (cognitiva, afetiva, social e cultural) e que esteja pautado em uma aprendizagem significativa, em um processo contínuo e dinâmico.
Refletir sobre o fortalecimento do Ensino Médio implica ainda em buscar mecanismos que permitam que o público alvo deste nível de ensino possa ter garantido o acesso bem como a permanência na escola, ou seja, deve ser encarado o desafio da repetência e da evasão. Neste sentido, não basta a mudança curricular, é necessário que se articulem políticas intersetoriais (educação, saúde, promoção de renda) a fim de se reduzir a evasão e ainda que se estruturem propostas curriculares que contemplem a flexibilidade de horários e ofertas de escolarização, tendo em vista o aluno trabalhador que tem disponível somente o período do Ensino Médio noturno.
Entendemos como um dos grandes desafios, a mobilização dos educandos para algo do qual a maioria sempre esteve excluída por duas razões: primeiro porque precisam trabalhar e segundo porque faltam condições de ensino cognitivas e afetivas para compreenderem a complexidade dos conteúdos curriculares.
Ainda é necessária a valorização dos profissionais da educação, a promoção de formação continuada e permanente, o fortalecimento da gestão escolar, a criação de mecanismos para a participação efetiva da comunidade nas tomadas de decisões. Cabe à gestão escolar criar estratégias capazes de fortalecer uma prática pedagógica multidisciplinar, oportunizando momentos coletivos para a socialização de experiências exitosas, envolvendo toda a comunidade escolar e promovendo a integração na busca pela superação do individualismo, ou seja, uma gestão escolar que se configure democrática e participativa. Esta demanda exige compromisso e responsabilidade de todos os envolvidos.
Equipe Colégio Yvone Pimentel: Bárbara, Brígida, Eliana, Inês, Izabel, Jailson, John, Juraci, Letícia, Lucilaine, Milena, Roselin, Salete, Silvana, Vainey, Valdeci. Coordenadora de estudos: Maria Olívia Ferreira.