Colégio Estadual Antonio José Reis – Toledo – PR - Reflexões e Ações – Caderno III – O Currículo no Ensino Médio.

                O Ensino Médio no Brasil apresenta um quadro muito desigual: os poucos jovens melhores posicionados na hierarquia socioeconômica estão na escola privada, cujo fim é aprovar alunos nos cursos  mais bem reconhecidos  das universidades públicas, reduzindo a formação humana à dimensão da continuidade de estudos(unilateralidade, ao invés da formação humana integral).  Outro grupo, muito pequeno, está na rede federal de Educação Profissional e Tecnológica no EMI, voltada aos estudos e atuação em atividades complexas de nível médio. Um terceiro grupo, pequeno também, encontra-se no EMI estadual, e  um quarto grupo, em que se  encontram  a maioria dos jovens  e de adultos pobres – está na redes estaduais  no EM propedêutico, que nem produz o academicismo da escola privada nem profissionaliza, seja na forma regular ou na EJA. Essas diferentes escolas resultam em diferentes concepções e práticas de formação humana, aumentando a desigualdade nesse setor, ao que seria um direito de todos. As DCNEM (Brasil, 2012), afirma que o “ EM é um direito social de cada pessoa e um dever do Estado na sua oferta pública e gratuita a todos” (Art.3º) e que [...] em todas as suas formas de oferta e organização, baseia-se [...] (Art. 5º)” na “Formação integral do estudante” (Art. 5º, Inciso I).
              Nesse sentido, o desafio é avançar na direção de garantia como direito igualitário de todos e de forma pública, gratuita, laica e de qualidade socialmente referenciada, no qual o responsável financeiro seja efetivamente o Estado, conforme apontam as novas DCN. É urgente e necessário repensarmos uma educação escolar de Ensino Médio para uma formação integral, ressaltando que uma boa formação do estudante deve ser pensada desde o seu primeiro contato com a escola. A fragmentação dos conhecimentos e a inserção dos eixos temáticos nas dimensões do trabalho, ciência, cultura e tecnologias são questões a serem refletidas, analisadas e fundamentadas. Os Professores do Colégio Estadual Antonio José Reis, através do seu contexto histórico de conhecimento trabalham as quatro temáticas, de acordo com a comunidade escolar em que está inserida, também não há como dissociar os eixos temáticos da formação acadêmica do Professor, das formações continuadas, do contexto sócio/econômico e cultural onde a escola está inserida, do sistema capitalista e as condições dadas a escola para que se efetivem determinados trabalhos (questões: financeiras, de estrutura física, pessoal e material e de tempo). Até o presente momento o material de estudo propõe os quatro eixos temáticos, mas não fica claro como ocorrerá, não temos como fazer uma análise aprofundada sobre questionamentos, pois não há uma fundamentação teórica voltada para a prática pedagógica. Necessitamos que as proposições sejam feitas de forma clara, não de forma escamoteada para simplesmente legitimar ações que são impostas pelo sistema de ensino.
          Nessa perspectiva, defende-se um Sistema Nacional de Educação que integre todos os níveis e modalidades educacionais com articulação com as demais políticas que são relativas  às dimensões  da vida, como: saúde, economia, trabalho, cultura, ciência, tecnologia e meio ambiente, nos planos: nacional, estadual e municipal, para que os recursos sejam efetivamente aplicados. Também é preciso garantir uma base comum igualitária a todos. Assim, o EM, em suas diversas modalidades, deverá ser concebido com uma concepção comum, igualitária, respeitando as especificidades no projeto político pedagógico e a organização curricular assentadas na formação humana integral, assegurando que não haja prejuízo curricular em qualquer situação. Por isso, a prática pedagógica significativa, decorre da necessidade da reflexão sobre o mundo do trabalho, da cultura do trabalho, das correlações de força existentes, dos saberes construído a partir do trabalho e das relações sociais que se estabelecem na produção. Essa reflexão do “trabalho como princípio educativo”, deve-se constituir num movimento na busca de unidade entre a teoria e a prática, visando à superação da divisão capital/trabalho- uma utopia necessária.
       Várias foram os elementos que geraram debate, os principais que podemos citar são: os direitos humanos, sustentabilidade sócio ambiental e a instabilidade de como ocorrerá à reestruturação do Ensino Médio para que se torne uma educação humana integral.   Estes são problemas enfrentados por toda a sociedade, pois faltam políticas públicas para que aja uma maior conscientização, pois a maioria da população só pensa no seu bem estar momentâneo, ou seja, os direitos humanos são essenciais no processo de formação do cidadão autônomo e crítico, mas é preciso ser levado em conta a realidade, o território que a população vive. Em relação à sustentabilidade sócio ambiental é preciso seu trabalho de forma inerente ao trabalho pedagógico, em busca de novas relações sociais com a natureza.  Portanto,  fazer com que a sustentabilidade ambiental seja uma meta do coletivo fará com que a educação seja mais cidadã, responsável, critica e participativa, fazendo com que as pessoas se insiram em um processo educacional voltado ao  respeito a sociedade e a natureza.
         Para que ocorra a reestruturação do Ensino Médio será necessário muitos estudos, análises das proposições e das fundamentações teóricas para analisar se são de aplicabilidade na prática cotidiana de sala de aula.
              A nossa proposta curricular atualmente segue em primeira instância orientações do sistema educacional tanto na esfera Federal quanto na rede estadual de Ensino fundamentadas nas DCNEMs e DCEs, que nos dão abertura para construirmos de forma coletiva e inserir   nessa   proposta atividades pedagógicas complementares pautadas na realidade social em que essa unidade de ensino está inserida. Enquanto educadores, sabemos da importância desse documento como uma proposta dinâmica onde as disciplinas não sejam fragmentadas nem centralizadas. O objetivo das abordagens curriculares é formar o cidadão apto a conviver com diferentes classes sociais, étnicas, interagir com os desafios científicos, culturais e tecnológicos. Sendo que para que esta formação seja viabilizada há necessidade de políticas públicas sérias, investimento na formação acadêmica incluindo diferentes metodologias, formação continuada não alienante, raciocínio lógico, a prática de pesquisa, amplo domínio da leitura e da escrita, interpretação de dados, trabalhos interdisciplinares, discussões e trabalhos em grupo, desenvolvimento social, pessoal e intelectual, respeito às regras estabelecidas, cooperação, organização e interação, valorização das experiências vividas, e acesso aos conhecimentos científicos, tecnológicos e culturais.
         Desta forma, acreditamos que toda a construção da autonomia será utilizada no dia-dia do aluno, na resolução de diferentes situações e desafios, assim permitindo que os mesmo tenham uma formação humana integral, dando a ele a possibilidade de se reconhecer como sujeito, responsável por suas ações no mundo.

Referências:
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Formação de professores do Ensino Médio: o jovem como sujeito do Ensino Médio. Curitiba: UFPR, 2013. Caderno III.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio: Formação continuada para os professores do Ensino Médio do Estado do Paraná. Caderno III. Curitiba, junho de 2014.
KUENZER, Acácia Zeneida. Pedagogia da Fábrica - 6. ed. São Paulo: Cortez, 2002.