Denise Santos
Edileia de Aquino Ramalho
Eliana Gomes Santana
Eliane de Souza
Elismery Ferreira Macarios
Elizabeth Vidolin Alpendre
Fernanda Caldas Fuchs
Noely Maria Lesnau
Simone Vosne Portela
Após refletir acerca das leituras e debates do Caderno IV, Áreas do conhecimento e integração curricular, algumas considerações foram sendo elaboradas.
Primeiramente, percebe-se o conhecimento científico distante da realidade do estudante. Consequentemente, esse distanciamento das disciplinas que mais se diversificam tende a dificultar ao estudante identifica-las como parte de um todo integrado. Ou seja, o estudante se vê diante de partes isoladas que não se juntam. Não fazendo sentido para ele que são partes de uma totalidade.
Nesse sentido, cabe salientar alguns conceitos importantes a serem resgatados e refletidos com relação à essa realidade percebida.
Em uma metáfora apresenta-se o voo da águia que demonstra a necessidade que se tem de ir além das formas disciplinares de construção do conhecimento. A águia, assim como os outros predadores, é capaz de ver o todo (o ecossistema) e ver a parte (sua presa) a partir de uma grande distância.
Sendo assim, o voo da águia pode simbolizar, portanto, o desejo de desbravar as fronteiras amarradas do conhecimento para integrar as partes ao todo e, assim, ver o mundo através de uma lente com visão sistemática. Também pode simbolizar o sonho de poder situar fora do objeto de estudo para ser capaz de entende-la de forma objetiva. Mas a águia, sua presa e o ecossistema são uma única coisa. Talvez perceber a totalidade através de um sistema cognitivo adestrado segundo o paradigma mecanicista seja impossível. Mas alcançar o voo mais alto do que o que se tem, é viável.
Como, por exemplo, pensar a educação alimentar e nutricional de forma articulada entre os componentes curriculares. Dessa maneira pode-se averiguar a interligação do todo, porém sem interferência nos conteúdos específicos de cada disciplina:
- Educação Física – redução do IMC, na questão do sobrepeso, promovendo um gasto energético maior que ingesta calórica.
- Matemática – porcentagem ideal de ingestão dos nutrientes.
- Língua Portuguesa – gênero e tipologia textual: receita e cardápio.
- Inglês – texto: “Fitness and healt”; vocabulary.
- Física – cor dos alimentos / calorias.
- Química – alimentos e elementos.
- Geografia – importação e exportação.
- História – pratos típicos.
- Sociologia – consumismo.
- Filosofia – diversidade na cultura alimentar.
- Arte – natureza morta. (Artista: Giuseppe Arcimboldo)
- Biologia – Vitaminas e sais minerais – porções ideais.
Como se percebe, as áreas do conhecimento, se bem organizadas, podem trabalhar sempre juntas, elencadas, dialogando e produzindo conhecimentos que, por sua vez, poderão ser apropriados pelos estudantes mediante norteamentos contextualizados. Ampliando-se, assim, o diálogo entre os componentes curriculares.
Mais adiante na leitura do caderno, outro desafio se apresenta, o trecho retirado do livro Cartas a Théo, de Vicent Van Gogh, convida a refletir acerca do trabalho como forma de produção criativa do ser humano. A ciência também aparece sob forma de conhecimento sistematizado sobre a arte. Já a tecnologia é representada pelas técnicas utilizadas para fazer a arte através do carvão, enquanto a cultura surge através da expressão particular da visão de mundo de cada um.
Trata-se, pois, de evidenciar a ligação entre um e outro elemento da produção do conhecimento através de exemplo simples. Contudo, perceber as ligações existentes entre um e outro item carece investigação e expressão das áreas de conhecimento, organizando-as no contexto. Inicia-se o processo da parte para o todo. Da prática social do estudante, que é a parte, o particular, para o todo, a sociedade, o mundo concreto.
O ensino, compreendido como a transmissão de conhecimentos e produção como a apropriação e reelaboração desse conhecimento, traz para a realidade escolar a interdisciplinaridade como articulação dos conhecimentos de cada disciplina em sua dimensão epistemológica e metodológica, com vistas à construção coletiva do saber, dinamizando, dessa forma, o processo de ensino-aprendizagem na apreensão relativa/total da realidade.
Assim, quando os estudantes apresentam seus conhecimentos a partir do senso comum, como expressão ingênua e fragmentada da realidade, o papel da escola deverá ser o de favorecer o conhecimento elaborado e sistematizado, através da instrumentalização, reflexão, pesquisa e ação, articulando-os aos contextos local e global.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio, etapa I – caderno IV: áreas de conhecimento e integração curricular / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica; [autoras: Marise Nogueira Ramos, Denise de Freitas, Alice Helena Campos Pierson]. – Curitiba: UFPR / Setor de Educação, 2013. 47p.