Colégio da Polícia Militar do Paraná -CPM- PR
COLÉGIO DA POLÍCIA MILITAR DO PARANA-CPMPR
ORIENTADORA DE ESTUDO: Profª Drª Jandicleide Evangelista Lopes
CURSISTAS: Adriana Tessaro Will; Ademir Pinhelli Mendes; Alexsandra Dombeket Macanhan; Ana Leonor Schenfeld; Ana Letícia Bylnoski Ludwig; Ana Paula Ferreira Motta; Aparecida de Azevedo Martins; Arlete Cintra Lipski; Bénie Maria Scandelari Bussmann; Carolina Gomes Gonçalves de Mendonça; Cintia Serrano Fortes de Lima; Deisilane Mesquita Rizzi e Silva; Eliana do Rocio Czajkowski; Eric Rodrigues da Silva; Glaudemarina Silva Dias Sousa; Janete Martins Cordeiro Franco; José Carlos Mosko; Josiane Déa do Amaral Brandalize; Laércio de Mello; Ronualdo Marques; Roseli Pádua Angeloni;Rosicleri maria rosa; Silvana aparecida amaral; Silvana Ferro Zonato; Simone Constanski Santos; Wallace Kassio de Lima Ramos
REFLEXÃO E AÇÃO – CADERNO 3
Currículo e Formação Humana Integral
Entendemos que os conteúdos contemplados no Currículo Escolar do CPM-PR vêm ao encontro do mundo do Trabalho, da Cultura, da Ciência e Tecnologia, desde que sejam contextualizados e adaptados de acordo com o momento histórico e o meio social em que o universo escolar está inserido, pois de acordo com pesquisa realizada no CPM-PR, cerca de 85% dos alunos matriculados no Ensino Médio querem ingressar no ensino superior.
Percebemos que faltam condições estruturais para que o planejamento das aulas sejam melhores e atendam os anseios dos alunos. A precariedade do trabalho docente impede a implantação de uma educação que atenda aos objetivos da formação integral do aluno.
Diante da constatação desses impedimentos estruturais compreendemos, no entanto, ser possível repensar a proposta Curricular dos conteúdos e do plano de trabalho docente em constante diálogo com outras disciplinas, realizando o planejamento integrado por áreas de conhecimento. Isto deve ocorrer muito antes de tratarmos da metodologia que será aplicada, assim podemos apontar o que falta para que esta integralização aconteça:
- Dedicação exclusiva e salário adequado; Estrutura física como salas ambientem laboratórios; Formação continuada dos profissionais da educação; Financiamento para atividades de contraturno realizadas por meio de projetos integradores coordenados por professores de diversas disciplinas.
Para futuras mudanças sugerimos que deva existir como realidade o planejamento integrado, adaptar ao trimestre uma única avaliação formada para um conjunto de disciplinas e suas respectivas áreas: Humanas, Biológicas, Exatas e Linguagens. Desta forma estaremos contemplando o ensino pela pesquisa, o trabalho a ciência e a tecnologia como princípios educativos, realizados por meio do trabalho pedagógico contextualizado e interdisciplinar, como por exemplo, os que são realizados nos Institutos Federais. Apesar da inexistência de uma estrutura que se assemelhe aos Institutos Federais, o CPM-PR, realiza pesquisa e trabalhos de campo em todas as áreas do conhecimento, Feiras de profissões,
visitas a museus e universidade,
parceria com o PIBIC, entre outros projetos nas áreas artísticas, meio ambiente, esportes. Estes projetos são parte das ações que aprofundam, contextualizam, problematizam os conteúdos abordados em sala e relacionam com o dia a dia do aluno, oportunizando desenvolver posições críticas perante a sociedade.
Os professores do CPM-PR são conhecedores das finalidades da educação básica, e desenvolvem seu trabalho superando dificuldades e inovando nas metodologias pedagógicas.
Em todas as disciplinas, representadas pelos professores presentes no encontro do Pacto, há a preocupação de contextualizar fatos e informações, para que o aluno consiga fazer associações entre os conteúdos e os acontecimentos de sua rotina e da realidade da sociedade em geral. Trazer à luz essas relações entre teoria e prática não é uma tarefa fácil para o professor, mas é a partir dessa tentativa que se consegue um melhor entendimento dos alunos para os conteúdos apresentados, uma vez que eles percebem a utilização dos mesmos no seu dia-a-dia.
