Ação e Reflexão: O jovem do Ensino Médio
O que os alunos esperam da escola? O que desejam? Como fazer a diferença no nosso trabalho? Por que o aluno está presente na sala de aula e ao mesmo tempo tão distante? São questionamentos que permeiam a nossa prática diária. Sabemos que podemos fazer acontecer. Temos consciência, como docentes, de que algo deve ser feito e, com urgência. É preciso transformar o nosso ensino médio. E o Pacto pelo fortalecimento do Ensino Médio, está aí para nos dar os subsídios necessários. Já começamos a mudança, tão esperada por nós. Estamos lendo, discutindo, refletindo, buscando caminhos... O diálogo com os alunos também já foi proposto.
Conhecer a realidade dos alunos é muito importante. Saber quem é esse jovem, aluno do Ensino Médio, que está presente no dia a dia do trabalho do educador e o que pensam. Dialogar com eles é fundamental para que conheçamos as suas dificuldades, gostos e projetos de vida.
Dessa forma, em um de nossos encontros, propusemo-nos a escrever uma carta aos estudantes do Ensino Médio, na qual expusemos todas as nossas expectativas e desafios em relação ao jovem estudante. A carta escrita pelos professores que fazem parte do Pacto é a seguinte:
Nova América da Colina, 16 de agosto de 2014.
Queridos alunos!
Somos professores há muitos anos e não é com satisfação ou orgulho que estamos escrevendo para vocês, estudantes do Colégio Estadual Papa Paulo VI. É pelo amor a nossa missão de educadores, por amar a vocês, mas também por não conseguirmos realizar o nosso trabalho como desejamos.
Não sabemos o que está acontecendo. Participamos da formação continuada, pesquisamos, utilizamos os recursos disponíveis... mas, infelizmente, não conseguimos alcançar os objetivos pretendidos que é a realização e a concretização do nosso trabalho.
Ultimamente, estamos bastante frustrados, não temos a atenção nem o interesse de vocês, caros estudantes. O modo como estão se comportando durante as aulas é muito preocupante.
Dizer que não querem nada, também não é verdade, porque estão vindo para escola, embora muitos já tenham desistido. Todos nós temos problemas e dificuldades, uns mais, outros menos. Desistir não é uma opção viável nem inteligente.
É triste sentirmos as consequências que a falta da formação educacional vem provocando na sociedade. Parece até que a escola perdeu a sua função. E isso sem comentar o nível real da aprendizagem.
Quando perguntamos se estão entendendo, uns respondem, outros não dizem nada, alguns nem estão ouvindo e se insistimos, porque não desistimos, vocês ficam revoltados e logo já faz a perguntinha básica “Por que eu?” de forma grosseira, ficamos magoados e muito chateados. Outros dizem: “Eu não entendi nada!”, isso nos deixam extremamente irritados e nos sentimos inúteis. “Eu não estava prestando atenção.”, que honesto, não? E algumas vezes, uma resposta que nem vamos escrever porque não cabe no texto, mas que todos já ouviram em algumas aulas.
Essa frustração e essa angústia que vivenciamos no cotidiano escolar é lamentável. Ou como dizia um saudoso aluno muito querido por nós: “É lamentoso!”
Esperamos que juntos possamos superar as dificuldades apresentadas no meio educacional porque assim como nós não estamos satisfeitos, vocês também não.
Aproveitando as ideias do PACTO, convidamos vocês, alunos do Ensino Médio, a estabelecer um pacto conosco para melhorarmos o nosso convívio, as nossas aulas... com a intenção de diminuir os desafios pelos quais estamos enfrentando.
Carinhosamente, os professores
Alessandro Bressan Godoy, Lizabeth Rogate da Silva, Magna Regina Pedrosa, Márcia Aparecida Rossieri, Maria de Fátima Caldeira, Maria Márcia da Silva, Marta Caldeira, Nágela Rita de Carvalho, Neuza Francisco da Silva Cardoso, Rosangela Aparecida Basso, Tereza Settny Rogatti, Vânia Maria Santo.