COLÉGIO ESTADUAL GUILHERME PEREIRA NETO - FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO CADERNO III

REFLEXÃO E AÇÃO I CADERNO III - As decisões sobre currículo se instituem como seleção. Na medida em que se trata de uma seleção, e que esta não é neutra, faz-se necessário clareza sobre quais critérios orientam esse processo de escolha. “ que relações existem entre o que  eu ensino e o mundo do trabalho, da ciência, da tecnologia da cultura?”

O ensino médio ao longo de sua história já teve como foco, a formação (preparação)  acadêmica e ora voltada para a formação técnica. Isto, comprova a veracidade daquilo que o ministro Capanema dizia, “que o ensino no Brasil era elitista, que visava formar uma elite condutora e uma camada voltada para a atividade laboral” (a fragmentação do ensino). Fica assim evidenciado a má estruturação do ensino já em seu currículo, pois nota-se nele que há uma dissociação de uma realidade vivida, pois com este estilo de ensino focado no o ato da repetição levamos a um adestramento e não ao aprendizado com contextualização.
Isto nos leva a pensar na elaboração de um currículo a contemplar a formação de alunos cidadãos com suas experiências vividas trazidas para o espaço escolar. Nesse sentido percebemos a necessidade de dizer não aos currículos com características pragmáticas e de imediatismo; ou seja fugir do lugar comum, do prático. A reflexão deve ser maior e partir de uma formação humana integral, para isto se faz necessário mergulhar no mundo ou nos mundos dos jovens, conhecendo e entendendo suas identidades, culturas e necessidades, para tanto, é necessário um contínuo diálogo com a comunidade jovem para a elaboração de um currículo.
Uma das coisas que deveria facilitar o planejamento escolar para o ensino médio seria dar um basta na dicotomia (divisão) entre o humanismo e a tecnologia, pois é justamente isto que diz a resolução CNE/CEB 02/2012, que orienta as dimensões de trabalho entre docentes usando as relações entre trabalho, ciência, tecnologia e cultura na elaboração dos currículos, ferramentas estas tão bem adaptadas ao cotidiano dos jovens, sendo assim poderíamos organizar aulas, debates e atividades sob um eixo comum; fazendo-se assim traremos para um campo em que ele domina bem e caberia a nós professores fazer as interligações para que este eixo dialogue com o projeto pedagógico.
Neste sentido vem a tona a discussão a respeito do planejamento escolar (currículo), ou seja a utilidade pratica no cotidiano de tudo que trabalhado ao longo do ano com o aluno e suas correlações, isto parte de uma pré suposição de que toda ação do professor na escola é planejada e visa encaminhar o aluno a uma reflexão onde o professor não fica neutro neste processo e muitas pessoas estão envolvidas, por ser uma ação  coletiva; professores, equipe pedagógica, gestores, comunidade e jovens, esta atitude fundamenta uma ação social coletiva buscando a qualidade na educação.
A ideia de planejamento escolar não é algo original, ela surgiu a partir dos parâmetros de organização criados por F.W Taylor, para a organização do trabalho fabril (sec. XX), porém ele foi ganhando “cara” nova e características próprias ao longo do próprio sec. XX com Bobbt e Tayler, ou seja, foram dando procedimentos técnicos adequados. Estes foram muito criticados pela sociedade, por que queriam mais eficiência (pedagógico e social), pois deveria ter apenas uma adaptação dos jovens e a aceitação daquilo que já existia, ou seja, a ordem social vigente.
Existem teorias críticas sobre os currículos que de forma geral ficam em torno destas relações tais como: economia, poder, gênero e etnia. Os currículos podem representar uma forma de resistência (segundo a visão de H. Giroux)  e ao mesmo tempo adaptam-se aos indivíduos e a sociedade; Daí surgem algumas ideias centrais, tais como: emancipação e libertação. A partir daí caberia a escola trabalha-la na transformação desta ideia em algo pró emancipação humana.
A criticidade dentro do planejamento torna-se quase obrigatório problematizar as questões de dominação e poder, no sentido de como elas são tratadas dentro das escolas e de como essas relações são apresentadas e discutidas, pois o planejamento tem a função de articular o contexto sócio-histórico-cultural, e nesse sentido é necessário que a escola conheça bem qual é o “nicho” em que a escola esta inserida, assim fica mais fácil definir seu planejamento, tanto no contexto prescritivo dentro da dimensão explicativa e prescritiva, ou seja, ela conseguiria traçar seu ponto de chegada e qual o caminho a ser seguido, dentro desta temática que nos é colocada hoje (trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura).