É fundamental levar o aluno a estabelecer conexões mentais, fazendo as relações que o levem a compreensão e a sistematização do conhecimento. Para tanto, a formação continuada, a colaboração da equipe pedagógica, e a estrutura da escola são elementos importantes, subsidiando o trabalho do professor, que em sala de aula ou fora da mesma, de formas variadas, deve envolver seus alunos e conduzi-los ao processo crítico, criativo e coletivo da construção do conhecimento. Esses elementos são necessários também na preparação do professor para lidar com esse aluno crítico, seus pensamentos e comportamentos.
Apesar do CPM-PR possuir um currículo tradicionalista e conteudista, há a possibilidade da realização de atividades extracurriculares, que contextualizam esses conteúdos, proporcionando novas experiências ao aluno que, consequentemente, terá uma visão de mundo mais ampla e fará inferências mais complexas.
Podemos constatar tal prática, no relato de um dos professores referente à sua metodologia de ensino:
EXPERIÊNCIA COM O ENSINO DE FILOSOFIA E EDUCOMUNICAÇÃO NO CPM: Atuando como professor de Filosofia no Ensino Médio no Colégio da Polícia Militar do Estado do Paraná, observei a dificuldade dos alunos do Ensino Médio em apropriar-se dos conceitos filosóficos presente tanto nos textos dos livros didáticos de Filosofia como nos textos clássicos dos filósofos. Observava que as metodologias de ensino tradicionais baseadas na simples leitura e interpretação de textos não mobilizava os alunos para o estudo da Filosofia. As atividades didáticas propostas nos livros didáticos de Filosofia se mostravam enfadonhas para os alunos e a maioria parecia realiza-las por mera obrigação a fim de obter notas. A forma tradicional exigida pela escola para avaliar os alunos com provas formais compostas por questões abertas ou mesmo exercícios de múltipla escolha também não se mostravam instrumentos adequados para diagnosticar o processo de aprendizagem da Filosofia. Percebia que os alunos ficavam insatisfeitos com as aulas de Filosofia, pois eles esperavam mais, esperam pensar, expressar suas ideias, suas opiniões, ou seja, que as aulas fossem um ambiente de diálogo e não aquele espaço formal tradicional de ensino aprendizagem verticalizada. O diagnóstico desta situação nos fez ver que algo precisa mudar em minhas aulas de Filosofia e para isso precisaria encontrar novas mediações a fim de reorganizar a metodologia tanto das aulas como do processo de avaliação. Depois de vários experimentos relativamente exitosos, mas não plenamente, observei que os alunos faziam uso frequente do aparelho celular e que muitas vezes os professores relatavam o uso do aparelho como um problema que atrapalha as aulas. Dei-me conta de que precisa dialogar com os alunos e que o uso das novas tecnologias poderia ser um caminho. Foi aí que descobri o conceito de Educomunicação, que brevemente significa educação com comunicação. Aliando duas áreas, a educação e a comunicação. O Colégio da Polícia Militar do Estado do Paraná é uma instituição de ensino tradicional em Curitiba. Fundada há 52 anos inicialmente tivera como objetivo formar os filhos dos policiais militares que atuavam na Capital do Estado. Pautada pelo código da disciplina militar prima pela qualidade do processo de ensino aprendizagem de forma bastante tradicional. Atualmente a escola que fica no Bairro Portão atende cerca de 1500 alunos de Ensino Fundamental e Médio, sendo que 60% são filhos ou familiares de militares e os outros 40% são compostos por alunos que não tem vínculos familiares com militares. O ingresso no colégio é realizado por meio de teste seletivo, realizado por meio de provas dos conteúdos curriculares, tanto para o Ensino Fundamental como para o Ensino Médio. Grande parte dos alunos não reside em bairros próximos ao colégio. Muitos são de outros bairros, inclusive das cidades da Região Metropolitana de Curitiba. As instalações são excelentes, considerando que é uma escola pública. Além das instalações convencionais de uma escola, existem três salas de projeção multimídia, laboratório de informática, biblioteca, duas canchas de esportes e um campo de futebol com grama natural. Todas as áreas são bem iluminadas e conservadas. O corpo docente é qualificado, apoiado por uma equipe pedagógica e a supervisão de inspetores e diretores pedagógicos e de turno que são militares. A direção do colégio também é militar.
