COLÉGIO ESTADUAL ARNALDO BUSATO – ENSINO FUNDAMENTAL, MÉDIO E NORMAL - VERÊ – PARANÁ
Etapa 1 - Caderno 1: Ensino Médio e Formação Humana Integral
ORIENTADORA DE ESTUDOS: Marcia Corrêa Zanette
CURSISTAS:
Alexandro Carlos Lohn
Cleusa Ceccon da Silva
Clézia Ceccon Garbossa
Elisabete Copelli
Elsio Cássio Guarese
Gustavo Dengo
Lorena Regina Schmitz
Mara Cristina Calgarotto
Margarete Raitz
Ronaldo Jaguczeski
Rosane Maria Beal Silva
Selvina Januária Sezinandi
Solange Lezita de Lima
Tânia Margarete de Lima
Tânia Regina Moreschi Fabiane
Teresinha Carini Gorges
Valter Crestani
Zulmira Aparecida Raitz Guzzella
Ensino Médio e Formação Humana Integral
Temos muitos desafios para o Ensino Médio, entre eles podemos citar: elitização, reprovação, abandono, baixa frequência, trabalho e falta de perspectiva.
Entendemos que a causa dessa elitização é a própria condição da sociedade capitalista que está condicionada ao mercado de trabalho, devido à necessidade ou consumismo, os jovens e adolescentes, assim como suas famílias priorizam o trabalho em relação aos estudos. Quanto a reprovação, abandono e baixa frequência percebemos que os alunos do Ensino Médio encontram dificuldades em relação ao currículo apresentado, fazendo com que eles não assimilem os conteúdos ou realizem suas tarefas. Temos também os alunos que prejudicam seus estudos devido ao trabalho, alguns por necessidade de sobrevivência e outros por necessidade consumista. E a falta de perspectiva justifica-se pelo meio de onde o aluno é oriundo e muitas vezes a escola não consegue atingir o aluno mudando a sua maneira de pensar e buscando o conhecimento.
Relatório do perfil sócio econômico e cultural dos estudantes de ensino médio de Verê
Este relatório foi elaborado pelos professores do ensino Médio do Colégio Estadual Arnaldo Busato – Ensino Fundamental, Médio e Normal, único estabelecimento que oferta Ensino Médio do Município de Verê. O presente estudo se fez necessário para responder a segunda questão do Caderno I, Ensino Médio e Formação Humana e Integral do Curso Pacto para o Ensino Médio do MEC. O questionamento solicitava o levantamento de dados importantes ao perfil social, cultural e econômico dos sujeitos matriculados no ensino médio em nossa escola.
Para isso, elaborou-se um questionário contendo 32 questões, que foram aplicadas em 13 turmas do ensino médio regular e uma turma de EJA, totalizando 216 alunos presentes na sala de aula no dia de aplicação do questionário. A pesquisa foi realizada na segunda quinzena do mês de julho de 2014 e as questões procuraram elucidar a situação econômica, cultural e social de nossos alunos.
Observando os dados coletados percebe-se que a maioria de nossos estudantes do ensino do ensino médio são mulheres (50,8%) e 99,5% estão solteiros. Sendo que 94,8% estão na faixa etária de 14 a 17 anos, ou seja, em idade normal para cursar o ensino médio.
Quanto à residência percebemos que nossos alunos ainda residem em sua maioria na zona rural (55,3%), são oriundos do estado do Paraná 97,3% e 77,4% nasceram no município de Verê. Hoje temos apenas um aluno do município de Dois Vizinhos que estuda em nossa escola, os demais residem em nosso município.
Considerando o nosso município como residência oficial de nossos alunos, 17,8% deles moram em bairros da periferia da cidade ou conjuntos habitacionais, 28,7% residem no centro da cidade e 53,3% residem em pequenas comunidades do interior.
Em sua grande maioria (90,7%) ainda residem com os pais, 6,2 % residem com parentes e os demais vivem com companheiros e/ou sogros.
Nossas famílias estão reduzindo drasticamente a quantidade de membros ao longo do tempo. 10% de nossos alunos não têm irmãos, 44,2% tem apenas um irmão, 26,5% tem dois irmãos, 10% têm três irmãos e 9,5% tem entre quatro e oito irmãos.
Quanto ao número de pessoas que contribuem com a renda familiar nossos alunos esclarecem que em 81,7% das residências são duas ou três pessoas que ajudam a compor a renda familiar.
