Colégio Estadual Antônio Avelino Vieira - Ensino médio e formação humana integral
ENSINO MÉDIO E
FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL
Reflexão e ação p. 26
A partir da reconstrução histórica aqui apresentada, identifique individualmente e em grupo — os desafios que permanecem para o ensino médio na realidade brasileira e levantem possibilidades de explicação para eles.
Infelizmente hoje a oferta do Ensino Médio ofertado, por diversos fatores não atende as expectativas de professores e alunos, embora seja obrigação do poder público de oferecer uma escola que comporte a dinâmica de aprendizagem da população que pretende atingir.
Um dos grandes paradoxos presentes nas escolas é a necessidade de professores cada vez bem mais formados, motivados e atualizados que convivem com um processo de deterioração do trabalho docente e políticas de formação que não condizem com os desafios contemporâneos.
Estamos em momento histórico, no qual as amplas transformações de ordem social, econômica e cultural aumentam os conflitos, exacerbam os processos de exclusão social e revitalizam o individualismo os interesses privados e o consumo. Portanto, vivemos em uma época bastante hostil para encarar um projeto democrático de educação pública e de verdadeira inclusão educacional.
Ao mesmo tempo, estamos diante do desafio de promover relações institucionais democráticas e dar condições aos jovens estudantes para que possam questionar esses valores e desnaturalizar a realidade.
Muitos professores têm suas ambições cerceadas pela ausência de condições básicas de exercício do magistério ou de reconhecimento externo.
As propostas político-educacionais têm apenas criado condições que resultam em soluções paliativas, que não colocam no horizonte da qualidade escolar um projeto de revisão pedagógica coerente com o momento histórico.
Diante da impotência das escolas para encontrar respostas, surgiram os provedores/vendedores de ideias, cursos e materiais didáticos, seja para reorganizar a escola, seja para capacitar os professores. No entanto, as condições para que isso aconteça não têm se verificado a contento. Parece ser cada vez mais difícil à instituição recuperar sua autoridade cultural ante ao processo regressivo da prática intelectual na escola.
O aumento da demanda da escola média está acontecendo sob uma estrutura sistêmica pouco desenvolvida, com uma cultura escolar insignificante para o atendimento dos adolescentes e jovens.
Não se tem produzido a democratização eftiva do acesso à última etapa de escolarização básica, mas sim um processo de massificação do ensino, desvinculado dos interesses dos adolescentes e jovens e em condições objetivas muito precárias.
Para pensar o ensino médio é necessário ousar. Não há que ser econômico em ideias, nem em ações, mudanças, formação e orçamento.
As exigências postas pela configuração socioeconômica do Brasil, caracterizada por extrema desigualdade e concentração de renda, somadas à grave situação educacional do ensino médio, apresentam um conjunto de desafios que confirmam que a organização e o funcionamento do ensino médio quase não mudaram.
Sem dúvida, a escola precisa mudar e reencontrar seu lugar como instituição cultural em face das mudanças macroculturais, sociais e políticas e não apenas das transformações econômicas. Uma mudança que não seja uma simples adaptação passiva, mas que busque encontrar um lugar próprio de construção de algo novo, que permita a expansão das potencialidades humanas e a emancipação do coletivo: construir a capacidade de reflexão.
Durante a leitura da contextualização histórica do EM nota-se a consolidação de uma educação seletiva, pois para o povo era suficiente apenas à educação elementar e formação profissional o que configura o ensino popular e a educação para elites, isso compõe um grande desafio histórico que ainda permanece em nossa realidade educacional atual, esse conflito antagônico que precisa ser superado, uma vez que se contempla igualdade entre os sujeitos.
Outro desafio notado é o empobrecimento dos currículos escolares que acaba reforçando essa dicotomia de educação para elite e educação para o trabalhador que se acentuou no governo do presidente da República Fernando Henrique Cardoso que atendia as orientações de organismos internacionais para realizar as reformas educacionais brasileiras, assim tivemos a descolarização do Ensino Médio e o predomínio do modelo de competências para atender a demanda do mercado, que deveria ser superado com um currículo integrado.