 

           

SUJEITOS DO ENSINO MÉDIO, CONHECIMENTO ESCOLAR E AS DIMENSÕES DO TRABALHO, DA CIENCIA, DA TECNOLOGIA E DA CULTURA

-REFLEXÃO E AÇÃO II CADERNO III: Quais as proposições que mais geraram debate? A que você atribui que tenham sido estas questões mais polemicas?

  Na realidade nosso debate girou em torno da centralidade do aluno e de seu protagonismo, da importância do trabalho ciência, cultura e tecnologia. Para tanto fizemos um debate em torno do planejamento do professor e de sua preparo para lidar com esse jovem tão ligado a tecnologia. 
Pensando em modernizar a elaboração currículo, sentimos a necessidade de dar um caráter central ao sujeito, trazendo ele (aluno) ao centro, assim fazendo haverá um deslocamento da visão abstrata, iluminista e racionalista trazendo-o para uma visão da história social forçando assim a construção do conhecimento. Para tanto é necessário o conhecimento do contexto social e territorial (nicho) do jovem que geralmente não foge do tradicional: setor pobre da sociedade, filho de trabalhadores braçais de  diversas regiões do estado ou da nação que devido a percalços da vida, como por exemplo necessidades alimentares, que o leva ao trabalho fazem com que enfrentem também a  defasagem escolar (idade).
Jovens em condições sócio econômicas semelhantes podem optar por caminhos  diferentes, isto prova que eles dispõe de uma certa autonomia e protagonismo, isto vem se chocar a engessada e formal escola, neste sentido a escola passa a ser um ambiente hostil, pois torna-se um ambiente de confronto e  não de discussão pedagógica.
Se o jovem deve ser o sujeito central nas escolas, torna-se inviável a homogeneidade ou o seu protagonismo, já que os jovens como sujeito não são padronizados. Isto não quer dizer que conhecimentos científicos, éticos e estéticos não sejam garantido e isto é justificado justamente pela diversidade destes sujeitos, ou seja, uma universalidade histórica construída a partir dessa diversidade.       
Temos hoje um sistema excludente nas escolas com processos seletivos determinados por questões econômicas e que busca prepará-los para o mercado de trabalho. Para mudar isso, temos que dar espaço ao jovem, trazer ele ao centro e dar a ele o protagonismo no ambiente escolar.   É necessário o dialogo entre trabalho, ciência, tecnologia e cultura. Aqui o conceito de trabalho é posto  como mediação central e como sendo um objetivo de vida inerente ao ser humano e de  suas capacidades humanas gerais. Sendo assim o trabalho no sentido aqui posto ajuda na formação  de conhecimentos, cultura e na organização  do pedagógico curricular.
Esta concepção de trabalho esta associado a ciência e tecnologia, estes conhecimentos são legitimados e contribuem de maneira positiva na transformação da sociedade e dos fenômenos naturais e sociais. Uma vez esses jovens se apropriando destes saberes,  o transformarão em força produtiva para si.
A ciência e tecnologia juntas transformam o jovem e a sociedade, pois estes penetram no chamado conhecimento do jovem e tornando de certo modo aplicável por ele, consequentemente o trará já intrínseco a sua cultura, como fruto de uma articulação entre conhecimentos. Assim a apropriação destes conhecimentos (trabalho, ciência, tecnologia e cultura) passam a ser vistos como princípios educativos e faz despertar nos jovens potencialidades antes reprimida.
Neste sentido se faz necessário uma melhor ou maior capacitação dos professores para também mergulhar nesse mundo e transformar, ou mudar seus planejamentos (ou diretrizes), de modo a trazer o jovem ao protagonismo e tendo como aliado a ciência, tecnologia e a cultura.