Drogas, o debate continua...

COLÉGIO ESTADUAL LA SALLE – EFM
PATO BRANCO PR
PACTO NACIONAL PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO
FORMADORA REGIONAL – Mariangela B. de Oliveira Viana
ORIENTADORA DE ESTUDOS – Susane Maria Tondo
PROFESSORES CURSISTAS:
Alice Beatriz Bresolin
Arlete Venturin
Carmen Regina C. Giusti
Cassia Ribeiro de Souza
Francieli Ionara Schuambach
Izabel Cristina T. Andreatta
Leize Bertol
Márcia Regina Colla
Marelisane A. Cassol
Neli Angelica F. Ariotti
Vandeléia A. A. Bueno

ETAPA II - CADERNO III - REFLEXÃO E AÇÃO 4

            Drogas, o debate continua...

A disseminação das drogas está ocorrendo de uma forma muito acelerada. Vidas se perdem diariamente, se contaminam. O poder público perde território cada dia para traficantes, usuários e demais dependentes.         De acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas, 2014, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), “243 milhões de pessoas, ou seja, 5% da população mundial entre 15 e 64 anos de idade utilizaram drogas em 2012, destes 27 milhões de pessoas, cerca de 0,6% da população atual é usuário problemático de drogas”, 1 em cada 200 pessoas (UNODC, 2014).
            Apesar das pesquisas demonstrarem que o número de usuários permanece estável esse problema continua preocupando, pois o uso de drogas, lícitas ou ilícitas, estão sendo utilizadas cada vez mais cedo pelos jovens, as proporções são tão graves que hoje a drogadição já é considerada um desafio à saúde pública e premissa para propagação da violência na sociedade, aumentando os índices de criminalidade.
Muitas vezes o indivíduo deixa o convívio familiar e passa a morar nas ruas e a partir daí não mede mais as consequências para sustentar o vício. Ocorre que em muitos casos os jovens começam usando drogas lícitas como o álcool e cigarro, o que abre as portas para a entrada de outras drogas ilícitas e que muitas vezes os leva a um caminho sem volta.
            Artigo da ABEAD - Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas, (2015), apresenta relatório da UNIFESP. De acordo ele, o consumo do álcool entre os adolescentes chega a 16% com uso regular, principalmente nos finais de semana com ingestão de grandes quantidades, em consequência disso ficam expostos a perigos como acidentes, gravidez, doenças sexualmente transmissíveis e o risco de consumir outros tipos de drogas. No Brasil, o álcool é o responsável pelo maior problema das drogas.
            A maconha é a principal droga ilícita usada no Brasil, sendo que 10% dos adolescentes usuários a consomem regularmente, apesar de evidências científicas apontarem diversos problemas desde a perda do rendimento escolar até problemas psiquiátricos.
            Ainda a respeito de drogas ilícitas uma preocupação muito grande é o consumo da cocaína que atinge cerca de 1% da população brasileira, sendo que a metade dos usuários a utilizam em forma de crack. Estimativas do Ministério da Saúde identificam em torno de 600 mil usuários de crack.
            O aumento do uso da cocaína/crack no Brasil se deve a questões regionais, visto que a produção em países como Bolívia trazem uma maior oferta do produto através do tráfico internacional, pois não somos um país produtor desta droga e  portanto estamos sujeitos a este problema.
            Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PENSE) realizada em 2012, mostra que Curitiba é a segunda capital brasileira em consumo de drogas por estudantes adolescentes, ficando atrás de Florianópolis.
           No Sudoeste do Paraná, especificamente no município de Pato Branco os entorpecentes mais utilizados são maconha, crack, cocaína e lança–perfume. Não temos dados específicos do número de usuários, pois recentemente foi implantado o conselho antidrogas do município.
          É muito comum o jovem acreditar que sabe tudo sobre determinada “droga”, seu uso, seus malefícios e ou benefícios. Num primeiro momento há um embate de ideias sobre essa questão. Isso é típico dessa idade, que ora se apresenta. Para eles, a possibilidade de começar a usar é algo que faz parte da vida, de uma época de curiosidade, conhecimento e afirmação. A naturalização do uso de entorpecentes muitas vezes, faz parte do repertório de argumentos usados pelos jovens para sair na defesa do uso da mesma.
A tabela abaixo mostra a porcentagem de estudantes da educação básica usuários de drogas por região:
Tabela 1: Porcentagem de estudantes do ensino fundamental e médio das redes municipal e estadual com uso na vida de drogas psicotrópicas: Brasil e Regiões
 
