Colégio Estadual Cecília Meireles - Ampére - Reflexão referente ao Caderno 1

Baseado nos registros históricos, durante o Império, a educação como um todo, era restrita  a uma pequena elite, tendo como objetivo prepará-la  para os altos cargos políticos e administrativos. Com o advento da República  em 1889, a incumbência da educação  primária  passa aos Estados, ficando o Governo  Federal encarregado do ensino secundário  e superior, mas permanecendo uma nítida  diferença entre ensino popular e o ensino normal e profissional, para as elites. A  partir de 1930, com o Estado Novo e as Leis Orgânicas do Ensino, criaram-se as escolas  secundárias  profissionalizantes. Posteriormente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação  Nacional,  de 1961, estabeleceu a completa equivalência dos cursos técnicos profissionalizantes ao secundário, para efeito de ingresso em cursos superiores. Com o fim da ditadura militar (1964 a 1985) e a nova Constituição de 1988, observa-se que a política neoconservadora estabelece, através do “modelo de competências”, uma relação direta subordinada ao sistema produtivo, perdendo de vista o aprendizado teórico mais amplo.
          Já no Governo Lula, foram feitas uma série de alterações no Ensino Médio, visando ampliar e fortalecer as redes estaduais de educação profissional e tecnológica, objetivando “ integrar  o conhecimento do ensino médio à prática”.
          Como vimos ao longo dos últimos 200 anos foram muitas as alterações ocorridas na educação em nosso país, sempre tentando preparar o cidadão para o trabalho e o convívio social, participando, primeiramente de forma restrita a poucos, mas hoje já de forma quase universal .Se é um fato louvável tais conquistas , há dúvidas se aquilo que se está oferecendo na educação , principalmente no ensino médio, é o melhor e o mais adequado para o cidadão do amanhã . Parece-nos que algumas disciplinas básicas  como Português e Matemática, estão perdendo terreno para outras disciplinas  complementares, levando os nossos alunos a encontrarem dificuldades em acompanhar o que lhes é ensinado, por falta de base em termos de leitura, interpretação e escrita.
          Também não se pode deixar de mencionar o bom preparo de cada professor; ambiente e recursos adequados das escolas; equipe pedagógica e gestão participativa,  firme, competente; participação responsável da família do aluno, além do incentivo permanente em sala de aula na busca do conhecimento, tudo isso levará a resultados muito positivos para a educação.
Quando se fala em “ensinos médios”, é preciso que se faça distinção entre os diferentes cursos técnicos ou regulares que são oferecidos  nessa etapa de estudos e os “ensinos médios” de maior  ou menor qualidade. Se nos referimos às diferentes qualidades de educação  que se oferta aos estudantes, aí a questão é bem mais séria, pois na Constituição de 5 de outubro  de 1988, entre os Artigos 205 a 214, reza uma série de obrigações que o estado deveria cumprir em favor da educação, mas que muitas não foram  e nem vêm sendo cumpridas, daí talvez nasceu alguns dos muitos problemas que temos para que se pudesse ofertar uma educação de qualidade e de forma universal.
          Quando se diz que a grande maioria do número de alunos do Ensino Médio está nas escolas públicas, isso é natural, pois é compromisso constitucional, pois para isso a população paga tributos.
         Quanto à reprovação de em torno de um quarto dos alunos  que chegam no ensino médio , e aqui em Ampére não é diferente dos demais  lugares, creio que é um dos fatores fundamentais  se inicia com a alfabetização  e os primeiros anos do ensino  fundamental , que se não for feita de forma adequada , com muito ênfase na leitura, escrita e cálculo, esses alunos não conseguem acompanhar e assimilar os conhecimentos das séries seguintes, vindo muitos deles a abandonar a escola por essa causa.
          Muitos pais da atualidade em nosso município , quando estudantes, trabalharam e estudaram, e hoje tem condições de manter seus filhos, encaminhá-los da melhor maneira possível, isso porque levaram a sério os objetivos  que tinham para si e sua família. Quando cada um fizer adequadamente a sua parte, somando-se o que cabe ao Estado, cada família, a escola e seus professores, teremos criado uma nova realidade e um Brasil verdadeiramente para todos.
        Se o caminho para chegar às melhores universidades públicas são as escolas privadas , por que as escolas públicas não procuram saber o que se faz nelas para transmitir educação de qualidade?