Outro grande desafio são as altas taxas de reprovação e taxas de abandono e consequentemente a evasão escolar que deflagram a não permanência desse aluno na escola. Ressalto que essa evasão é devido o ingresso prematuro do jovem ao mercado de trabalho, sendo este primordial para o jovem brasileiro, pois este também contribui com a renda familiar de sua casa. Para contribuir com essa questão financeira, a escola não se torna atrativa ao jovem e este em alguns casos não se identifica com este ambiente, pois não recebe a atenção e compreensão devida pela comunidade escolar.
Reflexão e ação p. 31
Caro colega professor, em um trabalho coletivo — envolvendo colegas professores, funcionários da instituição, membros da equipe gestora e os próprios alunos — levante dados que permitam conhecer aspectos que vocês julguem importantes do perfil social, cultural e econômico dos sujeitos matriculados no Ensino Médio de sua escola.
Certamente o aluno da década de 50, não é o aluno de hoje, e isso precisa ser visto com muito carinho. Para alcançarmos nossa juventude, precisamos estar atualizados, principalmente com relação a tecnologia,, resultado uma escola cheia e com alunos motivados, pois professores e alunos não vivem em mundos diferentes, agora é fato o Estado precisa fomentar mais a qualificação de seus profissionais e equipamentos adequados para tal.
Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 (Lei nº. 9.394, de 20/12/96, artigo 21), o Ensino Médio tornou-se a etapa final da Educação Básica, e hoje milhares de jovens brasileiros prosseguem seus estudos, ampliando seus conhecimentos acadêmicos e adquirindo, assim, melhores chances de inserção no mercado de trabalho.
Todavia, apesar dessa inegável conquista, a qual permite que jovens de diferentes classes sociais possam estender seus estudos com possibilidades de acesso ao Ensino Superior ou ao mundo do trabalho, as escolas brasileiras continuam atuando como se nada houvesse mudado. De um lado, desconsideram as culturas particulares que cada jovem aluno traz para o universo da escola, com suas diferentes maneiras de dar sentido ao mundo.
Parte-se do pressuposto de que todos os jovens alunos ingressantes possuem os mesmos objetivos e anseios diante do ensino. Por seu turno, estes jovens estudantes acabam fazendo desta etapa do ensino apenas um ritual de memorização, pois os conteúdos escolares são apresentados de forma descontextualizada, como se o único objetivo de se estar na escola fosse reter
informações para vestibulares ou outras formas de acesso ao Ensino Superior.
Há estudantes que chegam às escolas sem saberem o porquê de terem de avançar mais três anos na educação formal. E quando buscam junto a professores dar um sentido para seu ensino ou sua participação na vida escolar, veem-se sem alternativas, já que grande parte dos professores ainda acredita que o Ensino Médio existe somente para preparar o aluno para o Ensino Superior.
Nos últimos anos têm crescido os índices de evasão escolar no Ensino Médio. Muitos alunos chegam a esta etapa do ensino sem, todavia, concluir os últimos três anos da educação básica. Tal situação denota a crise de sentido desta etapa do ensino, com sua escassez de propostas pedagógicas condizentes com a realidade dos jovens.
Também nas escolas de Ensino Médio noturno verificam-se situações de jovens que deixaram de ser jovens há muito tempo e que cedo tiveram que assumir compromissos de adultos em suas famílias para dar conta da sobrevivência. Além disso, há um grande número de jovens que migram para a EJA.
Após observações e conversas com colegas que trabalham com Ensino médio observo que em minha escola o perfil social, cultural e econômico dos alunos matriculados no Ensino Médio é de classe econômica baixa, com acesso cultural limitado, atividades esportivas também limitadas, baixo rendimento salarial no âmbito familiar o que leva os jovens a trabalhar cedo, falta de perspectiva e ambição quanto aos estudos, famílias desestruturadas emocionalmente e com dificuldades de impor limites aos seus filhos o que leva o envolvimento de seus membros e dos jovens com bebidas alcoólicas e drogas. A falta de diálogo entre pais ou responsáveis com seus filhos leva os jovens a rebeldia e relacionamento sexual muito cedo sem preocupações com DSTs ou gravidez indesejada. Outro fator é a obrigação do comparecimento na escola para não perder a bolsa família.
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