            Ao se falar em droga, certamente vamos despertar sua curiosidade, que deve ser utilizada para a formação de conceitos sadios e exatos sobre as drogas e as desvantagens de seu uso. Pais e professores, devem, através de orientação segura e sem nenhum alarme, criar a condição necessária para que o adolescente se recuse a aceitar assédios de maus amigos e traficantes. É na adolescência, ou pré-adolescência, que se deve dar maior destaque a um programa de caráter educativo- preventivo.
            Justamente nesse momento é que os pais, escola, responsáveis, devem adentrar nesse universo, pois na maioria das vezes é preciso desmistificar a ilusão de que o uso de alguma droga lhes trará benefício. A persistência e a perseverança do diálogo devem estar muito presentes nesta situação. Muitas vezes o cansaço do debate e a falta da admissão de que nada sabem sobre isso, nos deixa tremendamente frustrados. As questões relacionadas ao uso de entorpecentes são polêmicas. Não há dúvida de que seu uso traz malefícios a saúde, seja momentânea ou a longo prazo. Para superarmos a “cultura pró-maconha”, ou “pró qualquer droga”, é preciso estar bem embasado, fundamentado para discutir o assunto com serenidade e sabedoria.
            Os dados confirmam que o uso de qualquer droga traz malefícios para o usuário. Igualmente, é preciso chamar a atenção para os problemas relativos ao uso de drogas e sua influência no trabalho, tanto no que diz à segurança do trabalhador, física e social, quanto à produtividade das empresas.
No Brasil, estudo realizado no ano de 1993 pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP (Waismann, 1995) aponta que de 10 a 15% dos empregados tem problemas de dependência, e que este abuso:
• é responsável por três vezes mais Licenças Médicas que outras doenças;
•  aumenta cinco vezes as chances de Acidentes de Trabalho;
• está relacionado com 15 a 30% de Todos os Acidentes no trabalho;
• é responsável por 50% de Absenteísmo e Licenças Médicas;
•  leva à utilização de oito vezes mais Diárias Hospitalares;
• leva a família a utilizar três vezes mais Assistência Médica e Social.
            Se analisarmos estes dados, veremos que o estudo aponta para a diversidade de problemas envolvendo o uso e a dependência de drogadição. Os gastos com a saúde pública no que diz respeito a esses problemas, poderiam ser gastos com melhorias na área da saúde pública, o que traria benefícios para toda a população em qualidade de vida, e não em recuperação e tratamento aos usuários. As famílias, certamente teriam maior equilíbrio e tranquilidade se não precisassem enfrentar e resolver tais assuntos. O próprio rendimento das empresas e demais órgãos empregatícios, teriam maior produção, menos acidentes de trabalho, e consequentemente, trabalhadores mais realizados e qualificados. Enfim, todos sairiam ganhando.
            Os casos de drogadição no ambiente escolar acabam por prejudicar o rendimento acadêmico, além de aumentar a indisciplina, desatenção, casos de promiscuidade e de violência.
            De acordo com SESI (2013)
“Quando o assunto são as drogas, o principal papel da escola deve ser a prevenção primária, ou seja, evitar a experimentação por meio da redução de fatores de risco e do reforço de fatores de proteção. Esse papel não deve ser traduzido como mais uma tarefa cotidiana do educador, abordado simplesmente de forma pontual. Pelo contrário, precisa ocorrer dentro do contexto pedagógico, como um trabalho de reflexão e de estímulo ao desenvolvimento do pensamento crítico. Deve-se enfatizar que os estudantes sejam responsáveis por suas ações, façam escolhas saudáveis e desenvolvam o protagonismo e a autonomia. Além disso, a escola deve ser um ponto de convergência de programas e projetos que visem a promoção de saúde em toda a comunidade onde está inserida”.
  Diante disso, no Colégio Estadual La Salle foi desenvolvido um Projeto interdisciplinar intitulado: “A química das drogas: uma abordagem de jovem para jovem”, onde aborda a questão do uso das drogas e dos seus malefícios, reforçando argumentos para ganhar os nossos jovens. A metodologia corroborou para que os jovens pesquisassem, conhecessem os diversos tipos de drogas, a realidade dos efeitos sociais, neuropsicológicos, afetivos, que destroem o ser envolvido.

Considerações finais

            Ao término da aplicação do Projeto “A química das drogas: uma abordagem de jovem para jovem” percebeu-se que os alunos do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio La Salle Pato Branco ao pesquisarem os assuntos relacionados ao tema drogas, tiveram grande curiosidade em fazer o estudo aprofundado para apresenta-lo as demais turmas do referido colégio.
            O estudo mostrou que apesar da idade, os alunos demonstraram maturidade ao pesquisar o tema. Observou-se ainda que muitos não tinham grande conhecimento sobre o tema, e ficaram impressionados com os efeitos destrutivos causados no ser humano.
            Para que a atividade tenha um cunho educativo, é necessário a mediação do professor, orientando a pesquisa e as leituras relacionadas. A metodologia interdisciplinar promoveu a discussão de diferentes abordagens, enriquecendo e dando sentido aos conteúdos.
            A partir desse estudo abre-se caminho para novas propostas onde o próprio aluno seja multiplicador de informações, utilizando uma linguagem própria do grupo que fazem parte, se reconheçam e sejam sujeitos de transformação.
          
REFERENCIAS

ABEAD. Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas. O impacto das drogas na sociedade brasileira – busca de soluções. Disponível em: <http://www.antidrogas.com.br/sociedade.php>.  Acesso em: 10 set. 2015.

BRASIL. Presidência da República. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Relatório brasileiro sobre drogas / Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas; IME USP; organizadores Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte, Vladimir de Andrade Stempliuk e Lúcia Pereira Barroso. – Brasília: SENAD, 2009. 48 p. Disponível em: <http://www.escs.edu.br/arquivos/DrogasResumoExecutivo.pdf>. Acesso em: 10 set. 2015.

SESI. Caderno Sesi e você na Prevenção das Drogas. Disponível em: < http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=2561>. Acesso em: 10 set. 2015.
UNODC. Prevalência do uso de drogas no mundo permanece estável, diz Relatório Mundial sobre Drogas do UNODC. Disponível em: https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/frontpage/2014/06/26-world-drug-repo.... Acesso em: 07 set. 2015.