A EDUCAÇÃO BRASILEIRA E A SUA RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA
A EDUCAÇÃO BRASILEIRA E A SUA RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA
Levantem dados que permitam conhecer aspectos que vocês julguem importantes do perfil social, cultural e econômico dos sujeitos matriculados no Ensino Médio de sua escola.
O COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR NARCISO MENDES
O referido colégio está localizado à Rua Narciso Mendes, 283 no bairro do Xaxim em Curitiba, PR, sendo mantido pelo Governo do Estado do Paraná e administrado pela Secretaria de Estado da Educação nos termos da legislação em vigor e regida por este Regimento Escolar. O Estabelecimento de Ensino tem por finalidade ministrar a educação básica nas etapas do ensino fundamental e ensino médio, observadas a legislação e as normas especificamente aplicáveis.
Atualmente a escola atende uma demanda de aproximadamente 870 alunos, os quais estão distribuídos entre as séries iniciais do Ensino Fundamental regular, ensino médio e Educação de Jovens e Adultos.
A escola tem uma estrutura que comporta a demanda de alunos da comunidade, e tem suas atividades distribuídas nos turnos matutino (ensino médio regular), vespertino (ensino fundamental) e noturno para os alunos das séries dos ensinos fundamentais e médio para os alunos da EJA.
A EJA ENSINO MÉDIO NO COLÉGIO NARCISO MENDES
A Educação de Jovens e Adultos no Colégio Professor Narciso Mendes, apresenta um histórico recente, que data de 2013. No período entre 06/02/2013 a 17/07/2014, houve a matrícula de 63 alunos na EJA Ensino Médio, no período noturno. Com base nos dados fornecidos pela secretaria do colégio, o número de alunos com matricula ativa na EJA ensino médio noturno mantém-se até o presente momento (29/07/2014) com 63 alunos.
Perfil dos alunos
Ao analisar o perfil dos alunos, percebeu-se que a maioria (35 alunos), são mulheres com até 35 anos, o que representa 55,5%. Os outros 28 alunos (44,5%) são homens com idade inferior a 40 anos. Nesse sentido, observa-se que a maioria dos discentes são adultos dos quais encontram-se novamente num processo de escolarização e retomada dos estudos.
Estes dados demonstram que a Educação de Jovens e Adultos no colégio Narciso Mendes, apresenta-se como um espaço sem distinção de gênero. Desse modo, pode-se considerar também, que as mulheres estão ultrapassando a barreira cultural, que revela que a EJA é um espaço predominantemente feminino.
Essa realidade do sistema educacional do colégio Professor Narciso Mendes, mostra o retorno dos jovens e adultos à escola, sobretudo, no sentido de superar as próprias limitações advindas da evasão. Embora haja muitos limites e dificuldades no retorno a escola, os alunos relatam, que o objetivo é recuperar o tempo perdido e atingir uma trajetória escolar bem-sucedida.
Para vários alunos, além de todas as atividades e obrigações familiares, 25 são casados, o que representa 39,68%. E por outro lado, 34 são solteiros, o que representa 53,96%. O total de viúvos são 4 ou 6,34%. Do total de casados e solteiros, 15 alunos tem filhos, o que representa 23,80% dos alunos, além disso, encontram tempo para estudar e desenvolver suas atividades educacionais.
Todos os 63 alunos (100%) que participaram da pesquisa são trabalhadores: há pedreiros, pintores, ajudante de pintor, empacotador, metalúrgico, serventes de pedreiro, mecânico, cozinheira e empregadas domésticas. Outro dado também importante, diz respeito ao fato de que, 50 alunos ou 73,96% trabalham com carteira assinada e 13 alunos ou 20,63% trabalham de maneira informal.
Observa-se, que, quando o jovem ou adulto retorna à escola, ele passa a acreditara na possibilidade de mudança de vida, pois a educação em seu caráter social apresenta-se como oportunidade para a superação dos problemas concretos da vida.
O retorno aos estudos permite uma nova percepção da realidade, sobretudo, através de uma formação que propicia a construção de um aluno mais critico da sociedade em que vive. Além disso, observou-se durante a entrevista com os alunos, a consciência da importância de uma formação que possibilite uma ascensão social e profissional. Muitos dos discentes retrataram, que a volta aos estudos, refletiu significativamente na melhoria da sua auto imagem e da auto estima.
Além de um trabalho formal, todos os discentes almejam ter boas condições de saúde, um salário justo, uma boa escola e condições básicas para sobrevivência como uma boa moradia. Nesse sentido, percebeu-se que 33 alunos moram em casa própria, o que representa 52,38%, outros 30 moram de aluguel, o que representa 49,5. Em relação ao estado civil dos discentes, 60% são casados e 47,61% encontram-se solteiros.
Em relação a renda familiar mensal 57 dos alunos ou 90,47% deles tem uma renda familiar de até 2 salários mínimos, os outros 6 alunos ou 9,52% tem uma renda de até 1 salário mínimo.
