Ensino Médio e Desafios Contemporâneos

Colégio Estadual Profª Etelvina Cordeiro Ribas – EFM - Curitiba – Paraná
Formadora Regional: Profª Danyelle Reinhold
Orientadora de estudo: Profª Karin Geovana E. Valentini
Professores cursistas: Adilson Kreitler; Alaide M. Essenfelder; Cleudinéia C. Leite; Daiane Albuquerque; Eliane P. da Silva; Faivra Dorne; Iara C. Perini; Ivone F. Serafim; Juan C. de B. Costa;  Kátia R. Pereira; Maria S. Gonçalves; Marilda F. C. da Silveira; Miguel F. da Cunha; Orléia T. Rossatto; Reginaldo F. Domingos; Roseli M. Fonseca; Sandro R. de A. Silva; Vanessa P. Vieira.
Ensino Médio e Desafios Contemporâneos – Caderno I

Nos meses de julho e agosto, reuniram-se nas dependências do Colégio Estadual Profª Etelvina Cordeiro Ribas, os professores que participam da formação continuada do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio.
Acompanhando a história do processo de formação e implementação do Ensino Médio no Brasil, através da leitura do Caderno I, é possível perceber uma nítida evolução nos conceitos e objetivos propostos nessa modalidade específica de ensino. A tentativa de universalizar o ensino avançou muito, saindo de uma concepção mais tecnicista para uma formação mais completa do indivíduo. Porém, ainda há alguns pontos a serem trabalhados para que possamos de fato construir uma educação que forme alunos mais cidadãos.
Um dos primeiros pontos que devem ser trabalhados é a concepção ainda presente nas salas de aula de que o Ensino Médio é uma mera preparação para o vestibular. Isto é notório ao observarmos os livros didáticos. As atividades estão voltadas quase que exclusivamente para o vestibular e Enem. Não que isso seja um problema em si, afinal parte do alunado realmente tem interesse em ingressar no Ensino Superior, mas acaba orientando o planejamento do professor quase que exclusivamente para esse fim.
Uma das consequências dessa forma de trabalhar é que o aluno que não tem pretensões de continuar seus estudos em uma faculdade se sente excluído em sala, desestimulado a levar a sério sua formação. Ora, esse tipo de reação é justamente oposta aos objetivos do Ensino Médio, que seriam o de dar uma formação mais completa ao aluno, transformando-o em um ser crítico e consciente de seu papel dentro da sociedade para que assim, torne-se um indivíduo incluso e ativo em seu meio.
Os objetivos do professor devem ser de fornecer uma formação mais completa que permita incluir todos em sala e que também de condições àqueles que querem ingressar em uma faculdade. Essa formação deve utilizar elementos da realidade do aluno para que ele se sinta confortável e motivado a aprender e assim estar melhor preparado como um todo e não somente para sua vida profissional.
Um segundo ponto a ser trabalhado nesse longo processo de melhoria do Ensino Médio no Brasil é a questão da oferta de vagas. O Ensino Fundamental I, garantido constitucionalmente pelos municípios, possui muitas vagas. No Ensino Médio, o número de turmas é bem menor. Não entrando muito nos méritos dos problemas enfrentados pelos alunos, que os distanciam da escola, o próprio sistema da conta de filtrar. O número de alunos que iniciam sua vida escolar é infinitamente maior do que daqueles que ingressam no Ensino Médio.
Esses dados nos fazem pensar nas causas desse abandono, num modo geral. A escola não esta satisfazendo as expectativas desse alunado, que acaba desestimulado a concluí-lo. É como se a escola estivesse à margem da sociedade. Devemos, como educadores, tornar esse espaço escolar efetivamente interessante ao aluno e assim mostrar a ele que a educação formal é algo que esta naturalmente incluída em sua formação como indivíduo.
Para isso, a Educação não deve somente se preocupar com fatores quantitativos, mas principalmente com os qualitativos. Talvez num primeiro momento fosse necessário procurar saber que escola o aluno realmente quer. Afinal, se queremos formar cidadãos mais participativos devemos dar a ele a chance de discutir e participar desse debate sobre a melhoria da educação no Brasil já que ele, como aluno é o principal ator desse debate.
O primeiro passo nesse sentido é procurar identificar e entender nosso alunado. Reconhecer nele quais são suas expectativas em relação ao futuro, suas ansiedades e projetos de vida e como a escola se insere dentro desse contexto. A partir daí, deve-se criar políticas que assegurem a sua participação na construção dessa nova escola.
Ao investigarmos o perfil geral do aluno que frequenta o colégio onde atuo regularmente é necessário fazer uma breve análise do entorno da escola. Ela está geograficamente instalada na Região Sul da cidade, mais à periferia. Uma característica dessa região é a densa ocupação populacional. Ela fica próxima a um dos bairros que mais cresceram populacionalmente nas últimas décadas, o Sítio Cercado.
Este crescimento populacional acelerado e desordenado juntamente com o fenômeno da crescente violência presente no cotidiano e o abandono da região por parte das autoridades governamentais, transformou a região em um lugar com inúmeros problemas. Nossos alunos, oriundos, em geral, de famílias carentes e desestruturadas são carentes em vários níveis. Vivem diariamente em contato com a violência e a criminalidade e não têm muitas opções de lazer no bairro.
A escola para eles é uma espécie de lugar para encontrar os colegas. Quanto aos estudos, eles não têm muita consciência do que estão fazendo na escolas e o que pretendem fazer depois da que encerrarem seus estudos ali. Eles parecem estar mais interessados em desenvolver seus círculos de amizade, suas redes sociais dentro do grupo. As famílias, em geral, não acompanham a vida escolar de seus filhos.
Eles chegam ao Ensino Médio despreparados e ainda sem saber direito o que querem fazem futuramente. Ainda não há uma consciência. Há dúvidas sobre o verdadeiro motivo de estarem ali.
Resta aos professores mais comprometidos com os resultados até mesmo extraclasse de seus alunos, buscar meios para tornar o processo de aprendizagem mais interessante, algo o mais próximo possível da realidade dele. O professor se depara com situações dentro da escola que exigem criatividade para resolvê-las. Devemos focar essa criatividade nele e perceber que nossos futuros estão intrinsecamente ligados e se queremos um país melhor devemos depositar nossas esperanças nesses jovens e instrumentalizá-los  o melhor possível para os desafios que eles enfrentarão mais adiante.