CONSELHO DE CLASSE

COLÉGIO ESTADUAL ROCHA POMBO-EFM
Curso: Formação de Professores do Ensino Médio
Pacto Nacional para Fortalecimento do Ensino Médio
Etapa: II
Caderno: I
Cursista: Bernadete G. de Abreu
     
Data: 29/04/2015
Atividade: Reflexão e ação 3

II. Realize a leitura de uma ata de Conselho de Classe com base nas questões apresentadas na atividade I.
Realizando a Leitura de uma ata de CONSELHO DE CLASSE, não consegui visualizar nenhum dos tópicos elencados na atividade I (Quais foram os problemas levantados, quais os encaminhamentos propostos, estabeleça a diferença entre queixa e problema, quais questões de ensino e aprendizagem foram tratadas no Conselho; que mudanças você propõe para a realização do Conselho de Classe).
Ao lermos algumas atas nos deparamos com as seguintes situações: leilões de notas, problemas comportamentais de alguns alunos, rendimento escolar, problemas familiares, pontualidade, faltas e por fim, isso fica acabando por avaliar alguns alunos e/ou turmas e a própria prática pedagógica da escola. Normalmente os conselhos acontecem nos fins de bimestres ou semestres, onde são discutidos encaminhamentos pedagógicos, notas e comportamento de alunos. Quando necessário o conselho de classe decide se um aluno será retido ou não. Se não é bem conduzido, o Conselho acaba se atendo somente a questões dos alunos e suas notas e comportamentos, sem avaliar a própria prática educativa da escola. Ao invés de discutir o aluno de modo integral, os professores acabam acentuando apenas seus pontos negativos.
O Conselho de classe é um dos vários mecanismos que possibilitam a gestão democrática na instituição escolar. Ela está prevista na LDB 9394/96 em seu artigo 14:
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;

II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
Por meio da Deliberação nº007/99.do CEE, foram instituídos no Paraná, os Conselhos de Classe, como um órgão colegiado, de natureza consultiva e deliberativa. A função é intervir no processo ensino-aprendizagem, assim como fazer a indicação de alternativas para buscar suas dificuldades e garantir a aprendizagem dos alunos. Para isso, é necessário realizar a coleta de dados para serem analisados durante o processo do conselho de classe e de responsabilidade da equipe pedagógica. Em uma escola onde a gestão democrática é realidade, o conselho de classe desempenha o papel de avaliação dos alunos e de auto avaliação de suas práticas, com o objetivo de diagnosticar a razão das dificuldades dos alunos, e apontar as mudanças necessárias nos encaminhamentos pedagógicos para superar tais dificuldades. Para tanto, as reuniões do Conselho não devem se ater somente aos momentos de “fechar as notas”. Importante salientar que a gestão democrática citada na LDB 9394/96 garante à equipe pedagógica e aos professores da escola o direito de estabelecer os princípios, finalidades e objetivos de seu Conselho de Classe e dos outros mecanismos que a possibilitam.
A construção de um currículo fundamentado na concepção de aprendizagem histórico cultural implica no compromisso de planejar as aulas em consonância com essa opção teórico-metodológica. A construção do Conselho de Classe num espaço emancipatório, conforme compreendemos, deve estar entrelaçada com o Plano de Trabalho Docente. Isso ocorre quando, durante o pré conselho, os professores refletem sobre a prática pedagógica que vem sendo desenvolvida e o desempenho dos alunos nas avaliações propostas. O pré-conselho deve ser feito com os professores e com os alunos. Na primeira etapa, o professor deverá fazer uma auto avaliação, respondendo aos seguintes questionamentos:

a) Dificuldades ou avanços com relação aos conteúdos;
b) Mudanças necessárias com relação aos encaminhamentos metodológicos e recursos didáticos;
c) Critérios de avaliação e instrumentos diferenciados em consonância com a metodologia utilizada, número de avaliações e valor atribuído;
d) Nova intervenção pedagógica ou recuperação de estudos (trabalhos feitos em grupo, pesquisas orientadas, entre outros).

As questões são respondidas em questionário próprio, junto com a pedagoga da escola, utilizando-se a hora-atividade do professor e organizando-se um cronograma para que todos os professores possam ser atendidos.
Os alunos também analisam seu desempenho do bimestre/semestre, levantando os problemas e propondo ações concretas ou atitudes que podem produzir as modificações desejadas, no âmbito coletivo e individual. Os alunos, na turma, com os colegas e a pedagoga, respondem as seguintes questões:
a) Quais as dificuldades que a turma encontrou durante o bimestre/trimestre?
b) Quais os conteúdos mais difíceis?
c) Em quais aspectos a turma avançou?
d) Que ações concretas a turma pode adotar para superar as dificuldades?
Na segunda etapa é realizado o Conselho de Classe propriamente dito, com horário e data marcada previamente no calendário escolar. Os dados obtidos no pré-conselho, organizados sistematicamente são apresentados pela pedagoga. Ela encaminhará as propostas de recuperação dos alunos que não atingiram uma aprendizagem satisfatória dos conteúdos e delegará as responsabilidades de cada membro do Conselho. As propostas devem partir da reestruturação do Plano de Trabalho Docente e seus componentes, bem como encaminhamentos que extrapolem esse âmbito como os encaminhamentos para profissionais especializados que encaminharão o aluno para salas de recursos.
Após as discussões com o colegiado, os professores devem rever o Plano de Ação Docente, sugerindo mudanças para o próximo bimestre, se necessário; mudanças essas, que serão discutidas na terceira etapa, chamada pós conselho, que será realizada com o professor e com o pedagogo.
A reorganização do Conselho de classe é um importante passo na organização do trabalho pedagógico, porém, as mudanças de concepções diante da avaliação do desempenho dos alunos, são insuficientes diante da problemática referente ao fracasso escolar. As dificuldades esbarram nas questões estruturais e condições de trabalho dos professores, que dividem-se em várias escolas, atuando em salas numerosas, sendo substituídos  frequentemente por professores temporários. Essa situação proporciona descontinuidade na organização dos conteúdos durante o ano, e impossibilidade de realização da avaliação diagnóstica e formativa, tornando o processo desgastante e com poucas perspectivas de crescimento para os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem.

 

REFERÊNCIAS

DUARTE, N. Educação escolar, teoria do cotidiano e a escola de Vigotski. Campinas: Autores Associados, 1996.

MATTOS, Carmem Lúcia Guimarães. O conselho de classe e a construção do fracasso escolar. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.31, n.2, p.215-228, mai/ago 2005.

PARANÁ. Caderno de apoio para elaboração do regimento escolar. Secretaria de Estado de Educação. Curitiba, 2008.

PARANÁ. Formação Para Professores do Ensino Médio. Organização do Trabalho Pedagógico no Ensino Médio. Pacto Nacional para o Fortalecimento do Ensino Médio. Caderno I. Etapa II. Setor de Educação da UFPR,2014.