Em relação a formação anterior destes alunos, os 63 alunos já haviam frequentado a escola em algum momento em suas vidas, o que representa 100%.
Dentre os alunos que participaram da pesquisa 48 ou 76,19% disseram que há mais de três anos não estudavam, fator que desencadeia muitas dificuldades nesse retorno. Os outros 15 alunos, 23,80% estavam fora da escola há menos de 3 anos.
Diversos motivos oportunizaram o abandono da escola: os problemas econômicos que forçaram essas pessoas, ainda crianças ou adolescentes, a trabalharem.
Apesar de todas as dificuldades enfrentadas por estes discentes para voltar à escola e prosseguir com os estudos, a maioria deles desejam continuar seus estudos após concluir esta etapa da EJA, que corresponde ao ensino superior. E muitos outros pretendem ingressar nos cursos profissionalizantes.
Dentre os alunos, 52,38% (33 alunos) buscaram a EJA como possibilidade de aquisição de novos conhecimentos, uma ascensão profissional e pessoal. Outros 47,61% (30 alunos) voltaram a estudar por uma exigência profissional.
É fato que a EJA surge como uma possibilidade para que muitos alunos que hoje estão nela inseridos alcancem novos objetivos e tenham outras perspectivas de futuro, sobretudo, na vida profissional, familiar e social como um todo.
QUESTIONÁRIO APLICADO
COLÉGIO PROFESSOR NARCISO MENDES – EJA NOTURNO-ENS. MÉDIO
Ficha de Cadastro Socioeconômico
Dados do Entrevistado;
1. Nome:
2. Idade:
3. Mora no bairro do colégio? Sim ( ) ou não ( )
4. Sexo; Feminino ( ) ou Masculino ( )
Condição de ocupação;
1. alugada ( )
2. própria ( )
3. cedida ( )
4. sub-alugada ( )
Se proprietário
É o único proprietário?; sim ( ) ou não ( )
Quantos são?
Possui outro imóvel?; sim ( ) ou não ( )
Quantos?
Qualificação do Titular
1. Profissão________________________________________________________
2. Estado Civil
i. Solteiro ( )
ii. Casado ( ). Tem certidão?; sim ou não.
iii. Divorciado ( ) Foi averbado?; sim ou não
iv. Viúvo ( )
v. Outros ( )
Cadastro Sócio-Econômico
Renda
1. Trabalha? Sim ( ) ou não ( ); formal ( ) ou informal ( )
2. Faz o quê?___________________________________________________________
3. Qual a sua renda?
ii. Até 1 salário mínimo ( )
iii. De 1 a 2 salários mínimos ( )
iv. De 2 a 3 salários mínimos ( )
v. De 3 a 4 salários mínimos ( )
vi. De 4 a 5 salários mínimos ( )
vii. Mais de 5 salários mínimos ( )
Há quantos anos você não estudava?
Porque você voltou a estudar?
• Exigência Profissional ( )
• Aquisição de novos conhecimentos ( )
• Outros motivos ( ). Especificar:______________________________________
Muito obrigado!
Reflexão e ação:
Quais são os principais princípios e fundamentos que constituem a proposta de formação integral? Discorra sobre à questão.
Para falar da proposta de formação integral, faz-se necessário em primeiro lugar olhar os fenômenos da educação a partir do seu processo de produção, em especial a questão do ensino médio no Brasil. Isto exige de nós uma reflexão epistemológica – ontológica como categoria do ser social no nível concreto da realidade objetiva e no nível gnosiológico da abstração conceitual. Discorrer sobre a ontologia do “ser social” é entender o existir do ser humano na sua relação com o mundo e a sociedade que o constitui.
Quando nos debruçamos sobre o tema educação em nível de senso comum ou dentro de um contexto histórico, se exige pensar a natureza humana nas suas relações sociais. A partir das leituras de Frigotto, Ciavatta, Ramos, entre outros, como orienta a Etapa I, Caderno I do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, na ideia de formação integral não há como pensar o homem humanizado fora de sua relação com valores educacionais, sociais e culturais e nem da existência da educação sem o homem. Dentro dessa ideia de humanização no nível ontológico não há como neutralizar a presença do homem. Os homens se humanizam uns aos outros.
Ao nascer somos humanos, mas não somos livres e nem conscientes para tomarmos decisões, pois ainda não estamos prontos, corpórea, psíquico e culturalmente para isso. Nesse sentido, continuaremos sendo humanos, mas só passaremos a condição de humanizados por meio das relações e no contato com outros seres humanos que tiveram a sua primeira natureza humana modificada historicamente através da linguagem, cultura, trabalho e das relações sociais.
Caso não tenhamos acesso no início e no decorrer da nossa existência ao convívio direto com a linguagem, a tradição cultural e social, não deixaremos de ser humanos, no entanto, não nos apropriaremos daquilo que determina a existência da vida humana/humanizada, a linguagem, a cultura, a educação e o modo de produção material e imaterial que representa a nossa forma de ser e viver no mundo. Portanto, educar numa perspectiva humana integral, é formar, construir, libertar o homem através da apropriação do conhecimento para que tenha condições de agir com justiça na criação das leis sociais, éticas, políticas, econômicas, na busca do bem comum na vida em sociedade. Em síntese, é formar o ser humano numa perspectiva de totalidade.
