CADERNO IV - LINGUAGENS - REFLEXÃO E AÇÃO. COLÉGIO ESTADUAL FRENTINO SACKSER - MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PR
A história contada no filme: Kaspar Hauser, “... é reveladora de como a linguagem se constitui e é constitutiva da prática social.”(PNEM. Etapa II Cad IV, pág.7). Fato constatado na parte em que com aproximadamente 15 anos é encontrado, quase não sabia falar, nem andar e não se comportava como humano, pois desde muito pequeno foi privado do convívio social. Sua trajetória de vida é o triste resultado de sua carência de cultura e do não desenvolvimento da linguagem.
O total isolamento na caverna por tanto tempo, impactou fortemente sua formação como indivíduo. Assim, podemos afirmar que “...o mundo se constitui não apenas por ações físicas, mas também por ações de linguagem e o sujeito, por sua vez, se constitui no modo como atua pela linguagem.”(pág. 7), Pois, muito tempo após sua reintegração na sociedade, já com a linguagem mais desenvolvida, percebe-se ainda a dificuldade de Kaspar Hauser em entender as pessoas e suas reações.
Enquanto privado do convívio social, o silêncio era sua única companhia. Não somente a ausência de vozes externas, mas o silêncio interno, da mente vazia. Kaspar Hauser não poderia conhecer a si mesmo sem ter alguma relação interpessoal, sem referências. Não havia a linguagem para que ele pudesse definir as coisas que via e experimentava no cativeiro. Ou seja, a sociedade enfoca, de algum modo, “...as representações de mundo, as formas de ação e as manifestações de linguagens, entendendo-as como constitutivas das práticas sociais e, ao mesmo tempo, por elas constituídas.(pág.7)
Pode-se dizer então que “As linguagens são aqui compreendidas como formas sócio-históricas, definidoras de produção de sentidos, sendo que elas configuram mundos e o que denominamos realidade.” (pág 10) Em outras palavras, a linguagem constitui visões de mundo e valores que nos são incutidos, visto que, somos aquilo que vivenciamos. Nosso contexto histórico-cultural define nossa forma de pensar, de ver e de agir no mundo.
“Assim entendidas, as linguagens constituem as relações humanas e instituem as mais variadas formas de produção de conhecimento. É importante, nessa perspectiva, o reconhecimento de que todo e qualquer conhecimento, bem como os sentidos, são construídos em meio às especificidades de uma determinada cultura, a qual, por sua vez, encontra-se sempre em movimento travando relações, nem sempre pacíficas, com culturas outras e tempos históricos outros, marcando a natureza multi ou transcultural das práticas de linguagens.”( pág .12)
Diante de tais constatações, em relação ao domínio e efetivo uso das múltiplas linguagens podemos perceber que o sujeito, na sua condição de receptor inserido em um contexto social, desde sua mais tenra idade, é levado a pensar e agir conforme o sistema lhe impõe, fazendo com que este adquira sua gramática internalizada, formando seus princípios e conceitos já moldados por aquilo que é prestigiado pela sociedade em geral, tida como a certa, não permitindo que cada sujeito tenha autonomia e liberdade de formar sua personalidade e seus conceitos próprios, sendo assim, somos aquilo que querem que sejamos.
A partir disso, a linguagem é um meio utilizado pelo ser humano para comunicar ideias ou sentimentos através dos signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais, etc. e é utilizada, na maior parte do tempo para pedir ou transmitir informações e para que esta aconteça deve ser feita entre duas ou mais pessoas. Existem, atualmente, diversas possibilidades de linguagem:
- Linguagem musical: ideologias nas músicas do cotidiano, gingles nas propagandas, vinhetas televisivas.
- Linguagem teatral: postura corporal, expressão gestual (acenos, palavrões, simbologias).
- Linguagem visual: cores no cotidiano(semáforo, tendências da moda), design de objetos e construções.
- Linguagem da internet: símbolos, termos e palavras abreviadas.
- Língua estrangeira: domínio de termos e enunciados estrangeiros.
Estas linguagens podem ser mobilizadas como atividades de ensino e aprendizagem representando quais conhecimentos na área de linguagem e estão presentes no desenvolvimento humano observando os seguintes critérios:
- Contextualização histórica da arte na sociedade e suas transformações o longo dos tempos e seus reflexos no cotidiano dos alunos.
- Conhecimento das ferramentas utilizadas na elaboração de tais manifestações artísticas e como elas podem ser viabilizadas no seu cotidiano para facilitar a compreensão da realidade vigente.
- Produção de composições nas diferentes formas de expressão utilizando os conhecimentos adquiridos.
Percebemos que ao trabalhar as referidas linguagens estamos proporcionando aos alunos a possibilidade de efetivos direitos de aprendizagem.
É o momento em que se promove a verdadeira interação e socialização das inúmeras linguagens e estas fazendo parte do universo do estudante, tornam-se objeto concreto de estudo, construindo os diversos tipos de saberes.
