COLÉGIO JOÃO PAULO II - FRANCISCO BELTRÃO – data:02/08/2014 GRUPO DE ESTUDOS – PACTO PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO
Análise coletiva: Caderno I
Orientadora: Marcia Prestes Belusso
O caderno 1 do Pacto Nacional do Ensino Médio traz à luz a compreensão histórica e desafios para o atual contexto educacional brasileiro. De fato o cenário educacional, privilegiando o Ensino Médio - EM, encontra-se em uma situação delicada. A ação proposta pelo Pacto do Ensino Médio traduz uma realidade, na qual os professores e educadores poderão compreender o formato atual do EM, e, com isso, terão a oportunidade de contribuir com as suas considerações. É neste sentido, do atual formato do EM, que percebemos um descrédito dos jovens com a educação. De acordo com os dados apresentados pelo caderno, percebemos um crescimento da evasão dos jovens no EM. Sem dúvidas perguntas surgem, entre elas: O que está ocasionando a evasão de jovens durante este período? O problema pode ser a questão social dos jovens de classes desfavoráveis? Será que a necessidade do jovem trabalhar está facilitando a evasão? Será que as escolas não estão atingindo esses jovens, de maneira que possamos segurá-los até o término do EM? Será que devemos democratizar, ainda mais, o acesso desses jovens a escola? De fato, essas questões e inúmeras outras, começam a surgirem. Mas, o que fazer? Talvez, o Pacto do Ensino Médio, seja uma maneira interessante onde todos os profissionais envolvidos na educação possam apresentar soluções e minimizar esse problema social e política que o ensino básico brasileiro tem enfrentado. Diante do exposto e da problemática apresentado, passo para a análise do caderno 1.
O EM desde a origem da educação brasileira enfrentou diversos problemas. O caderno do Pacto do Ensino médio nos leva a compreender quais os problemas que a educação brasileira enfrentou e ainda enfrenta. A análise histórica apresentada mostra ao leitor um conjunto de compreensões desde o período imperial, passando pela ditadura militar, seu fim e os dias atuais. Durante o período imperial surge o Colégio Pedro II, e que ainda se encontra em plena atividade, colégio mantido pelo governo federal. Embora, o colégio ainda sem encontra em atividade, possibilitando o ingresso democrático de alunos e alunas, antes não funcionava da mesma maneira. A criação do Colégio Pedro II fora para a elite brasileira. Onde estudavam somente a alta burguesia, possibilitando, assim, o livre acesso as universidades. Seu objetivo era formar quadros políticos, intelectuais e administrativos.
Durante o período da República, talvez o ponto mais relevante da educação, é a separação da igreja da política, desse modo, se aplica a laicidade a sociedade e a educação. Outro ponto extremamente relevante durante o período republicano é no âmbito que o estado federativo assume a responsabilidade pelo ensino superior e secundário e o governo estadual se torna responsável por instituir, caso queira, todos os níveis da educação. No entanto, sua obrigação era com o ensino primário. Com isso, o estado possibilitou a participação da iniciativa privada na educação. Talvez, durante o período republicano, podemos tratar de uma “segregação educacional”, pois mesmo que o atual contexto da época não propôs uma educação dual, não era exatamente o que acontecia, na prática era nítida a dualidade. De um lado tinham as escolas para as classes populares e que muitos, simplesmente, ficavam pelo ensino primário, ou seja, não tinham acesso ao ensino secundário. Por outro lado, os alunos das escolas da elite não enfrentavam os mesmo problemas, seu acesso ao ensino secundário e superior era facilitado, ou melhor, era celetista. Selecionava os provenientes das classes superiores, no âmbito pedagógico, desde o ensino elementar, e esses alunos eram selecionados e acabam ocupando as vagas no ensino superior. Portanto era nítida a segregação educacional da época, de um lado, escolas populares e por outro lado, a escola para elite.
Já nos anos de 1930, Francisco Campos, ministro da educação e saúde, do governo de Vargas, afirmou que o ensino secundário é o mais importante ramo da educação. Segundo Campos a formação do ensino secundário deve ser para formar homens para todos os setores da atividade nacional e possibilitar a eles um conjunto de hábitos e comportamentos que ajudem a tomar decisões em qualquer situação.
A reforma de Francisco Campos na educação possibilitou a criação de ensino profissional, formando profissionais para atuarem em diversos setores, entre eles, industrial, comercial e magistério. No entanto, somente os cursos secundários preparavam os alunos para os exames de vestibular. Talvez, a dúvida que devemos levantar aqui é se o ensino secundário se tornou democrático. Não, ainda o ensino secundário é seletivo, pois manteve a reforma federal de 1925.
Outro ponto importante desse período foi à inovação da Lei Orgânica, que implantou o ensino profissional. O ingresso aos cursos técnicos se dava após a conclusão do ensino primário e da aprovação do exame para o curso pretendido. No entanto, o ensino profissional não fez com que a educação se tornasse democrático, pelo contrário, o sistema de seleção continua o mesmo. As escolas técnicas não poderiam usar o nome de ginásio, por exemplo. E o descrédito do ensino foi atingindo seu ápice. Era um ensino para as classes desfavoráveis, era uma criação de mão de obra. Já que esses alunos não poderiam ingressar no ensino superior.
