COLÉGIO ESTADUAL ARNALDO BUSATO – ENSINO FUNDAMENTAL, MÉDIO E NORMAL - VERÊ – PARANÁ
Etapa 1 - Caderno 2: O jovem como sujeito do Ensino Médio
ORIENTADORA DE ESTUDOS: Marcia Corrêa Zanette
CURSISTAS:
Alexandro Carlos Lohn
Cleusa Ceccon da Silva
Clézia Ceccon Garbossa
Elisabete Copelli
Elsio Cássio Guarese
Gustavo Dengo
Lorena Regina Schmitz
Mara Cristina Calgarotto
Margarete Raitz
Ronaldo Jaguczeski
Rosane Maria Beal Silva
Selvina Januária Sezinandi
Solange Lezita de Lima
Tânia Margarete de Lima
Tânia Regina Moreschi Fabiane
Teresinha Carini Gorges
Valter Crestani
Zulmira Aparecida Raitz Guzzella
O jovem como sujeito do Ensino Médio
Ao pensarmos a escola e suas relações, comumente surgem os “culpados”, ora professores, ora alunos. Na busca de construir novos relacionamentos é necessário rever a forma de “olhar” nossos jovens, suas necessidades, expectativas e sonhos. A atitude de ouvir, reconhecer e valorizar o que pensam é essencial para que possamos nos identificar com estas “juventudes” e compreender suas ações, para que ampliações do campo de possibilidades sejam possíveis para atingir a formação humana.
Ao revermos o currículo é importante que a cultura esteja contemplada, pois esta é uma das maneiras mais eficazes para manifestação de novas tendências e até mesmo para criar conceitos e inserir novas maneiras de abrir a percepção do ser, em relação ao mundo, a vida, ao amor e também as relações humanas.
Essa disposição para ouvir e dialogar nos aproxima dos jovens e faz com que os mesmos percebam que os professores são confiáveis e que sua participação efetiva em debates e reflexões, sua iniciativa, responsabilidade, liberdade, compromisso e criatividade contribuem para assegurar seus direitos. Por isso, organizou-se estratégias para ouvir e valorizar nossos jovens, dentre elas: debates, leituras de textos, apreciação do perfil sócio econômico e cultural destes, uso de reportagens, descrições, escrita de cartas e outras.
Em sala de aula, a experiência que vivenciamos partiu do uso de uma reportagem que questionava “Que jovem é esse?”. A pessoa entrevistada relata que a escola não prepara especificamente para o mercado de trabalho, mas não pode virar as costas, pois os problemas identificados nos alunos - falta de domínio da língua, de cultura geral, de capacidade argumentativa e criativa – também são importantes para superar as barreiras da desigualdade e formar cidadãos autônomos. Neste momento iniciou-se o diálogo sobre quem sou, de onde venho e o que espero. Todos responderam que são estudantes, jovens, aprendizes, que estão em formação, que sonham em continuar seus estudos e constituir família; ou seja, traçam caminhos e sonhos. Quanto a família de onde eles vêm, em sua maioria, afirmam que são famílias com história de vida, acolhedoras, dedicadas, compreensíveis e esperam que seus filhos sejam bem-sucedidos. Almejam que o ensino médio seja uma base para sua vida, prepare-os para a universidade e/ou na busca de um bom emprego, que os ajude a ampliar as possibilidades de vida, “pensar diferente”. Também percebe-se que alguns jovens estão sem rumo, sem expectativas e afirmam não saber o que fazer após o ensino médio, são descrentes do futuro.
Diante dessa realidade a escola precisa organizar-se para fortalecer os objetivos dos que estão encaminhados e orientar os que ainda não percebem a importância da escolarização.
Quando o assunto é internet, todos os alunos estão antenados. É algo corriqueiro em seu cotidiano, pois manipulam os computadores com grande precisão, surgindo um leque de informações muito grande a respeito de qualquer assunto. Identificar o que chama atenção, o que é retido na memória de tudo o que visto e lido, é impossível.
Conversamos com nossos jovens a respeito do uso da internet, questionando-os sobre o que dialogam via rede mundial de computadores. O uso desta rede, segundo os alunos, como um meio de comunicação, para fins educativos, entretenimento e informações gerais. Quanto ao acesso, a maioria o faz diariamente, tendo alguns casos que afirmam que o uso da internet é abusivo. Em sua grande maioria, asseguram que conversam com pais, amigos, familiares, namorados e colegas em geral. Os assuntos são variados: festas, acontecimentos cotidianos, segredos, planos, fofocas, escola, trabalho e outros.
Quanto a conversa realizada online há divergências de ideias a respeito de seu valor. Para alguns o conteúdo e as reações são as mesmas, independente da presença ou não do outro. Para outros, a presença é fundamental e esta conversa online se torna informal, sem informações mais particulares.
É nítida a afirmação de que a internet é uma das linguagens dos jovens. Por isso devemos usar esta ferramenta como apoio pedagógico, quem sabe o interesse e o foco nas atividades propostas sejam maiores.
