COLÉGIO ESTADUAL GUILHERME PEREIRA NETO - REFLEXÃO E AÇÃO I E II - CADERNO 1

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO ETAPA II - CADERNO I - REFLEXÃO E AÇÃO I
A FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL: A ARTICULAÇÃO ENTRE OS DIREITOS À APRENDIZAGEM E AO DESENVOLVIMENTO HUMANO E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O início deste caderno traz grandes desafios, dando sequência ao estudo de melhoramento do Ensino Médio vamos virar nosso foco para a importância dos professores e coordenadores pedagógicos no planejamento e organização da vida escolar, seja ela, no âmbito educacional, social e político. Sendo assim a Escola junto à comunidade automaticamente ganha direito a voz e voto nas discussões. A Participação de todos na interpretação das Diretrizes nacionais para o ensino médio (DCNEM), mais que uma leitura e interpretação trata-se de um redesenho do currículo e do PPP.
Com essa visão neste caderno discutiremos a organização do trabalho pedagógico e voltaremos nossa visão para por em prática os fundamentos estudados na Etapa I. Isto requer uma ação conjunta no pensar, executar e avaliar questões relativas à política escolar (PPP, DCNEM, etc), isto por que não há como ocorrer à dissociabilidade entre educação e pratica escolar. Para que isso ocorra há a necessidade de uma discussão e organização de todo trabalho pedagógico no sentido de uma melhor organização do currículo escolar; que devera ser participativo, ou seja, deverá ser fruto de uma ação coletiva e as pessoas envolvidas assumindo um papel ativo.
Neste processo de chamamento de todos a terem um envolvimento escolar tentaremos também com vistas à legislação escolar despertar os professores e as professoras a terem mais interesse no processo de eleição a diretor escolar.
Sendo assim apresento os temas que serão estudados neste caderno para estudo e discussão de todos:
A primeira, questão humana integral, sua articulação entre os direitos a aprendizagem e a organização do trabalho pedagógico. A segunda, reflexão a respeito das ferramentas de planejamento participativo como mediações da organização do trabalho pedagógico. A terceira, escola como lócus da formação continuada, reconfigurando as ações pedagógicas de professores, coordenadores pedagógicos e gestores no contexto da hora atividade.
A “nova” organização da sociedade de acordo com a constituição de 1988 determina a obrigatoriedade do Estado em atender a demanda da sociedade, no que diz respeito à educação, saúde e assistência social, principalmente quando outros grupos ditos minorias se juntam reivindicando seus direitos. Uma vez que existem leis que garantam certos direitos constitucionais e estes não são cumpridas, abre-se aí uma janela para as lutas políticas que venham garantir judicialmente os direitos sociais.  Muitas vezes essa representação ou contato com os meios políticos se dão por meio de abaixo assinado, audiência, conferencias, fóruns, conselhos etc. Estes se tornam canais de comunicação que aproxima a população dos políticos, fazendo com que o processo democrático ganhe maior amplitude (o que não quer dizer que seja plena). È somente por meio de lutas sociais exigindo mais e maior ação política que as camadas mais baixas da sociedade conseguem maior acessibilidade ao direito à educação, e é aí, que se insere a organização do trabalho pedagógico.
São através de ações deste tipo que fazem com que se rompam os processos de exclusão que existe em nossa sociedade, é só assim que rompemos com a barreira do preconceito, ou seja, cobrando e fazendo com que o governo se obrigue a oferecer educação escolar de 4 a 17 anos de idade, junto a isso vem toda necessidade de uma melhor organização da vida escolar em consonância com o DCNEM, e estes inegavelmente terá reflexo na organização dos currículos educacionais do ensino médio; não podemos deixar de fora a participação da comunidade de modo geral e boa elaboração de um PPP.