No período final da ditadura, por volta dos anos 1950 a 1980, houve uma crescente expansão do ensino médio, por parte da pressão popular e da crescente expansão demográfica. A pressão popular, de certa forma, influenciou o governo militar a aprovar a obrigatoriedade do ensino em oito anos. Neste sentido surgem as nomenclaturas, ensino de primeiro grau (ensino fundamental) e o ensino de segundo grau (ensino médio). Neste período houve uma crescente expansão do ensino profissionalizante, isto é, o ensino técnico se funda ao ensino de segundo grau. Como certa obrigatoriedade, aos moldes militares. O objetivo do governo militar era possibilitar aos alunos que não quisessem ou não conseguissem ingressar em uma universidade, a oportunidade e fazer um curso técnico. Assim, sair para o mercado de trabalho capaz de exercer uma profissão. Claro, esse currículo proposto pelo governo, só apresentou problemas em relação à capacidade crítica dos alunos. Ou seja, o esvaziamento das disciplinas de formação geral, social e crítica foi um empobrecimento para o cidadão de formação integral. O que ocasionou em um fracasso. Em linhas gerais, esse modelo de educação só formava trabalhadores, operários para atuar nos setores mercadológicos. O que, de fato, ocasionou um atraso à educação geral dos alunos e da cultura brasileira.
Com o fim da ditadura e com a constituição de 1988, a educação brasileira tendeu a novos rumos. No governo do Fernando Henrique Cardoso, o ensino técnico foi abolido. Talvez, podemos afirmar que no governo do FHC a democratização do EM começou a dar os primeiros passos, ainda de forma tímida. No governo Lula, muitas ações começaram a surgir em prol da educação. O ensino técnico retorna, no entanto, de forma muito diferente de antigamente. Antes os alunos das escolas técnicas não tinham uma formação integral e crítica, era uma formação no âmbito da prática de trabalho, agora, o aluno além de possuir uma formação integral e crítica, aprende a manusear a prática que seu curso exige. Assim, possibilita aos alunos uma profissão e o habilita a ingressar em uma universidade. Diversos programas no governo Lula fora criado. Talvez, o programa de maior relevância é o Plano Nacional de Educação (PNE) que tem em uma de suas metas a obrigatoriedade de adolescentes de até 17 anos cursarem o EM. Outro ponto positivo do governo Lula e do atual governo (da presidente Dilma) é a aprovação dos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação. Além dos royalties do pré-sal que serão destinados 75% para a educação. De fato, e de acordo com os dados apresentados, a educação recebeu vários investimentos nos últimos anos. Nos dias de hoje, os alunos podem sonhar em cursar uma universidade pública pelo diversos programas de possibilita alunos de família carente a ingressarem em uma universidade, seja ela particular ou pública. Nos últimos anos a democratização do ensino tem alcançado melhores resultados.
No entanto, não podemos esquecer a evasão dos alunos no ensino médio, ainda não conseguimos compreender o real motivo desse distanciamento que os adolescentes e as escolas têm enfrentado. De fato, a democratização da educação tem surgido efeito, mas, talvez, devemos questionar: se, realmente, a democratização da educação tem dado resultado, possibilitando os alunos a cursarem cursos técnicos, ensino superior, o que está levando ainda a evasão dos alunos no EM? O fato é que os alunos tendem a trabalhar mais cedo, muitos trabalham em tempo integral, ocasionando a ida para o ensino noturno. Conciliar, para os jovens de hoje, trabalho, estudo e festa com os amigos, tem sido uma tarefa muito difícil e nenhum pouco motivador. Quando os jovens caem neste dilema, muitos tendem a fazer suas escolhas, e como temos notado, a escolha é abandonar a escola. Talvez, pode ser pela questão cultural brasileira que trabalho (e as festas com os amigos) é mais importante que estudar, pois conseguimos conquistar os objetos que nossa vontade nos impõe. Talvez! Penso que a nossa cultura ainda está bem atrasada em relação aos investimentos e as possibilidades que a educação brasileira tem oferecido. Penso que devemos nos preocupar em analisar uma alternativa que possa contribuir para que esses jovens não abandonem o EM. Talvez, uma alternativa é ampliar o Programa Jovem Aprendiz, e possibilitar aos jovens um ensino de qualidade no período matutino e no contra turno abrir espaço para que jovens possam estagiar em diversos setores. Assim, o mercado em conjunto com a educação possa trabalhar em prol de jovens com perfis mais críticos e ao mesmo tempo ampliar a sua capacidade intelectual e trabalhadora. Diminuindo, de certo modo, o ritmo excessivo dos adolescentes buscarem, o quanto antes, trabalho de oito horas diárias e quarenta horas semanais. Penso que, ainda de forma muito superficial, essa proposta deveria ser amadurecida e possibilitar ao jovem um aprendizado teórico-prático.
