Colégio Estadual Ir. Germano Rhoden - Caderno lV - Linguagem - O enigma de Kaspar Hauser

O enigma de Kaspar Hauser:

            O jovem Kaspar Hauser, vive preso numa caverna, sem o convívio social e privado da linguagem. Tratado com pão e água, por um senhor desconhecido que vinha alimentá-lo, e o fazia escrever algumas palavras. Bastante debilitado e com dificuldades de coordenação motora (não sentava, não andava e não ficava em pé sozinho). Também estava bastante machucado devido aos maus tratos.

            Aos dezesseis anos foi levado a uma comunidade alemã, onde sofre com a discriminação, curiosidade e desprezo, em virtude de seu estado e por não corresponder aos padrões de comportamento tidos como normal para a época, aos poucos lhe ensinaram a fala, postura e convivência social. Mas esse desenvolvimento e socialização são restritos e isso dificultou seu processo de aprendizagem.

            Sofre muito em função da dificuldade de entender o mundo e os acontecimentos. Não consegue distinguir sonho de realidade. Nem abstrair certos fatos.

            Observamos que mesmo aprendendo a falar e escrever (com dificuldade), Kaspar não compreende o sentido da linguagem. Quando falamos em cadeia, por exemplo, automaticamente, vem a imagem de uma prisão (um lugar fechado), mas para Kaspar isso era impossível, pois não conseguia associar a ideia concreta com o significado da palavra. Isso reforça a importância do processo de assimilação que nada mais é, do que um processo cognitivo, que consiste em classificar novos eventos com base em esquemas já existentes.

            Kaspar apresentava uma linguagem verbal compassada (lenta), provavelmente resultado de seu processo de aprendizagem tardio, pois ficou muitos anos em isolamento. Além disso, mesmo depois de sua “ressocialização”, ainda apresentava baixa autoestima, pois em vários momentos do filme se refere a si mesmo como uma pessoa sem importância e buscava isolar-se.

            Dessa forma, podemos dizer, conforme o Behaviorismo, que o ser humano se desenvolve socialmente, ou seja, passa a ser aceito quando está inserido na sociedade e consegue se relacionar. Kaspar passou por esse processo de inserção depois de adulto, quando a maioria dos seres humanos já nasce inserido socialmente. Portanto sua linguagem também ficou comprometida por esses fatores sociais. Teve que aprender a todo o processo de linguagem depois de adulto. Mesmo assim esse processo foi rápido, levando-se em consideração todos os fatores (sem família, convivência com pessoas estranhas, confinamento, preconceito e os problemas cognitivos). No entanto a linguagem não adquiriu, ao longo de sua vida, o mesmo sentido que tem para as outras pessoas. A impressão que temos é de que, ele aprendeu por imposição e não por necessidade ou vontade própria.