Os alunos do Ensino Médio – turmas de 1º, 2º e 3º anos, cerca de 500 alunos - com os quais trabalho, são bastante ativos. Uma grande parte tem acesso ás últimas novidades dos produtos tecnológicos, viajam nas férias, não trabalham, pretendem prestar concurso vestibular e continuar os estudos. Mas, como jovens de sua época, sentem os mesmos conflitos e angústias dos jovens em geral: crises familiares, dificuldades de relacionamento, conflitos internos, dificuldades para lidar com a disciplina imposta pelo colégio, condicionamentos impostos por uma pedagogia tradicional que os impedem de assumir atitudes de um protagonismo juvenil, dentro outras questões. Muitos desses jovens estão acostumados com aulas pautadas em metodologias de ensino tradicionais, com o professor explicando o conteúdo que será cobrado na prova, após a realização de exercícios. De modo que nas aulas de Filosofia que antes eram realizadas de forma tradicional os alunos comportavam-se de forma apática e em alguns casos distraídos, realizando atividades de outras disciplinas. Com o desenvolvimento da metodologia da educomunicação observamos que houve uma mudança bastante significativa na atitude dos alunos frente à disciplina de Filosofia.
Nossa intencionalidade com o projeto foi desenvolver com os alunos uma nova metodologia de ensino baseada da Educomunicação. Portanto, usar novas mediações para desenvolver o processo de ensino e aprendizagem nas aulas de Filosofia. Por isso, como o projeto foi desenvolvido com todas as turmas de 1º, 2º e 3º ano em que atuo tomei como referência teórica e metodológica o meu Plano de Trabalho Docente no qual justifico os objetivos da disciplina, o recorte de conteúdo específico e seus objetivos. A Filosofia tem como objeto de estudo no currículo escolar o trabalho com os conceitos filosóficos. A Filosofia se apresenta como conteúdo filosófico e como exercício racional que possibilita ao estudante desenvolver o próprio pensamento. O ensino de Filosofia é um laboratório conceitual, que une a Filosofia e o filosofar como atividades indissociáveis que dão vida ao ensino dessa disciplina juntamente com o exercício da leitura e da escrita (BRASIL, Orientações Curriculares do Ensino Médio; Brasília: MEC/SEB, 2006). A disciplina de Filosofia tem como objetivo conduzir o estudante na arte de bem pensar, por meio da atividade do pensamento, que consiste em investigar os conceitos. Analisando, refletindo, interpretando, inserindo o aluno a realidade do momento, do espaço e do tempo em que vive. O ensino da filosofia precisa desenvolver primeiramente a consciência de pensar filosoficamente, isto é, “ensinar a exercer a crítica radical (isto é, que chega às raízes), ou ensinar a pensar do ponto de vista da totalidade, o que é equivalente, pois é na totalidade que as coisas mergulham suas raízes” (CORBISIER, 1986, p. 85-86, In: PARANÁ, 2008, p.53). Neste sentido ensinar filosofia significa ensinar a pensar filosoficamente, a organizar os questionamentos sobre a realidade na forma de um problema filosófico, a ler, escrever, investigar, dialogar e avaliar filosoficamente em um processo de busca de respostas aos problemas. Desse modo, o trabalho pedagógico, a partir dos conteúdos estruturantes da filosofia, permite estimular o “trabalho da mediação intelectual, o pensar, a busca da profundidade dos conceitos e das suas relações históricas, em oposição ao caráter imediatista que assedia e permeia a experiência do conhecimento e as ações dela resultantes” (PARANÁ, 2008, p. 54).Constante do Projeto Político Pedagógico do Colégio da Polícia Militar do Paraná e seguindo das Diretrizes Curriculares Nacionais de Filosofia os objetivos gerais da disciplina são: a) Desenvolver a leitura e interpretação de forma filosófica de textos de gênero filosófico e não filosófico; b) Desenvolver a compreensão de problemas e conceitos presentes nos registros textuais (clássicos e comentadores) relacionando-os aos conteúdo das diversas áreas do saber escolar; c) Desenvolver a capacidade de problematizar, investigar e analisar conceitos tanto por meio da expressão oral, quanto da produção escrita e/ou artística; d) Desenvolver a coerência discursiva e lógica, bem como a capacidade de diálogo e argumentação em relação aos problemas e conceitos filosóficos abordados; e) Desenvolver a capacidade de pensar de forma rigorosa, crítica, reflexiva e radical os problemas do cotidiano humano e da filosofia (BRASIL, Orientações Curriculares do Ensino Médio; Brasília: MEC/SEB, 2006). Conforme descrito na Proposta Pedagógica Curricular descrita no Projeto Político Pedagógico do Colégio da Polícia Militar do Paraná no Ensino Médio devem ser trabalhados os conteúdos estruturantes: Mito e Filosofia; Teoria do Conhecimento; Ética, Política; Filosofia da Ciência; Estética. Organização do projeto Descobri que além de exibir vídeos, filmes aos alunos (coisa que eu já fazia) eu poderia ir além. Poderia mobilizar os alunos para que produzissem seus próprios vídeos ou programas de rádio utilizando os recursos tecnológicos que eles já possuíam, como aparelhos celulares e computadores. Foi assim que o trabalho começou no ano de 2013 estendendo-se até o final do ano e iniciando novamente em 2014: propus às turmas, de acordo com o conteúdo previsto do Projeto Político Pedagógico para cada série, um tema, um problema filosófico a ser investigado, sugeri alguns textos de autores da filosofia e um roteiro para produção de um vídeo ou programa de rádio apresentando o tema, o problema filosófico, a relação do problema com o contexto vivido por eles e a análise do problema utilizando um ou mais filósofos.
