As DCNEM, uma análise crítica

       As DCNEM apresentam uma abordagem para o currículo mais moderna e integrada, ao separar as várias disciplinas em quatro áreas do conhecimento e ao escolher quatro eixos norteadores na tentativa de conseguir para o ensino médio uma formação humana integral.
       A separação por áreas do conhecimento, por si só já permite uma maior interdisciplinaridade entre disciplinas de mesma área, e também facilita a integração com outras áreas. A priorização da relação entre teoria e prática também facilita a escolha de possíveis mudanças para o currículo.
       Os quatro eixos norteadores, trabalho, ciência, tecnologia e cultura são sem dúvida os elementos mais importantes, pois é a partir deles que se acredita coneseguir uma formação humana integral. No entanto a escolha destes quatro eixos não conseguem romper com a antiga hierarquização de disciplinas, e até mesmo reforçam a prioridade em disciplinas mais técnicas das ciências da natureza. Esse é o maior limite das DCNEM, e para cumprir o objetivo na formação integral, os eixos com o passar do tempo deverão ser repensados, pois se fôssemos adotar esses quatro eixos constantemente nas práticas de aprendizagem, cairemos numa escola preparatória para engenharias. A conta é simples: trabalho + ciência + tecnolgia = engenharia.
       Para disciplinas como a minha, a física, aplicar as DCNEM é uma tarefa já facilitada pela escolha dos tão citados quatro eixos. E no caso da física, os eixos ajudam a trazer mais significado para os conteúdos ao propor uma abordagem com preocupações múltiplas, como a social, ambiental etc. E mesmo que para o caso da física, seja mais natural aplicar as DCNEM, ainda existem obstáculos a serem superados para se atingir uma formação humana integral, obstáculos como: formação precária do corpo docente; estruturas físicas limitadas que dificultam mostrar a relações  entre teoria e prática; a resitência das Secretarias de Educação em conferir maior autonomia para as escolas em suas escolhas pedagógicas; e também a resistência dos próprios professores que insistem em práticas ultrapassadas.
      Em especial, nossa Secretaria de Educação do Paraná (SEED) precisa avançar quanto a dar real autonomia para as escolas da rede estadual. Tal autonomia fia apenas no discurso, visto que, para citar apenas um dentre muitos exemplos, os calendários seguem um padrão e simples escohas de eventos e, datas que sejam mais convenientes para o colégio, não são aceitas pela SEED. Dado que a autonomia das escolas fica só no discurso, somada à aparente não aceitação das DCNEM pela Secretaria (que não informou seus professores da sua existência), avançarmos à uma autonomia suficiente para podermos escolher as Formas de Oferta para o Ensino Médio ainda é um sonho distante.