Para que estes saberes sejam bem aproveitados torna-se necessário um trabalho interdisciplinar, com o tema capaz de “fazer a cabeça” de jovens e adolescentes, em que linguagens e as diferentes dimensões do currículo como o trabalho, a cultura, a ciência e a tecnologia apareçam entrelaçados com o interesse destes.
Propomos assim, analisar a revista online: “Boa Forma” da editora abril. com.br
Sabemos que atualmente o “ideal estético”, principalmente dos jovens é de grande relevância na vida destes. Muitos até deixam de frequentar as primeiras aulas do turno Noturno, visto que após um dia de trabalho, consideram importante ir a uma academia, por exemplo, na busca da perfeição de seus corpos.
Este padrão de beleza, imposto pela sociedade, perpassa a necessidade de uma alimentação adequada, de horas de sono e de exercícios físicos moderados. Porém, percebe-se que os exageros cometidos para alcançar o objetivo, a forma considerada perfeita, faz com que muitos usem inadequadamente produtos danosos à saúde como esteróides anabólicos.
Partindo deste pressuposto, apresentamos a revista para análise desta pelos educandos, desafiando-os a reconhecer os gêneros textuais presentes, os conteúdos de relevância e que poderiam ser significativos no que tange a questão da fundamentação dos temas nas disciplinas curriculares do Ensino Médio, fazendo assim, com que o estudante tenha participação ativa em todo seu processo de ensino aprendizagem em busca da transformação de sua realidade.
Através desta revista teremos a oportunidade de trabalhar os mais diversos gêneros textuais utilizados, com diferentes assuntos pertinentes à realidade destes jovens, sem deixar de trabalhar as dimensões: cultura, ciência, tecnologia e trabalho, auxiliando-os em uma auto-avaliação sobre sua qualidade de vida em relação a temática posta e de que maneira eles poderiam modificar suas ações em busca de melhorias em seu cotidiano, levando em conta a vida saudável e não simplesmente um padrão previamente imposto.
Após todo o trabalho interdisciplinar realizado, seria possível aplicar o conhecimento, produzindo textos dos mais diversos gêneros e em seguida compilá-los em uma edição especial capaz de fazer com que todos os leitores entendam a importância do questionamento crítico dos temas apresentados durante o estudo.
As práticas pedagógicas e também as políticas educacionais atualmente devem incorporar o uso da tecnologia, pois ela faz parte do social e do cultural do nosso educando, é uma nova maneira de se chegar à produção do conhecimento.
Quando a tecnologia ajuda a despertar o interesse pela aprendizagem, ela deve ser utilizada como prática pedagógica em sala de aula. Conforme explica Libâneo:
“Relativização do conhecimento sistematizado, especialmente do poder da ciência, destacando o caráter instável de todo conhecimento, acentuando-se, por outro lado, a ideia dos sujeitos como produtores de conhecimento dentro de sua cultura, capazes de desejo e imaginação, de assumir seu papel de protagonistas na construção da sociedade e do conhecimento”. (Libâneo 2010)
Em relação à metáfora da árvore, apresentada neste caderno, reflete especificamente nas escolhas metodológicas dos recursos na utilização em sala. As folhas são partes da árvore que possuem mais visibilidade e podem ser vistas a distância. Neste sentido a prática em sala corresponde ao topo da árvore, por exemplo, no ensino de línguas, nas técnicas de apresentação dos conteúdos, nas escolhas de recursos tecnológicos digitais como o uso de blogs, jornal online ou impresso, procedimentos em sala de aula como atividades em grupo, em pares, entre outros. As folhas representam os conteúdos selecionados e o modo de abordá-los no processo de construção do conhecimento.
O tronco da árvore corresponde a uma pedagogia, que por sua vez é mantida pela raiz que representa a filosofia da educação, que por sua vez abrange visões pedagógicas e filosóficas da educação que se fundamentam nas escolhas.
Segundo a autora, na medida em que a árvore interage como meio, assim como “a prática, a pedagogia e a filosofia da educação interagem com os contextos sociais, históricos e culturais”.
Neste sentido, não há métodos perfeitos ou modos únicos e corretos de agir na sala de aula.
Faz-se mister agir pedagogicamente a partir do perfil e das particularidades dos estudantes, aliando as práticas educativas, saber refletir sobre os seus valores e ideologias que possuem e articulam. Devemos sempre ter em mente uma perspectiva situada do ensino e da aprendizagem, atribuindo sentidos à ideia de ética e justiça social.
Concluímos então, que a parte pedagógica está diretamente ligada à aquisição do conhecimento, com influencia das tecnologias.
Os educadores devem saber classificar estas ferramentas para o benefício de seus alunos, lavando sempre em conta a formação humana integral. Isso traz uma reflexão do conjunto da metáfora da árvore e o fazer pedagógico, através múltiplas metodologias educacionais os educandos sentir-se-ão motivados para uma filosofia educacional mais atraente e o ensino aprendizagem acontecerá de uma maneira mais significativa.
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