No início tiveram dificuldades para ler o texto por eles escolhido e compreender o pensamento do filósofo. Foi aí que comecei a utilizar a construção de Mapas Conceituais para leitura e interpretação de textos filosóficos. Ensinei como os alunos deveria construir os mapas conceituais e aos poucos eles foram apropriando-se desta nova ferramenta de leitura. Descobri que havia um software livre denominado Cmap Tools que ajudar a construir e organizar graficamente o mapa conceitual.
Para auxiliar os alunos e facilitar o acesso aos textos clássicos de filosofia e seus comentadores passei a utilizar uma rede social educacional denominada Edmodo. Neste ambiente virtual disponibilizamos aos alunos previamente cadastrados por salas, os textos e outros materiais auxiliares na compreensão dos textos como videoaulas de professores de filosofia especialistas nos textos estudados. Também postamos atividades de produção e interpretação dos textos para que os alunos exercitem o pensamento realizando atividades didáticas inseridas no processo de avaliação. Depois desse trabalho prévio comecei a realizar seminários com as turmas para que apresentassem aos colegas o mapa conceitual que haviam construído. Então além de fazer a própria leitura em grupos os alunos puderam socializar o que compreenderam e contribuindo assim para a aprendizagem colaborativa da turma. Depois de algumas semanas e muitas orientações em sala, que havia se transformado numa oficina de produção filosófica, os alunos apresentaram os vídeos em sala. Foi um sucesso, pois os temas e problemas filosóficos passaram a ser apresentados e discutidos pelos próprios alunos. Organizamos também um seminário com todas as turmas para apresentação dos vídeos e também foram apresentados aos pais na Mostra Científica do Colégio realizada no final do ano. O planejamento e desenvolvimento do projeto ocorre da seguinte forma: a) Estudo sobre o que é educomunicação e quais recursos podem ser utilizados na escola; b) Planejamento dos temas, conteúdos e textos filosóficos; c) Conversa com as turmas para propor a realização dos trabalhos; d) Organização da turma em grupos de 5 alunos e sorteio dos temas, problemas e autores; e) Sugestão do roteiro de trabalho e produção do vídeo ou rádio; f) Apresentação do mapa conceitual como recurso para leitura e compreensão do texto; g) Estudo em grupo dos textos filosóficos e construção dos mapas conceituais; h) Seminário da turma para socialização dos mapas conceituais; i) Sugestão do roteiro para produção do trabalho (vídeo, rádio); j) Elaboração dos roteiros pelos grupos específicos; k) Elaboração e edição dos trabalhos; l) Seminário da turma para apresentação e discussão dos trabalhos; m) Seminários com as turmas de cada série para apresentação dos trabalhos que se destacaram; n) Apresentação/exibição na Mostra Científica do Colégio. Para realização dos trabalhos foram utilizados os seguintes materiais e recursos: a) Sala de aula para desenvolver os trabalhos e realizar o seminário dos trabalhos da turma; b) Laboratório de informática para estudo dos temas com o uso do software Cmap Tools para construção dos mapas conceituais (em alguns casos foi construindo em papal cartolina) e trabalhos no Edmodo. c) Textos e outros materiais impressos ou disponíveis na Web; d) Aparelhos celulares dos integrantes das equipes para filmagens e gravações; e) Computadores do Laboratório de informática para edição dos vídeos e programas de rádio; f) Auditório do Colégio para realização do seminário de apresentação dos trabalhos de cada série. (PINHELLI, 2014).
Apesar do tradicionalismo do CPMPR, práticas pedagógicas inovadoras como a relatada, com foco na melhoria do processo de Ensino- Aprendizagem Escolar dos alunos são possibilidades nesta instituição.
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