Qual o significado de cada elemento que constitui a proposta de formação integral?
Nesse sentido, os princípios e fundamentos que constituem a proposta de formação integral para o ensino médio brasileiro, parte da ideia de formação omnilateral, integral ou técnico de todos, cuja responsabilidade cabe ao estado. Nessa perspectiva, As Novas Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio (DCNEM), no artigo 5º da Resolução CNE/CEB nº 02/2012 parte de quatro dimensões:
I – formação integral do estudante;
II – trabalho e pesquisa como princípios educativos e pedagógicos.
a) O trabalho é conceituado na sua perspectiva ontológica de transformação da natureza, como realização inerente ao ser humano e com mediação no processo e transformação da natureza e da sociedade.
b) A ciência é conceituada como o conjunto de conhecimentos sistematizados, produzidos socialmente ao longo da história, na busca da compreensão e transformação da natureza e da sociedade.
c) A tecnologia é conceituada como transformação da ciência em força produtiva ou mediação do conhecimento científico e a produção, marcada, desde sua origem, pelas relações sociais que a levaram a ser produzidas.
d) A cultura é conceituada como processo de produção de expressões materiais, símbolos, representações e significados equivalentes a valores éticos, políticos e estéticos que orientam as normas de conduta de uma sociedade.
Como materializar cada uma dessas propostas na escola?
Dentre essas quatro dimensões, é através do trabalho que o homem ultrapassa a necessidade primeira de sobrevivência e avança na constituição de processos mais complexos por meio da interação entre os indivíduos em sociedade. São as necessidades sociais que vão determinar a forma da produção na divisão do trabalho.
O ponto de partida para a materialização dessas propostas, parte necessariamente, de uma reflexão crítica da realidade, no sentido de entender as contradições existentes na sociedade capitalista e periférica como a do Brasil e do resto do mundo. Essa leitura, parte necessariamente, pelas reflexões e demonstrações dos escritos de Karl Marx e Friedrich Engels (Século XIX), que discutiram a possibilidade da formação humana integral ou omnilateral (educação intelectual, física e tecnológica), que no mesmo plano político, também foi trabalhada na Itália por Antonio Gramsci (Século XX), com o conceito escola unitária, tendo em vista, que cada desses autores no tempo em que viveram, em uma sociedade capitalista, concluíram, que possibilidade futura de materializar essas propostas, pode ocorrer quando a classe trabalhadora conquistar o poder político na sociedade. Nesse sentido, Dante Henrique Moura, afirma:
Finalmente, em meio a essas disputas e contradições, para que se avance na direção de materializar a concepção de formação humana integral, é fundamental compreender que a história dualidade estrutural na esfera educacional não é fruto da escola, mas da sociedade dual/cindida em que se vive, por imposição do modo de produção capitalista. Isso exige que a escola se estruture de forma dual no sentido de fortalecer o modo de produção do capital que se baseia na valorização diferenciada do trabalho intelectual e do trabalho manual. Portanto,, romper essa dualidade estrutural da educação escolar completamente não depende apenas do sistema educacional, mas, antes, da transformação do modo de produção vigente (MOURA, 2013, p.11. Disponível em: HTTP://www.scielo.br/scielo.php. Título do artigo: Ensino médio integrado: subsunção aos interesses do capital ou travessia para a formação humana integral?
Nesse sentido, cabe a sociedade civil e política lutar por mudanças significativas no processo de formação da educação humana integral. Sobretudo, porque, talvez, o modo de superação produtivo do capital, só possa ser repensando a partir da apropriação das contradições existentes no cerne do próprio capital. Isto é, a superação do sistema capitalista desumano, passa necessariamente, por um novo modelo de educação.
Reflexão e ação:
Como chegar à universalização do ensino médio?
A universalização do ensino médio, passa necessariamente pela universalização do ensino fundamental, embora, essa não seja uma condição que garanta a universalização do ensino médio. Dados do INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, mostra que no Brasil, quase 100% da população das crianças com 7 anos estão na escola. Entretanto, essa realidade não assegurou à universalização do ensino médio.
Cada escola possui uma realidade diferente, e a universalização deve ser de acordo com o perfil de cada escola, contando com o repasse financeiro da instituição.
Nossa sociedade é capitalista e nossos jovens precisam trabalhar e estudar, visando a aprendizagem do educando, os professores devem ser capacitados para lidar com esta realidade. Além disso, é necessário uma ampliação do número de escolas voltadas para a capacitação dos alunos do ensino médio, com espaços alternativos como, quadras, laboratórios de ciências e informáticas dentre outros. O trabalho em equipe é primordial para o desenvolvimento profissional dos nossos educandos.
EQUIPE COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR NARCISO MENDES-EFM.
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