Ao analisar a renda familiar percebe-se que 3,1% recebem mais de cinco salários mínimos, a maioria das famílias de nossos alunos (56,2%) recebe entre dois a cinco salários mínimos, 38,1% recebe entre um e dois salários mínimos e 2,6% recebem menos que um salário mínimo. Observando a quantidade de pessoas que vivem com a renda familiar declarada, percebe-se que as famílias são compostas de 3 a 5 pessoas em sua grande maioria (86,2%). De todos os alunos que responderam o questionário, 48,3% declararam que trabalham e estudam e 51,7% apenas estudam e ajudam nos afazeres domésticos. Dos que trabalham 7,1% trabalham na agricultura, 13,2% no comércio e 34,6% em serviços gerais e 45,1% são estudantes. Em sua grande maioria (49,1%) são sustentados pelos pais em função de apenas estudarem. 44,2% trabalham mais são sustentados parcialmente pelos pais e /ou outras pessoas e apenas 6,7% trabalham e se sustentam. Ainda é necessário informar que 31% de nossos alunos recebem benefícios do Governo Federal, como Bolsa Família.
Quando indagados da existência de aparelhos eletrodomésticos essenciais em suas residências os alunos responderam que em 94% das casas há aparelho de som, em 83% das casas há televisão, em 77,3% há DVDs, As geladeiras estão presentes em 90% das casas, enquanto os freezers em 77,8% das residências. Há máquinas de lavar em 97,3% das casas, computadores em 78,7% delas, telefone fixo em 27% das residências, telefone celular em 97% das famílias, tv por assinatura em 27% dos lares, automóvel em 82% e motos em 28% das residências.
Questionados sobre a escolaridade dos pais, nossos alunos afirmaram que 56,6% dos pais têm ensino fundamental incompleto e/ou completo, enquanto que entre as mães este valor é de 55,3%. Ainda é importante destacar que entre os pais 7,5% tem ensino superior, especialização, mestrado e/ou doutorado e entre as mães 9,5%. Outra questão a ser ressaltada é que entre os pais 11% dos alunos não sabem informar qual a escolaridade dos mesmos.
Buscando compreender se nossos alunos estudaram ou estudam em outra instituição além desta, questionamos se já haviam cursado algum curso pré-vestibular e 88,5% deles afirmaram que não. Quanto ao terem cursado algum curso de idiomas (inglês ou espanhol) apenas 21,7% já cursaram e 78,3% teve contato com outros idiomas apenas como disciplina da parte diversificada na escola.
Procurando saber o que nossos alunos fazem em seus momentos de lazer, questionaram-se quais atividades praticam fora da escola e 42% responderam que praticam alguma atividade, quer esportivas, culturais, artes em geral e/ou outras e 58% afirmaram que não praticam atividades extras, além das escolares.
A leitura também é importante para o desenvolvimento intelectual e ampliação de visão de mundo de nossos jovens por isso perguntou-se a quantidade de livros que são lidos durante um ano por cada aluno. 3,1% responderam que a leitura não faz parte de seu cotidiano; 64,2% leem menos de 11 livros anuais; 16,8% leem de onze a quinze livros anuais; 7,5% leem de dezesseis a vinte livros; 5,3% leem de vinte e um a trinta livros anuais e 3,1% leem mais que 30 livros.
Analisando a abrangência dos meios de comunicação na vida de nossos jovens indagou-se com que frequência os mesmos acessam os seguintes meios de comunicação: os jornais são lidos por 10% de nossos jovens diariamente, 39,8% leem às vezes e 50,2% nunca tem acesso a este meio informativo. As revistas são lidas diariamente por 10% dos estudantes, enquanto 27,8%de estudantes leem às vezes e 62,1%dos estudantes nunca leram. A TV é assistida por 92,4% de nossos jovens diariamente, 5,3% assistem às vezes e 2,3% não se interessam por este meio de comunicação. Acessam a internet diariamente 74,7% de nossos alunos, 20,3% acessam às vezes e 5% nunca acessaram. O uso de livros é feito diariamente por 40,2% de nossos alunos, enquanto 36,2% usam às vezes e 23,6% nunca usam. O rádio é ouvido diariamente por 59,3%, 22,2% ouvem às vezes e 18,5% nunca ouvem este meio de informação.
Segundo nossos alunos, nossa sociedade é preconceituosa, sendo que 99,3% afirmam a existência de preconceito contra negros, índios, nordestinos e/ou outros e apenas 6,7% acreditam que não haja preconceito na sociedade em geral. Quando se solicitou sua declaração de cor da pele, 62% se autodeclararam brancos, 33% pardos, 2,6% negros, 1,7% amarelos e 0,7% indígenas.
Quanto à religiosidade 97,7% responderam que receberam esta formação na Infância, sendo que 50,4% concordam que haja o Ensino Religioso nas escolas como opção ou especificamente nas escolas de formação religiosa. Quanto a sua participação em cultos religiosos 77,7% afirmam que frequentam com intensidade de uma vez ao mês ou mais e 20,3% só o fazem em datas especiais e 2% nunca o fazem.