       Prega-se muito o direito igualitário a todos e a formação  integral do estudante, é importante lembrarmos que vivemos num mundo capitalista, sendo que uns países mais e outros menos. Assim sendo, tem méritos quem mais trabalha, quem mais estuda, quem mais persegue seus objetivos. Para quem é cristão, essa questão é histórica: “Ganharás o teu sustento com o suor  do teu rosto.” Se assim foi estabelecido, é preciso que haja cobrança do que compete a cada um: o estado fazendo a sua parte; a família, a sua; a escola, com sua infraestrutura e funcionários, a sua; os professores, a sua e, os estudantes, indispensavelmente, a sua parte. Não adianta passar a mão, fingindo que o problema não é seu, ou que “você não sabe de nada”. É triste para nós brasileiros termos um país como o nosso e não termos a necessária competência para gerenciá-lo, ou a seriedade necessária para ocuparmos os cargos ou incumbência que temos em nossas mãos.
          Resolver tudo a curto prazo não é possível , mas já estamos muito atrasados , basta que se veja alguns países , com população enorme e terras grandemente desfavoráveis , mas que no prazo  de uma geração ou pouco mais , estão conseguindo chegar ao topo do desenvolvimento, dando ao seu povo a qualidade de vida que merecem.
       Pergunta-se: não dá para imitá-los ou ver de perto o que fizeram  e estão fazendo? Está nos faltando competência técnica e compromisso ético, que se revelem em uma atuação profissional pautada pelas transformações sociais, políticas e culturais necessárias à edificação de uma sociedade mais igualitária, conforme se preconiza.
      Nessa linha de pensamento, é preciso incorporar ao currículo conhecimentos que contribuam para a compreensão do trabalho como um  princípio educativo. Esse princípio permite assimilar o significado econômico, social, histórico, político e cultural como um todo. Dessa forma, é na busca da construção da própria  existência que o homem gera conhecimento e competências, com os quais buscará a superação dos problemas que a vida lhe apresenta no dia a dia.
      Todos são capazes, todos possuem os seus talentos, basta que a escola e seus professores sejam capazes de despertá-los para a realidade da vida, incutindo –lhes princípios dos vencedores e preparando-os para superar com serenidade as rápidas transformações do atual mundo em que vivemos.
     Um dos grandes desafios a serem superados pela educação no Ensino Médio é fazer com que os nossos jovens se matriculem no 1º ano e concluam com sucesso essa etapa. Para que isso ocorra, é preciso que eles se sintam atraídos para isso, que vejam na conclusão do ensino Médio  uma alavanca importante para o seu futuro. Muitos desses jovens chegam ao Ensino Médio sem os necessários conhecimentos parta poderem ter um desempenho satisfatório nessa etapa de seus estudos e, quando percebem que a cada dia vão tendo mais dificuldades, acabam por abandonar a escola. Soma-se a isso, uma série de outros fatores, dentre eles os que frequentam a escola noturna e que trabalham durante o dia.
       Para que venhamos a ter um Ensino Médio de forma universal, há que se investir na oferta de oportunidade para todos, e com escolas com toda a infraestrutura que se requer para isso. Que a escola tenha uma gestão comprometida e eficiente na busca de seus objetivos, pois a escola não se diferencia muito de uma empresa comercial ou industrial, que se obrigam a ter resultados positivos, sob pena de serem fechadas.
     Quanto aos professores, estes devem ter a necessária formação dentro de sua área de atuação, com recompensa financeira na medida em que forem se aperfeiçoando mais em suas áreas específicas e os resultados forem positivos com seus alunos em sala de aula. Para que isso traga resultados, todo professor terá que ter o necessário comprometimento com a qualidade da educação e com o seu compromisso como professor. é claro que com a devida valorização pelo trabalho que realiza, julgo eu que caberia às mais destacadas inteligências da nossa sociedade serem os professores de nossos filhos, como o é em muitas nações do mundo.
     Já os nossos alunos deveriam ser incentivados para a busca do conhecimento, começar pelas famílias, estimulando seus filhos para a leitura, o cálculo, para a curiosidade de saber coisas novas. Incutir nos jovens que o conhecimento tem o poder de mudar nossa vida para melhor. Educá-los para responsabilidade, mostrando-lhes que cada dever cumprido normalmente temos um direito adquirido e não enchê-los de direitos sem chamar-lhes a atenção dos necessários deveres correspondentes.
Infelizmente as leis brasileiras estão se tornando muito permissivas, muito liberais. Nada se pode dizer ou fazer que contrariem a vontade de nossos jovens. Notadamente no ensino noturno, há alunos que estão em sala só por número, normalmente estorvando os outros que querem aprender, sem serem punidos por isso. Os professores se sentem frustrados e desanimados do seu trabalho, a turma toda não aprende o mínimo necessário e a qualidade da educação que temos é essa que todos sabem.