COLÉGIO ESTADUAL JARDIM CONSOLATA CASCAVEL – PR - Por Luiz Carlos Frederick - Discussão sobre as afirmações a respeito do que é ensinar ciências.
O quadro que apresenta o que a ciência é o que não o caracteriza, nos ajuda a compreender a sua importante tarefa no processo ensino-aprendizagem. Muitas vezes, nós educadores somos tentados a realizar exercícios, atividades práticas, fórmulas, exemplos e aplicações práticas descoladas de um contexto e isoladas do conhecimento científico, apresentando-a como uma realidade dogmática, em que não se questiona e a ciência é concebida como uma verdade imutável.
O cientista René Dubos em sua obra, O despertar da razão, Edusp, 1972, confirma o que estamos discutindo, quando afirma que a "ciência não é um saber neutro, desinteressado, puramente intelectual, à margem do questionamento social e político acerca dos fins de suas pesquisas". Daí dizer que se faz necessário retirar do conceito de ciência a falsa ideia de ser ela a única explicação da realidade, um conhecimento "infalível", pois há muito de construção nos modelos científicos e estes são resultados coletivos e não como se estudava até pouco tempo atrás, quando as grandes realizações científicas eram frutos de gênios individuais. Também é importante considerar que a ciência está em constante evolução e suas teorias, ainda que comprovadas, são de certo modo provisórias.
Assim, podemos compreender que ensinar ciências é uma tarefa complexa, que vai muito além de visões assimiladas pelo senso comum que apresentam o conhecimento científico como algo inédito, miraculoso, de gênios e inventores que detinham fórmulas e resoluções extraordinárias. Trata-se de mostrar que todos os estudantes podem sim se aproximar deste conhecimento e através da pesquisa, de estudos, de experimentos e da assessoria dos seus professores de física, química e biologia principalmente poderão dar passos importantes para se apropriar destes conhecimentos e aprofundar as teorias, trazendo-as para a nossa realidade, com o objetivo de torná-las acessíveis e serem um contributo importante para possíveis transformações.
Podemos também construir situações pedagógicas a partir do conhecimento científico da física, química e biologia que contribuam para mudanças de atitudes no ambiente escolar e no entorno da própria comunidade escolar, como por exemplo, na realização de atividades coletivas a partir do tema sustentabilidade, com o objetivo de combater o desperdício de água, luz, reincidência do lixo, aproveitamento dos espaços tanto na escola como em outros locais para o cultivo de verduras, frutas, separação de resíduos entre outras possibilidades. Estas atividades práticas envolvem o conjunto dos alunos, professores, funcionários e comunidade escolar e poderá corroborar para uma consciência responsável do espaço natural em que estamos inseridos. Faz-se necessário posteriormente avaliar estas práticas e com a ajuda dos professores das referidas disciplinas, aprofundar o conhecimento científico utilizado e as relações entre os diferentes campos da ciência.
