EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL DE FORMA ARTICULADA ENTRE OS COMPONENTES CURRICULARES
EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL DE FORMA ARTICULADA ENTRE OS COMPONENTES CURRICULARES
Profª. Ana Clara Bruschi
Profª. Kátia Regina Dalri Abdala
Profª. Luciana M. Bellanda Mello
Prof°. Nelson da Silva Aguiar
Prof°. Robinson de Souza Rodrigues
Profª. Tania A Lopes
A Educação Alimentar e Nutricional tornou-se tema recorrente no Brasil a partir dos anos 90, passando a integrar propostas de políticas públicas na área de saúde e da educação. Nos últimos anos, por recomendação de organizações nacionais e internacionais, as políticas públicas em educação e saúde têm dado ênfase a estratégias visando á promoção de Saúde. Um dos itens considerados primordiais é a garantia de uma alimentação saudável.
Os hábitos alimentares constituem um aspecto cultural complexo e dinâmico, que se perpetua por permanências e mudanças. Nesse sentido, devem ser transmitidos e ensinados para que sejam aprendidos e apropriados. Daí podem emergir elementos novos, que, se incorporados e assimilados pelo grupo social, promovem avanços de forma paulatina (MORIN, 2005b).
A complexidade alimentar admite pelo menos duas dimensões interconectadas: uma que se estende do biológico ao cultural, que comportaria as funções nutricional e simbólica; outra que se projeta do individual para o coletivo, abrangendo o psicológico e o social (FISCHLER, 1995).
As preferências e aversões alimentares são geridas por fatores que vão do efeito sensorial individual à informação e ao consenso estabelecido pelo grupo social. A influência da pressão social, mediante a exposição constante do alimento, estimularia o gosto e o oferecimento do alimento em um contexto social positivo, o tornaria valorizado e respeitado pelos outros. (ROZIN, 2002).
O valor e o significado que são atribuídos a um determinado alimento estão mais relacionados a um sistema de significações produzido socialmente do que ao seu valor real. Nesse caso, importa mais o seu significado do que o alimento em si.
Sabemos que é consenso, a importância da Educação Alimentar e Nutricional para a promoção da saúde por meio da formação de hábitos alimentares saudáveis, assim como a escolha do ambiente escolar privilegiado para esse fim, a presença do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é uma importante aliada para a construção de estratégias que visam à promoção da saúde na escola. Em sua formulação, o PNAE tem como atribuições o atendimento de necessidades nutricionais dos alunos durante sua permanência na escola e a promoção da formação de hábitos alimentares saudáveis (BRASIL, 2009). É possível identificar avanços desde a implantação do PNAE quanto à descentralização no repasse de verba para a aquisição de alimentos e na elaboração do cardápio.
Atribuindo-se à escola o papel de educar para práticas alimentares saudáveis, caberia ao nutricionista integrar e mobilizar a comunidade escolar por meio de ações vinculadas ao PAE (Programa de Alimentação Escolar). Nesse caso, o nutricionista teria que estar apto a desempenhar o papel de articulador de ações educativas, convocando outros colaboradores para o desenvolvimento de projetos, como: coordenação, supervisão e execução de programas de educação permanente em alimentação e nutrição, e articulação com a direção e coordenação pedagógica da escola para o planejamento de atividades com esse conteúdo.
A contribuição da experiência de professores de Ciências pode ser de grande valia na identificação das correlações entre alimentação, conteúdos curriculares e realidade local, como também no domínio de estratégias facilitadoras do processo ensino-aprendizagem.
Neste contexto, ganha destaque a figura do profissional de nutrição (COSTA et al, 2001), que já atua como responsável técnico pelo programa e pode vir a se tornar legalmente o responsável pedagógico por ações relacionadas à Educação Alimentar e Nutricional, conforme projeto em tramitação no Congresso Nacional. Considerando o reconhecimento da importância de ações educativas nessa argumentação, pretende-se evidenciar as abordagens pedagógicas relacionadas à educação alimentar e nutricional para os/nos espaços formais de educação básica no Brasil.
