ENSINO MÉDIO EM FOCO: REFLEXÕES E APERFEIÇOAMENTO DAS PRÁTICAS DOCENTES NA QUALIDADE DA FORMAÇÃO DISCENTE.
ENSINO MÉDIO EM FOCO: REFLEXÕES E APERFEIÇOAMENTO DAS PRÁTICAS DOCENTES NA QUALIDADE DA FORMAÇÃO DISCENTE.
Elizandra Pitt1, Elisabete de Oliveira2, Poliana Travaglia3, Cristiane Oliveira da Luz4, Angela Taborda Ribas5, Solange Maria Batista6, João Batista Leandro6, Ivanildo Cardoso da Silveira5, Maikon Paulo Tavares7, Rose Mari Leão Lagos8, Silvia Cristina de Lima Heusi9, Thays Kos10, Yann Lucca Guilherme Lopes3, Rosália Aparecida da Silva11, Luciano Kaminski Larsen8 e12.
1.Professora de Biologia; 2.Professora de Língua Portuguesa; 3. Professor(a) de Filosofia; 4.Professora de Espanhol; 5.Professor(a) de Matemática; 6.Professor(a) de Educação Física; 7.Professor de Física; 8.Professor(a) de História; 9. Professora de Geografia; 10.Professora de Química; 11.Pedagoga; 12. Orientador.
Colégio Estadual Flávio Ferreira da Luz - E.F.M
1.INTRODUÇÃO
Conquistas, acúmulo de riquezas, surgimento e sacrifício de civilizações e expansões territoriais ocorreram paralelamente à incorporação de valores morais e éticos reproduzidos e remodelados ao longo do tempo. Neste contexto, a ciência e a tecnologia desenvolvidas e produzidas historicamente permitiram a transformação da sociedade, embasadas em adaptações às novas formas de vida e, principalmente, de trabalho, guiadas pela necessidade de um modelo econômico de uma sociedade capitalista.
O processo de aquisição de conhecimento foi definido por um modelo de ensino que priorizava a qualificação da força de trabalho: na sua construção do saber, o trabalhador dependia da educação básica. O trabalho passa a ser visto não apenas como mão-de-obra, mas a partir do século XX, incluindo também as ações intelectuais através da incorporação de tecnologias de informação e comunicação no setor econômico.
Assim, o conhecimento deve atender às exigências de um mercado competitivo no qual o indivíduo sobrevive se aprender a assimilar o conhecimento produzido pela humanidade, adaptando-se à era da informação. Por conseguinte, é necessário abrir os horizontes do saber a fim de permitir condutas críticas a partir do conhecimento universalizado e através dos preconceitos humanizados.
2. ACESSO, PERMANÊNCIA E DESINTERESSE DISCENTE
O acesso e permanência dos alunos no espaço escolar atual confrontam com o que Teruya (2006) define como uma sociedade onde o trabalho exerce grande poder na vida cotidiana, de modo que o indivíduo que não vende sua força de trabalho deve ser excluído da chamada ‘sociedade de consumo’. Desta forma, os alunos têm acesso à educação ou direito à matrícula escolar, mas sua permanência é comprometida pela necessidade de trabalho, apresentada cada vez mais cedo, em todos os anos do Ensino Médio.
Além disso, o modelo educacional ao qual os alunos são apresentados, e dispõem atualmente, não lhes é atrativo tanto pela concorrência desigual e desleal oferecida pelas mídias eletrônicas e pelo apelo ao entretenimento (FRIGOTTO, 1998) quanto pela visão de que as disciplinas e suas matrizes curriculares não contribuem para o trabalho. Soluções pontuais e imediatas poderiam vir com o cumprimento de leis quanto a escolha livre da L.E.M. e da disciplina de Música (incorporada na disciplina de Arte) como atrativo à permanência.
O comportamento distante e desinteressado pode desestimular o educador, o qual, por vezes não possui qualificação suficiente, decorrente dos poucos quesitos de exigência para entrada em faculdades particulares e até mesmo da qualidade de ensino oferecida pelas instituições. Pode se tratar de um círculo vicioso, mas o interesse pela disciplina e seus conteúdos é diretamente associada a atitude docente: a metodologia, o estímulo, o diálogo e a paciência durante o processo de ensino-aprendizagem.
É necessário redesenhar o currículo escolar de acordo com as diretrizes que estabeleça diálogo com os anseios da juventude a fim de que esses sujeitos sejam capazes de viver na sociedade atual como cidadãos livres, dotados de conhecimento e capacitados para o futuro que escolherem para suas vidas e na prática do que aprenderam. Para isso, também é necessária mudança de postura docente diante das propostas, e comprometimento com a qualidade do ensino.
