Reproduzir as práticas de competição torna-se mais fácil uma vez que ela gera menos conflitos. Ser o melhor, tirar a melhor nota torna-se o objetivo. Isso não é mera intencionalidade única do educando, sendo perceptível essa concepção também entre os profissionais. O que faz necessário justificar como sendo parte inerente da nossa formação. Romper essa barreira exige um novo olhar, um olhar que torna o aluno como sujeito de sua aprendizagem e não apenas coadjuvante do processo de ensino.
Temos em nós uma certeza de que a sociedade é competitiva, então a Escola deve formar os alunos para essa competição. A Escola demonstra isso na sua constituição curricular em disciplinas, favorecendo raros momentos de integração das mesmas. Outro fator que garante a formação para a competição é a exigência de parâmetros mínimos em todas as disciplinas.
Implantar um currículo que oportunize a contextualização e a ressignificação seja talvez algo necessário e urgente uma vez que as transformações da sociedade são cada vez mais velozes formando assim um indivíduo de forma integrada partindo dos eixos Trabalho, Ciências, Tecnologia e Cultura.
Usando como ponto de partida os eixos, Trabalho, Ciência, Tecnologia e Cultura para então formar um cidadão que saiba interagir na sociedade fazendo as transformações necessárias para sua adaptação é preciso conceber o trabalho como construção do ser humano. A aquisição da consciência se dá pelo trabalho, pela ação sobre a natureza assim se humanizando e criando novos conhecimentos, que são aprimorados para o seu próprio desenvolvimento constituindo-se assim como novo tipo de ser, de uma nova concepção de história (FRIGOTTO; CIAVATTA; RAMOS, 2005, p. 31).
Um dos desafios é redefinir o trabalho do professor, para tal deve fazer valer a interdisciplinaridade passando de intérprete do livro didático para o ponto de ele mesmo o livro didático, tornando-se criador da didática
Trata-se de conseguir convivência produtiva com ele, entendendo-se aí pesquisa, sobretudo como diálogo com a realidade, recriado sempre pelo professor, com apoio do livro didático, que passa a ser referência relevante, nem mais, nem menos (2006, p. 85-86).
O importante é assegurar que a escola seja, de fato, um local destinado à socialização e produção de conhecimento e que consiga dialogar com os conhecimentos populares e com saberes difusos do cotidiano sem limitar-se a eles.
As finalidades apresentadas constituem o foco das “intenções” metodológicas com uma relação voltada para o pleno desenvolvimento do Educando dentro do conjunto das disciplinas sendo em geral o que o professor espera do seu aluno.
Dizer que essas finalidades se concretizam na sua integralidade já é mais complicado, por que historicamente nossa escola é vista como reprodutora de práticas que se resumem em memorização e atribuições de valores (notas) que resultam em definir se o aluno aprendeu ou não o que foi proposto pelo professor.
Com a reconstrução das diretrizes, novas discussões são feitas dentro da escola o que reduziu um pouco a prática das disciplinas na concepção de “gavetas” em que cada uma de forma isolada trabalhava seus conteúdos sem considerar de forma concreta a sua interligação. Atingir os objetivos propostos é um desafio relevante, uma vez que para isso a formação do professor ora voltada para uma formação específica deverá ser uma formação ampla para que o conhecimento construído historicamente não seja substituído pelo “achismo” (senso comum).
Sabemos que a Escola precisa acompanhar as transformações sociais e uma vez que ela não atende mais aos interesses da mesma a transformação deverá ser feita. Talvez o que torna as mudanças na Escola mais complicadas estejam ligadas há formação do professor e seus resultados não são passíveis de serem vistos em curto prazo.
Como professor por vezes usando metodologias voltadas para as finalidades da formação integral, desenvolvimento, autonomia e reflexão crítica percebi que os alunos precisam primeiramente aprender a agir com a proposta (metodologia), uma vez se não forem construídas, não farão parte do nosso educando. Sendo o mesmo preparando para estudar com o objetivo de tirar nota.
Gervásio Pauli
setembro 2014