Questionados sobre a existência de um plano de saúde que atendam suas famílias apenas 17,3% responderam que possuem e os demais 82,7% não possuem assistência médica assegurada por um plano de saúde. Quando interpelados sobre a participação de tratamentos psiquiátricos e/ou psicológicos 82,8% deles afirmaram que nunca fizeram este tipo de tratamento.
Quando questionados sobre seus objetivos em estar na escola responderam que a escola colabora na aquisição do conhecimento construído ao longo da história, que os ajuda a se prepararem para enfrentar uma faculdade e/ou se formar para a vida, ou seja, “ser alguém”. Além disso, fortalece e esclarece a busca por uma profissão. Há também os que citaram que a escola é o lugar onde se faz amigos, ou se vai para “sair de casa” e outras visões negativas deste espaço.
Diante deste diagnóstico temos grandes desafios. Assim, os resultados desta pesquisa contribuirão fortemente para nortear o planejamento de ações para o trabalho pedagógico deste curso que visa atender a formação do ser humano de forma integral.
Ensino Médio
Os princípios que constituem a proposta de formação humana integral são de formar um ser crítico e capaz de trilhar seu próprio caminho. Essa proposta possibilita ao educando a aquisição de conhecimentos e habilidades essenciais para o exercício da cidadania e inserção no mercado de trabalho. Partindo desse pressuposto, os Parâmetros Curriculares Nacionais propõe a efetivação de práticas, administrativa e pedagógica, voltadas para a formação do cidadão. Para que isso aconteça é necessário que a escola seja coerente com os Princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e do Respeito ao Bem Comum; os Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, e da diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais; e os Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do exercício da Criticidade e do respeito à ordem democrática.
“Mas para que serve mesmo o ensino médio?” Essa pergunta, que o aluno gosta de fazer porque nós os ensinamos a perguntar; essa visão utilitarista esqueceu que o ensino médio é educação básica. Ele serve para formar pessoas numa fase de vida e não, necessariamente, para algum lugar; ele tem uma explicação em si mesmo. Isso é uma coisa interessante para entendermos, esse caráter formativo e o que está na lei é aquilo que define o Ensino Médio. Ele não precisa ser definido para o futuro dele, para quem sai dele, ele tem que ser definido em si mesmo sem perceber que se entendêssemos o ensino médio e a educação não faríamos essa pergunta. A concepção de educação integral evidencia a exigência, a pressão e a luta constante pela democratização da educação, para uma escola universal de qualidade, que considere o acesso a todos os recursos culturais, às mais diversificadas metodologias dos processos de ensino e de aprendizagem e, também, à utilização das novas tecnologias como respeito à condição humana e sua respectiva dignidade.
A ampliação da jornada escolar é uma estratégia fundamental para viabilizar metodologias que deverão elevar os indicadores de aprendizagem dos estudantes em todas as suas dimensões. Como consequência, o tempo de dedicação dos profissionais segue como importante fator para que, nesse maior tempo para o ensino, os docentes e demais profissionais possam atender plenamente os alunos nas suas diferentes expectativas e dificuldades na medida em que, com melhores condições de trabalho se amplia a presença educativa dos docentes e o desenvolvimento do conhecimento e habilidades dos alunos. E, em decorrência desse maior tempo de dedicação ao ensino, a equipe escolar pode ampliar as melhores condições para o cumprimento do currículo, enriquecendo e diversificando a oferta das diferentes abordagens pedagógicas. Tempo aplicado também para o aprimoramento da formação dos profissionais, para o desenvolvimento de metodologias e estratégias de ensino e de abordagens de avaliação e recuperação da aprendizagem dos alunos.
Universalização do Ensino Médio
O caráter obrigatório da Educação vale para a família, mas também para o Estado. O Estado tem a obrigação de garantir o direito à Educação. Não podemos criminalizar aquela família que não tem condições de mandar seu filho à escola por falta de salário digno. Por isso, dizemos que essa é uma política social, não apenas educativa. Na grande maioria dos casos, a família não pode ser culpada, é responsabilidade do sistema social. Não há nenhum país no mundo que tenha boa Educação para todos que não tenha avançado também na distribuição de renda.
É necessário fortalecer a escola pública pela: gestão participativa e democrática, inclusão de alunos com deficiência, formação dos educadores e consideração das condições socioeconômicas e culturais dos alunos. É preciso que a escola seja capaz de propiciar a aprendizagem de conteúdos historicamente acumulados pela humanidade, em seus diversos campos, nas artes ciências línguas, história, tecnologia e no trabalho, como princípio educativo. Promover melhorias nas condições de trabalho e valorização dos profissionais de educação. Definir pelo Projeto Político Pedagógico os objetivos e estratégias para alcançar e avaliar a aprendizagem dos estudantes. Desta forma conseguiremos atingir a Educação Integral dos nossos educandos.
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