O E.M. tem sido uma etapa desigual do ensino, no que tange o aspecto socioeconômico, pois a preparação que é ofertada aos alunos não é igualitária quando comparados os grupos de ensino particular, profissional, integral e estadual. Reflexões a respeito de questões que garantam a continuidade dos estudos foram levantadas nas discussões e relatos de práticas docentes.
A formação dos alunos é desigual, por vezes, dentro da própria instituição de ensino devido à diversificação docente, suas formações e distintas concepções de Educação, associada à cultura que os alunos trazem em sua formação pessoal, adquirida no âmbito familiar.
Parte dos discentes traz consigo a concepção de que não precisa da formação superior ou técnica, e busca com a matrícula escolar, muitas vezes, a garantia dos benefícios do Governo Federal ou dos estágios remunerados, considerando a comunidade onde eles vivem e a necessidade de associarem trabalho e estudo.
3. ESTUDO X TRABALHO
Os aspectos social, cultural e econômico são importantes para a compreensão do perfil dos alunos, aos quais são dedicadas horas de trabalho docente diário e investido o conhecimento de um professor que estudou os conteúdos teóricos necessários em sua disciplina, mas que em sua prática docente se vê desmotivado ou despreparado frente à reação e ao desinteresse dos alunos.
Esses sujeitos, muitas vezes, fazem parte de uma geração desestruturada familiarmente, em que a necessidade financeira os obriga a trabalharem, não no momento que escolherem, mas quando precisarem, e não no emprego que desejarem, mas para o qual são considerados aptos dentre aqueles que não exigem muita qualificação.
4. A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DOCENTE EM CINCO DESAFIOS
Apesar de o E.M. ser um direito social, o trabalho e sua remuneração têm prioridade na visão do aluno. A partir do respeito às especificidades dos grupos que fazem parte da nossa comunidade escolar, o desafio encontrado em um primeiro momento é o perfil dos alunos e a indiferença que traduzem em relação à continuidade dos estudos.
Assim, ações precisam ser feitas não só no E.M., quando o adolescente pode ter desenvolvido uma perspectiva pessimista e descrente em relação a um futuro que nem sabe se existirá, mas também o trabalho docente deve contemplar mudanças desde o E.F., a fim de formar o aluno motivado, crente em seu potencial, questionador e habituado a desenvolver um pensamento crítico e não apenas reproduzir informações recebidas, mas capaz de transformá-la em conhecimento, para tudo que realizar em sua vida.
Dentre as alternativas propostas, é necessário orientar o aluno e instigá-lo a desenvolver pesquisas de trabalhos científicos, demonstrando as normas técnicas, além de promover uma melhora na prática da leitura. O colégio dispõe de um projeto de leitura previsto em calendário, o qual resultou em ganhos a longo prazo, e atrelado à orientação para pesquisas, espera que surta efeitos de melhoria na formação dos alunos.
A leitura é a prática que garante embasamento em todas as disciplinas do currículo escolar, pois permite um resgate do pensamento, autodisciplina intelectual e autonomia moral do educando, ao passo que reflete também na vida pessoal e profissional do aluno.
Em segundo momento, foi verificada a rejeição de alguns docentes em aderir a novas metodologias e práticas como desafio na implementação de novas estratégias na atuação profissional em sua competência técnica e compromisso ético.
Associado a isso, um terceiro desafio encontrado é a quantidade de alunos em turmas do turno matutino, fator que contribui para da redução a qualidade do ensino e do atendimento aos alunos a fim de respeitar suas especificidades e individualidades.
O quarto e o quinto desafios são reflexos da realidade dos alunos na comunidade escolar: muitos que precisam frequentar o ensino no período noturno porém tendem à evasão também por medo, pela falta de segurança, excesso de violência. E ainda resistência apresentada por parte da família em participar de reuniões de pais, comparecer na entrega de boletins ou quando é solicitada sua presença, a fim de acompanhar o aluno em seu desempenho escolar quanto ao ensino aprendizagem e comportamental.
5. AÇÕES PEDAGÓGICAS
- Aprimorar o projeto de leitura a fim de garantir a formação do aluno como leitor e questionador da realidade onde está inserido;
- Desenvolver práticas docentes do E.F., habituando o aluno a gostar de estudar e fazendo ele perceber que pode ser capaz de transformar as informações recebidas em conhecimento;
- Adequar a matriz curricular das disciplinas, sem suprimir os conteúdos, garantindo qualidade e respeitando a especificidade do aluno;
- Promover a interdisciplinaridade, por meio do projeto de leitura, como embasamento de práticas futuras.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FRIGOTTO, G. (Org.) Educação e crise do trabalho: perspectivas de final de século. 2.ed, Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.
TERUYA, T.K. Trabalho e educação na era midiática: um estudo sobre o mundo do trabalho na era da mídia e seus reflexos na educação. Maringá, PR: Eduem, 2006. 122p.
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