Sendo assim, a pratica escolar voltará sua visão a formação humana integral, esse ponto aqui nos permite perceber a lógica do ensino no Brasil, uma lógica econômica, este quer preparar, mão de obra para o mercado de trabalho; a segunda lógica visa à formação das elites dirigentes com vistas ao acesso a educação superior, como já foi visto em cadernos anteriores. Esta clara divisão aqui exposta resulta que, quando o primeiro grupo atinge a universidade, este é na formação de professores que trazem consigo de berço características diversas: étnico, social, cultural, econômico, gênero etc. Porém com um fator importante: a luta pela democracia.
É de extrema importância, além da competência profissional, o grau de reconhecimento e ligação fraterno do aluno com o professor no despertar do interesse do educando com a escola. Contudo sabemos que na realidade vivida há diferenças nos olhares destes dois grupos, e é exatamente por isso que ressaltamos a importância do redesenho do currículo escolar buscando ações criativas e inteligentes para resolver tais casos.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO – ETAPA II CADERNO I - REFLEXÃO E AÇÃO 2

Valorização e interpretação do planejamento participativo: Projeto Político Pedagógico, Proposta Pedagógica Curricular, Plano de Trabalho Docente, Regimento Escolar e Estatuto(s) como mediações para a organização do Trabalho Pedagógico Escolar.
O PPP, o PPC, o PTD, o Regimento Escolar e os Estatutos são “contratos” norteadores do trabalho pedagógico que visam construir um ambiente escolar saudável, humanizador, combatendo o preconceito, o racismo e as diversas formas de discriminação.
O Projeto Político Pedagógico traduz a proposta educativa construída pela comunidade escolar, colocando em exercício a autonomia da escola. Nele precisa constar o marco situacional - o diagnóstico da escola (aspectos pedagógicos, administrativos, estrutura física, índices de reprovação e evasão etc.), o marco conceitual (onde se pretende chegar) e o marco operacional (ações desenvolvidas pra aproximar os marcos situacional e conceitual).  As DCNEM são o núcleo do PPP, que não deve ser apenas um texto burocrático, mas envolver verdadeiramente todos os agentes escolares (docente, discente, direção, equipe pedagógica, funcionários e comunidade), caso contrário as atividades e trabalhos desenvolvidos na escola apresentarão baixíssima eficiência. O PPP deve ser revisto e reescrito com frequência, haja vista a necessidade de adaptá-lo de acordo com as demandas da escola, permitindo, assim, corrigir os rumos e incentivar práticas educativas que transformem a realidade.
O PPC (Proposta Pedagógica Curricular) serve pra redesenhar o currículo do Ensino Médio, de acordo com as Diretrizes. Nele constam a seleção de conteúdos, as metodologias do ensino e as práticas avaliativas. Obviamente também há a necessidade de construí-lo com uma ação conjunta de todos os sujeitos da escola, a fim de que juntos possam crescer.
O Plano de Trabalho Docente (PTD) organiza a prática pedagógica em sala de aula para que se atinja a formação humana integral. Configura na formação continuada dos professores e precisa ser construído por meio das experiências e conhecimentos de todos os professores, e não solitariamente com um caráter burocrático.
O Regimento Escolar estabelece direitos e deveres para todos os integrantes da escola, inclusive a família. Também identifica a organização administrativa, didática e pedagógica da escola. Os Estatutos (APMF, Conselho Escolar e Grêmio Estudantil) efetivam o processo de gestão participativa e decisão coletiva no processo ensino-aprendizagem.
Todos os “contratos” não devem ser vistos como textos burocráticos, não devem ser escritos só por um processo de regulamentação de documentos escolares, como acontece em muitas escolas. Não observamos de forma efetiva uma participação democrática de todos os sujeitos envolvidos na escola, e isso é um retrocesso, comprometendo a eficiência da escola na sua função de formar integralmente os estudantes. E não haverá mudança enquanto tivermos um olhar individual/solitário no processo, ao invés de um apoio coletivo, que enriquece as práticas educacionais pelas trocas de conhecimento e experiências de cada um.
Particularmente na nossa escola, as idéias e opiniões dos discentes são negligenciadas, muitas vezes eles não são vistos como participantes do processo pedagógico. A falta de um Grêmio é a prova disso. Não tem como haver uma construção coletiva sem a participação dos estudantes.