JUVENTUDE:
Identidade, tecnologias, trabalho e escola.
Quando se discute juventude e o jovem, temos de levar em conta diversos aspectos que perpassam e formam esta fase. Para uma discussão inicial é necessário abordar sobre que jovem ou juventude estamos nos referindo. Quando estamos discutindo sobre o jovem ou sobre a juventude, estamos discutindo sua identidade. A identidade da juventude é um conceito polissêmico podendo significar tanto um individuo em sua essência mais exclusiva, tanto como um grupo.
Não é errôneo afirmar que a juventude deve estar constantemente se negando e se auto afirmando, simultaneamente, como sujeitos diferentes, familiarmente, culturalmente, em grupo e enquanto indivíduos únicos. Isto com a finalidade de gerar um sentimento de pertencimento, sendo esta afirmação sendo um processo (por vezes até mesmo educacional) simbólico, que localiza ou inibe o indivíduo em sua personalidade. Outrossim, a construção da juventude é algo social.
Não podemos esquecer que um dos principais dilemas da educação contemporânea é aquela que gira em torno da permanecia dos alunos durante o ensino médio. Atraídos pelo numero de estímulos e pela velocidade da sociedade e suas tecnologias, a escola lhes parece enfadonha. No entanto, muito dos que lhe parece fora de propósito nesta fase só irá adquirir sentido ao longo do tempo. E por essa necessidade imediatista de tudo fazer sentido no agora não ser satisfeita, concretizada é que ele sente que o seu mundo, não é o da escola. De tal forma, entendendo esta dita necessidade, o jovem não se encontra dentro do espaço de ensino, a necessidade de encontro e completar-se se faz fora, na rua, no bairro, no seu grupo, com os seus.
O grande desafio da escola está em aproveitar esta era tecnológica na qual o jovem está inserido e vive, e traze-lo como instrumento no ensino, dar significado ao uso da tecnologia, pois o feeling de sentir a ligação entre ensino e sua possibilidade de ampliação e aplicação com tecnologia.
O termo “trabalho” deve ser esclarecido, devido a sua amplitude conceitual, tendo cada individuo uma interpretação pessoal devido sua experiência com o “trabalho”. Sendo clara esta percepção de diferentes modos de “trabalhos” em nossos jovens na sala de aula.
É sabido, claro e, efetivo que as diferenças do referido conceito para nossos jovens, em nossa realidade, confundem, misturam e não interpretam as diferenças. Ora, um trabalha para sustentar a família, outro para manter sua necessidade pessoais (roupas, calçados, bolsas, festas, vícios, etc.), e aqueles que trabalham sabendo seus direitos. Outros ainda não sabem que tem direitos trabalhistas, ou não se contextualizam como mão de obra barata e explorada. E por mais triste que seja a realidade, temos de afirmar que nossos alunos ainda trabalham com o serviço noturno de descaminho à beira do Lago do Itaipu, tendo a parte da sociedade como cumplice destes atos, pois lhes é conveniente.
Sendo essa uma necessidade de discussão não somente no âmbito da educação, mas também policial, político, econômico.
Com uma leitura clara da realidade, não pode-se descartar que, se o jovem está trabalhando, por motivos financeiros não ligados a sua formação, contata-se que há instituições que deveriam fiscalizar, atentar e preocupar-se para que isso diminua ou até mesmo inexista, o que no momento esta de fato falho.
Por vezes neste conceito o trabalho do próprio professor, de sua profissão “professor” não é considerado ou respeitado como trabalho digno e efetivo. Faltando a atitude de compreender que a sala de aula é nosso lugar de trabalho, que exige um respeito, ou uma postura adequada e pertinente.
Não se pode esquecer as mudanças que a globalização impôs em todos os âmbitos da vida humana. E nesse girar do globo terrestre, mais uma vez a educação fica com o fardo de salvar todos os que dela dependem.
A educação é vista como o lugar onde os seres devem ser e manter-se estáticos, existindo um indivíduo formado para indicar um caminho que não se deseja seguir, a falta de tecnologia é visível, as regras são algo nada agradável para cumprir. Mas por quê?
Os jovens estão cada vez mais com dificuldades de adaptação a esse tipo de escola, a qual está organizada para verticalização de hierarquias e linearidade na forma da socialização de informações e conhecimentos historicamente construídos pela humanidade.
Cada jovem produz uma maneira específica de valorizar a escola, tendo como referencial seus pertencimentos aos diferentes contextos sociais, podendo ser:
o Por “motivação”, onde jovens da classe média, filhos de pais escolarizados, os quais vem na educação um futuro promissor para seus filhos, diferentemente dos jovens das camadas populares, cujos pais e amigos de bairro não expressam esse significado;
o Uma “obrigação”, que os pais e a sociedade impõem;
o A “inserção no mercado de trabalho”, de modo que a escola contribua para sua mobilidade social;
o Alguns consideram o aprendizado que a escola proporciona para a vida.
o Para a grande maioria dos jovens, o valor da escola está no fato de ser um local em que encontram amigos, fazem amizades e se relacionam.
Percebendo essa realidade, verifica-se que a sociabilidade é a dimensão central na vida dos jovens, a qual deve ser estimulada e incentivada por meio de atividades interativas, diálogo, organização autônoma e a produção coletiva, além do que eles esperam que tudo que os professores ensinem faça sentido à vida deles. E o professor tem papel importante nesse processo, pois não existe processo educativo sem sujeitos concretos, e ao professor compete estar inserido no universo juvenil para mediar tal construção de sociabilidade.