O PNAE, desde sua implantação, em 1955, vem sofrendo reformulações no que diz respeito à promoção e formação de hábitos alimentares saudáveis. Embora preveja, atualmente, a aplicação da educação alimentar e nutricional no processo de ensino e aprendizagem e a promoção da alimentação saudável nas escolas com ações educativas transversais, ainda é censurado por priorizar o seu aspecto assistencialista. Faz-se necessário o investimento em ações educativas multiprofissionais em nutrição, visando à promoção da saúde na comunidade escolar de modo que o PAE se constitua em espaço de aprendizagem e de produção de conhecimento (COSTA et al , 2001).
A partir das leituras e reflexões realizadas pelo grupo podemos desenvolver uma seleção de conteúdos que poderiam ter como tema gerador “A Educação Alimentar e Nutricional de forma articulada entre os componentes curriculares”.
No primeiro momento a intervenção do professor, instigando a curiosidade sobre o tema e proporcionando desafios a esta problematização. Levando o educando a busca de conceitos e teorias para estruturação e seleção dos conteúdos, onde poderiam relacionar a interdisciplinaridade destes conhecimentos.
Com a definição do tema Educação Alimentar e Nutricional os conhecimentos específicos de cada área poderia ser trabalhados dentro das seguintes normatizações:
À disciplina de Matemática na resolução de cálculos do IMC, pesos, medidas, calorias, tabelas de classificação de alimentos e gráficos comparativos funcionais.
À disciplina de Português as leituras de artigos relacionados, a produção de textos e receitas e a observação de erros encontrados em letreiros, faixas, cartazes, relacionados á alimentação e nutrição.
À disciplina de Biologia os benefícios de cada alimento, valor nutricional, sua classificação dentro da pirâmide alimentar, alimentos orgânicos, forma de cultivo dos alimentos, prazo de validade de cada grupo alimentar e ação de decompositores.
À disciplina de História a abordagem da origem dos alimentos e os povos que desenvolveram tradições com os mesmos.
À disciplina de Geografia os locais de cultivo, melhores regiões de plantio, clima, solo, níveis de exportação e importação.
À disciplina de Inglês a elaboração de receitas culinárias e textos sobre alimentação e cultura alimentar de diferentes países.
À disciplina de Artes a elaboração e execução de pratos saudáveis e reaproveitamento de alimentos.
À disciplina de Educação Física o trabalho de desenvolvimento corporal, mensuração de valores físicos, alimentos importantes para uma vida saudável.
À disciplina de Química sua composição química, seu valor nutricional, seu valor energético, suas propriedades físicas e químicas, quais são seus efeitos no organismo, verificar se estes alimentos estão contaminados com elementos tóxicos (arsênio, mercúrio, chumbo, etc.), se contém aditivos, e qualquer outra substância que pode alterar a qualidade do alimento, controle de qualidade dos alimentos, até o armazenamento dos mesmos.
À disciplina de Sociologia observação dos aspectos sociológicos de pessoas com baixa renda em relação à alimentação. Além dos fatores econômicos, hábitos alimentares, o papel da mídia, estilo de vida e uso de tabaco. A dimensão sociológica da alimentação, que diz respeito ao aspecto simbólico da comida, dos hábitos, das tradições e representações dos ritos e tabus.
À disciplina de Filosofia fazer a relação entre o padrão de beleza estabelecido em sociedade (a questão estética) com os hábitos alimentares, as questões nutricionais e com as doenças relacionadas à nutrição.
À disciplina de Física o estudo da calorimetria.
REFERÊNCIAS
Brasil. Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio, etapa I - caderno IV: áreas de conhecimento e integração curricular / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica; [autores : Marise Nogueira Ramos, Denise de Freitas, Alice Helena Campos Pierson]. – Curitiba : UFPR/Setor de Educação, 2013.
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