Para continuar nosso trabalho elaboramos uma carta aos estudantes:
Carta aos Estudantes
Olá jovem estudante!
Você sabia que nos preocupamos muito com vocês? Todos os dias pensamos e comentamos sobre a nossa convivência com vocês na escola. Muitas vezes saímos felizes e realizados de nossas aulas quando percebemos que conseguimos ser ouvidos e nos fazermos entender, e em outros momentos saímos tristes, com a certeza de que não cumprimos nosso objetivo. A relação em alguns momentos é tão difícil, não nos entendemos, falta respeito e comprometimento em estudar. Ficamos tão preocupados, pois estudo e aprendizagem somente acontecem quando há sintonia, envolvimento, sede de aprender.
Muitas vezes paramos e discutimos nossa relação, mas nem sempre é fácil, não sabemos se ganhamos ou perdemos tempo. É preciso conversar, não podemos deixar para depois e agora chegou o momento. Percebemos que não conhecemos vocês o suficiente, mas o pouco que sabemos será a base desta nossa conversa.
Sabemos, por exemplo, que vocês estão em uma fase de curiosidades, em que gostariam de experimentar de tudo, vocês querem saber as coisas, mas apenas aquelas do seu interesse, e muitas vezes o que é preciso saber não é dado muito valor. E neste experimentar de tudo, sem orientação de alguém que já viveu essas experiências, pode ser perigoso, pois em alguns casos não há volta.
O simples ato de vir à escola nos diz isso, mesmo que seu comportamento, às vezes, fale o contrário. Queremos entender melhor os seus desejos, seus medos, seus anseios e aquilo que esperam da escola e de nós.
Sabemos que todos somos frutos de um meio social, cultural e familiar que nos cobra e nos dá responsabilidades. Vocês estão em uma idade de transformação na vida, onde é difícil conciliar diversão, namoro, festas e estudo, com a realidade de que esta fase passa rápido e logo serão adultos e as responsabilidades aumentam nesse período da vida, de mudar, de crescer, quando ainda se é jovem.
Os jovens atualmente estão cada vez mais conectados com as mudanças sociais e tecnológicas, anseiam por elas, pois vivem em um mundo cada vez mais globalizado. Você é um desses jovens, você faz parte desta tribo, destes grupos e também das redes sociais. Vocês estão vivos, possuem energia e são capazes de fazer grandes mudanças, nós sabemos disto, pois um dia fomos jovens também.
Como seria importante trazer essa energia da juventude, seus anseios, experiências e saberes para juntos transformarmos e vida da escola. Como faríamos para usar seus esforços para que todos vocês se tornassem mais ricos culturalmente? Aceitam o desafio do diálogo para que a escola seja um ambiente interessante para todos?
Se vocês aceitarem o desafio, podemos fazer da escola um lugar com significado, onde se ampliam horizontes, na qual professor e aluno se compreendam e trabalhem pelo mesmo ideal: viver e conviver bem na sociedade.
Agradecemos pela oportunidade de podermos também expor nossos anseios e dizer que nós somos tão humanos quanto vocês, que também temos dores, ficamos doentes, tristes e felizes, que ficamos ansiosos diante dos resultados dos trabalhos, das provas e dos testes aos quais vocês são submetidos, e que dói em nossa alma registrar uma nota baixa ou até mesmo uma reprovação, chamar a atenção para pedir silêncio quando gostaríamos de fazer o nosso “show” dando aquela aula como se fosse a melhor de todas, ou elogiar quando os estudantes participassem das aulas matando a curiosidade sobre os conteúdos, estaríamos realizados. Ficamos muito chateados ao ouvir da boca dos “nossos estudantes” palavras de baixo nível mostrando do que o coração dessas pessoas está cheio, provavelmente não conhecem as riquezas da comunicação que são as palavras educadas, carinhosas, respeitosas e que abrem qualquer porta no futuro. A maior alegria de um mestre é ver seu discípulo supera-lo e nós temos muitos destes exemplos em nosso colégio, então, que tal vocês fazerem parte desse time e mostrar as pessoas maravilhosas e inteligentes que vocês são e que também podem ser?
Não estamos na escola para competir, criticar ou ofender ninguém, apenas para mostrar valores ora esquecidos e falar da importância de vocês aproveitarem ao máximo cada dia do ano letivo.
Um grande abraço para cada um de vocês que leu esta carta e que fará de seus estudos o alicerce de sua vida futura!
Professores do Ensino Médio do CEAB – 2014
Alexandro Carlos Lohn
Cleusa Ceccon da Silva
Clézia Ceccon Garbossa
Elisabete Copelli
Elsio Cássio Guarese
Gustavo Dengo
Lorena Regina Schmitz
Mara Cristina Calgarotto
Marcia Correa Zanette
Margarete Raitz
Ronaldo Jaguczeski
Rosane Maria Beal Silva
Selvina Januária Sezinandi
Solange Lezita de Lima
Tânia Margarete de Lima
Tânia Regina Moreschi Fabiane
Teresinha Carini Gorges
Valter Crestani
Zulmira Aparecida Raitz Guzella
- Logue-se para poder enviar comentários