REFLEXÃO E AÇÃO Realizada nos grupos referente ao Caderno I
Grupo I
“A partir da reconstrução histórica, identifique os desafios que permanecem no Ensino Médio na realidade brasileira e levantem possibilidades de explicação para eles”
O grupo concluiu que os principais desafios que permanecem na educação brasileira é a questão da evasão (mais preocupante e desafiador); a questão democrática, se podemos ou não estar participando e tomando decisões; a questão metodológica, que métodos podem ser usados para atrair a atenção dos educandos e se mudar as metodologias realmente vai-se despertar a atenção dos educandos?
Quanto a questão da evasão que é um dos desafios mais preocupantes, mesmo com a alteração da lei de obrigatoriedade para o ensino médio para 17 anos, isso não irá garantir que não haja evasão, pois os alunos evadem-se da escola para entrar no mercado de trabalho, por necessidade de criação de uma bolsa auxilio ou maior proximidade da empresa e a escola, aumentando a questão da proximidade com o programa Jovem Aprendiz.
Enfim o grupo concluiu que o maior desafio é o econômico que leva à evasão.
Grupo II
“Levantem dados que permitam conhecer aspectos que vocês julguem importantes do perfil social, cultural e econômico dos sujeitos matriculados no EM de sua escola:”
Após leitura e discussões do grupo,o mesmo concluiu que:
* Nossos alunos pertencem à classe média baixa (classe trabalhadora);
*Culturalmente em sua maioria não valorizam os conhecimentos científicos acumulados historicamente pela humanidade.
*Economicamente, nossos alunos estão envoltos por uma multinacional que lhes proporciona o ganho mínimo para consumo imediato sem esforço intelectual para promover o futuro.
Como proposta o grupo fará em sala de aula uma conscientização junto aos jovens do ensino médio no intuito de despertar os mesmos para a valorização dos estudos. Para serem mais convincentes convidarão alguns diferentes profissionais da sociedade para discorrerem sobre a importância dos estudos para vencer enquanto sujeitos. Entre os profissionais foram elencados: empresária, pedreiro, advogado, medico, professor universitário, engenheiro civil, sacerdote e um delegado.
GRUPO III
“Rumo ao Ensino Médio de Qualidade social: as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, o direito à Educação e a Formação Humana Integral.”
Em nossas discussões elencamos alguns problemas pontuais do Ensino Médio em nossas escolas:
A Escola Privada busca a unilateralidade da Educação visando a competitividade do mercado de trabalho e sendo assim, prepara o aluno para o vestibular e para a conquista dos melhores cursos nas melhores Universidades Públicas.
A Escola Pública tem ensejo de buscar a onmilateralidade do Ensino, que é a formação do homem integral, e além da base comum do currículo, deve oferecer na parte diversificada, disciplinas que trabalhem a realidade do aluno de uma maneira concreta.
A Escola Pública de qualidade deve ser responsável pela formação completa do aluno, para que ele tenha uma leitura completa do mundo e para sua atuação como cidadão, e não somente uma formação para o trabalho, em seu aspecto operacional.
A Escola Pública de qualidade deve oferecer um ensino que vá além da globalização econômica, que venha formar sujeitos politizados com capacidade de ação, seja no público ou no privado, mas que visem uma sociedade mais justa e coletiva.
A Escola Pública de qualidade deve garantir que a aprendizagem não seja pautada na individualidade e centrada em resultados, mas uma aprendizagem enquanto processo relacional entre os sujeitos e saberes, que acontece de diferentes formas visando sua aplicabilidade para a vida concreta.
A Escola Pública de qualidade deve incorporar ao currículo conhecimentos para a compreensão do trabalho como princípio educativo e isso vem abrir um grande leque de significação na economia da sociedade, na política, na cultura, nas letras e nas artes.
É preciso que a escola seja humanitária e forge em seus alunos a auto-disciplina e autonomia moral e só então poderá conquistar o seu lugar na universidade Pública.
O trabalho como princípio Educativo é socialmente justo e um direito de todos, uma obrigação coletiva de todos para a transformação da existência humana e não para que muitos trabalhem para que poucos enriqueçam, Para isso é preciso que o currículo contemplem os aspectos históricos e ontológicos do trabalho.
GRUPO IV
“... diante deste quadro atual educacional apresentado, como chegar a universalização do ensino médio?”
Após leitura e discussões do grupo,o mesmo concluiu que:
A questão central é o TRABALHO. No nosso contexto há muita evasão do EM, devido a contratação dos jovens entre 15 e 17 anos, como mão de obra barata. Como atendentes de loja, mercado, estagiários sem uma preocupação das empresas em cobrar que continuem os estudos.
Nesse sentido o governo deve incentivar o aluno que tem interesse em se profissionalizar com bolsa, mas que a mesma vincule ao estudo regular.
Necessidade de vincular o trabalho como principio educativo no EM com vista a uma formação politécnica.
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