A escola contemporânea vive um grande dilema que, em menor ou maior grau, atinge direto ou indiretamente toda a sua comunidade e, em especial, os seus principais atores sociais. Se de um lado os gestores e funcionários tecem constantes e infindáveis reclamações sobre a indisciplina, o aumento do uso de aparelhos eletrônicos, as diferenças culturais (vestuário, gírias, etc.). Também é verdadeiro que, não menos importante, do outro lado os alunos e alunas reclamam de que a escola não acrescenta nada na formação prática dos mesmos, que ela tornou-se chata, desinteressante, enfadonha e que parece ter ficado estática frente aos avanços tecnológicos da humanidade. Nesse contexto surgem infindáveis tensões entre as duas partes. Não seria verdadeiro dizer que essas tensões estão ligadas apenas aos alunos, tampouco que elas se devem inexoravelmente à escola, mas, sabendo que ambas são igualmente partes integrantes de uma mesma sociedade, pode-se afirmar, categoricamente, que essas tensões e embates conflituosos refletem uma concepção de sociedade em que o convívio mútuo é, ao mesmo tempo, o que os aglutinam e os separam, em relação a objetivos comuns. Ou seja, esses embates são dialéticos, logo, seria correto afirmar que o produto deles acontece e ganha propulsão cotidianamente.
Ante a rapidez com que sobrevêm as transformações na sociedade moderna, as quais são facilmente assimiladas e reelaboradas pelos jovens e adolescentes e, visando suprir suas necessidades e interesses, é extremamente necessário que a escola abandone definitivamente o modelo de ensino tradicional e faça as adaptações adequadas à realidade concreta dos alunos, com o propósito claro de vislumbrar a formação humana verdadeiramente cidadã em sua plenitude. Para que isso se efetive faz-se necessário reconhecer, valorizar e contemplar no currículo as experiências, saberes e identidades sócio culturais dos alunos.
No processo ensino / aprendizagem é necessário que sejam levadas em consideração as opiniões e os ensejos dos jovens e adolescentes. Se eles não forem tratados como protagonistas, se seus anseios e perspectivas não forem atendidos - ainda que parcialmente, inevitável e consequentemente sentir-se-ão desmotivados e desencorajados. Deve-se também evitar a formação de pré-conceitos e discriminação relacionados à juventude, tratando-a como uma época negativa na vida das pessoas devido aos problemas que podem afligi-la.