Colégio Estadual Cecília Meireles - Ampére - Reflexão referente ao Caderno 2

Com base no que foi trabalhado nos encontros sobre o Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio do caderno 2 – O jovem como sujeito do ensino médio, constata-se que os aspectos que devemos levar em conta sobre juventude brasileira que frequenta o ensino médio são vários, dos quais cita-se os seguintes:
Os jovens frequentam o ensino médio por uma expectativa de inserção no mercado de trabalho por meio da busca por uma formação profissional. Há uma expectativa entre eles e seus pais de que o aumento da escolarização possa ampliar as chances de conseguir empregos formais. Essa demanda se apresentava de uma maneira mais forte, tendo em vista que o desemprego entre os jovens é grande.
A relação do jovem com a escola é marcada por uma grande diversidade no âmbito das experiências de trabalho, da escolarização e do lazer. Várias dimensões interferem nas experiências da juventude e nas suas trajetórias de vida, tais como a dimensão da sociabilidade, a identidade grupal, o processo de inserção no mundo do trabalho, a escolarização, as relações afetivas e sexuais, o consumo juvenil e as relações familiares.
Em primeiro lugar, o trabalho é visto como uma possibilidade de proporcionar a independência pessoal, pois trabalhar significava poder sair da esfera doméstica, relacionar-se socialmente e ter uma renda própria independente do provedor da sua família (pai, mãe, marido). Outro sentido observado na fala dos jovens como dignidade, associado à possibilidade de prover sua família com os meios necessários para sobreviver de maneira honesta. Por fim, o trabalho como meio de realização pessoal.
No Brasil, a expansão da educação básica a partir dos anos 1990 leva a um significativo crescimento do acesso à escola por parte da população jovem, no contexto da redemocratização do país, se deu concomitantemente à acelerada urbanização e à exigência de maior escolaridade para o mercado de trabalho, bem como à afirmação em textos legais da educação escolar como um direito de crianças e jovens. Essa movimentação culminou na ampliação das vagas nas escolas de educação básica, fundamentalmente nas escolas de nível fundamental. É a partir da universalização dessa fase do ensino que se percebe uma pressão maior sobre o sistema educacional, para que também o ensino médio se torne um direito de todos.
Nesse contexto de expansão da educação e alargamento do acesso ao ensino médio para jovens de setores populares, o público que chega aos anos finais da educação básica já não é mais homogêneo se comparado aos jovens originários das elites econômicas e culturais que frequentavam as escolas públicas na década de 1970. Ao contrário, esses jovens estudantes apresentam uma diversidade de habilidades, conhecimentos, repertórios culturais e projetos de vida, o que faz com que a escola ganhe novos sentidos na atualidade. O ensino médio, que há décadas atrás era considerado como uma antessala dos estudos universitários, e, como tal, estava “reservada” aos filhos das classes dominantes, o hoje se torna o ensino “final” para a maioria da população. A mudança de sentido e a obrigatoriedade determinam uma série de transformações nos dispositivos e processos escolares.
Assim, mesmo passando por uma série de dificuldades, a escola ainda é apontada como uma importante instituição socializadora que assume lugar privilegiado na vida de grande parte dos jovens e que tem um papel estratégico na distribuição das oportunidades para os mesmos, ao longo de seu percurso de vida. Torna-se significativo o questionamento sobre a importância dessa instituição na vida dos jovens, particularmente no que tange à sua relação com o mundo do trabalho, já que ele se constitui em uma dimensão central da experiência juvenil.
Compreender as relações entre juventude e escola exige grande esforço. Trata-se, sobretudo, de aproximar-se do cotidiano dos jovens e procurar entender suas motivações, disposições, estratégias de ação e sentidos elaborados em relação à escola. Dessa forma, poderemos questionar: quais expectativas os jovens alimentam quanto ao papel da educação em relação aos seus planos futuros? Quais estratégias de escolarização e profissionalização acionam nesse contexto? Quais sentidos e significados elaboram em relação às suas experiências escolares? Como se dá a experiência de trabalhar e estudar?
Referências
CARRANO, Paulo. Juventude e participação no Brasil – interdições e possibilidades. Democracia Viva –
Especial juventude e política, Rio de Janeiro, n. 30, p. 3-5, jan./mar. 2006.
CORTI, Ana Paula; SOUZA, Raquel. Diálogos com o mundo juvenil: subsídios para educadores. São Paulo: Ação Educativa, 2004.
FANFANI, Emilio. Culturas jovens e cultura escolar. In: SEMINÁRIO “ESCOLA JOVEM: UM NOVO OLHAR SOBRE O ENSINO MÉDIO. Documentos...Brasília/MEC, 2000.
HASENBALG, Carlos. A transição da escola ao mercado de trabalho. In: HASENBALG, C.; SILVA, N. V. (Org.). Origens e destinos: desigualdades sociais ao longo da vida. Rio de Janeiro: Topbooks, 2003. p. 147-172.