Desequilíbrios ambientais verificados no entorno do Colégio Estadual José Fressato EFM- Curitiba-Pr

Desequilíbrios ambientais verificados no entorno do Colégio José Fressato EFM- Reflexão e ação pg. 41 caderno III O acesso à cidade está condicionado ao poder aquisitivo de cada cidadão. Isso porque no atual sistema socioeconômico, tudo se transforma em mercadoria, inclusive a cidade, (espaço produzido, habitação, serviços diversos, localização, etc.). Ora, como a forma de aquisição de um bem ou mercadoria, em condições normais, ocorre mediante o pagamento por esse bem ou mercadoria, fica fácil concluir que o acesso à cidade dar-se-á de forma diferenciado, refletindo, portanto o poder de compra de cada cidadão. Tal situação irá determinar uma das mais marcantes características da cidade capitalista, qual seja, uma clara separação, ou como se costuma dizer uma segregação sócio espacial entre classes sociais. A cidade capitalista, via de regra, é tida, por essa razão, como uma cidade extremamente excludente, onde poucos são os que podem usufruir o que de bom ela pode oferecer. Essa situação se torna ainda mais grave quando se constata que o valor agregado ao espaço produzido se dá de forma perversa, tendo em vista que a maioria dos investimentos na cidade são realizados pelo poder público, isto é, recursos subtraídos do conjunto da sociedade (ricos e pobres) na forma de impostos. Todavia, os investimentos coletivos são apropriados de forma individualizada pelos proprietários na hora de comercializar os imóveis. Esse processo, conhecido como especulação imobiliária, tornar-se uma das principais dificuldades para a democratização do acesso à cidade. A exclusão social, marca registrada do processo de urbanização na economia capitalista, especialmente nas grandes cidades, terminará por “empurrar” os mais pobres para as piores porções do território urbano, neste caso as áreas de menor valor imobiliário, em face da localização, ausência de serviços e infraestrutura e muitas vezes da situação de risco. Entretanto, em muitos casos, parcelas significativas dessa população passam a ocupar as áreas “livres”. Áreas, estas, destinadas a proteção ambiental, uso comum do povo, planejamento das cidades, proteção das drenagens naturais, equilíbrio do clima, proteção de fauna e flora, construção de equipamentos de uso coletivo (praças, parques, posto de saúde, escolas, dentre outros), agravando ainda mais os problemas socioambientais vividos nas cidades. No caso específico do entorno do Colégio Estadual José Fressato, a ocupação irregular se deu numa área de manancial que deveria estar protegida pelos órgãos públicos competentes, mas que foi tomada por moradias inicialmente precárias e sem estrutura nenhuma que com o passar dos anos foram sendo melhoradas pelos próprios moradores, continuando porém sem rede de esgoto, por exemplo, sendo este despejado em locais impróprios e próximos ao lago da represa do rio Passaúna, um dos principais reservatórios de abastecimento da cidade de Curitiba. Assim, os assentamentos irregulares instalados nas áreas de proteção ambiental, não se constituem em simples ato de desrespeito à legislação urbanística e ambiental, mas, antes, manifestação ou materialização da lógica excludente da produção social das cidades capitalistas, que longe de ser apenas o lócus da produção é, ela própria, espaço de lutas entre as classes sociais e objeto de acumulação de rendas e riquezas, pela ação do capital imobiliário. Associa-se a essa causa estrutural, outra de natureza gerencial ou governamental que é a ausência de políticas públicas que abrandem os efeitos do sistema socioeconômico. Outro grande e sério desequilíbrio ambiental se refere à construção da represa do rio Passaúna, um dos principais reservatórios de água potável para o consumo de grande parte da população de Curitiba, uma vez que na área ambiental o principal impacto de uma barragem costuma ser o alagamento de importantes áreas florestais e o desaparecimento do habitat dos animais. Mesmo quando os Estudos de Impacto Ambiental são realizados de forma correta, apontando os verdadeiros impactos gerados por uma represa, na maioria das vezes as ações de mitigação desses impactos não chegam a compensar de fato os efeitos negativos. Além disso, cada rio tem características únicas, espécies da fauna e flora próprias, vazões e ciclos particulares. Cada rio tem também diferentes populações morando em seu entorno, com realidades econômicas e sociais variadas. Por esses motivos os efeitos variam de acordo com cada rio e cada vez mais é importante que se faça a avaliação integrada do rio e da bacia, para que se tenha a noção dos efeitos cumulativos de várias represas, mas principalmente para que se possa planejar a quantidade e o modelo dessas represas em cada rio, levando em conta a conservação ambiental e a manutenção da qualidade de vida da população. Sem contar na população realocada em outros locais que habitavam a região inundada pelo represamento do rio, pessoas essas que necessitaram de um processo de deslocamento para se adaptarem a um novo local de moradia. Dessa forma, além da perda da biodiversidade e da realocação de habitantes, o represamento de um rio também provoca a perda da qualidade da água, a erosão e o depósito de sedimentos, além dos efeitos negativos sobre os peixes e outros animais aquáticos. Para evitar ou até mesmo minimizar os efeitos dos desequilíbrios ambientais é necessário a criação de unidades de conservação, parques, reserva legal, e demais áreas verdes, além de replantio de espécies de plantas arbóreas nativas, frutíferas tanto na zona rural quanto na urbana. Além disso, realizar práticas de manejo que visem à manutenção da qualidade do solo, rotação de culturas, diversificação dos sistemas agrícolas, evitar a poluição das águas superficiais e subterrâneas, através de tratamentos de esgotos e o não lançamento de dejetos e embalagens de agrotóxicos, bem como a redução do uso de agroquímicos, reduzir a circulação de meios de transportes que emitem CO2, e cuidados na emissão de gases poluentes pelas indústrias e outros produtos tóxicos podem contribuir para evitar o desequilíbrio. Professores cursistas; Daniel de Azevedo Costa- Elisangela Mendonça- Giovanna Cascardo- Maria Lucia de Araujo- Paulo Sergio Catini- Márcio Hassler- Raquel Santana