Caderno III - O currículo do ensino médio, seus sujeitos e o desafio da formação humana integral

Pacto Nacional pelo fortalecimento do Ensino Médio
Colégio Estadual João Zacco Paraná – Planalto – Paraná
Núcleo Regional de Francisco Beltrão – Paraná

Caderno III – O currículo do ensino médio, seus sujeitos e o desafio da formação humana integral

Orientadora de Estudos Zenaide Salete Gallas Werle
Participantes Cézar Augusto Soares
                        Dayana Regina Camera de Mattos
                        Denise Terezinha Baldissera Lagner
                        Fátima Roseli da Cruz Kegler
                        Flávio Roberto Kich
                        Isanir Milani
                        Leci Lurdes Vetorello Dahmer
                        Neuza Brasil de Castro
                        Sõnia Mumbach
                        Vera Clair Kreling

 

            Segundo BRASIL, e relatado no Caderno III elaborado pela SEED/PR, sobre Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio (DCNEM), o trabalho enquanto ação de um processo de transformação “produz conhecimentos que, sistematizados sob o crivo social e por um processo histórico, constitui a ciência” (BRASIL, 2011, p. 19). A ciência pode ser entendida como um conjunto de conhecimentos sistematizados, produzidos socialmente ao longo da história, na busca da compreensão e transformação da natureza e da sociedade. (...)Nesse sentido, a ciência conforma conceitos e métodos cuja objetividade permite a transmissão para diferentes gerações, ao mesmo tempo em que podem ser questionados e superados historicamente, no movimento permanente de construção de novos conhecimentos (BRASIL, 2011, p. 19-20).
Relacionando então o trabalho à ciência, o conceito de tecnologia pode ser definido como a “transformação da ciência em força produtiva”. Nesse pressuposto, a tecnologia faz parte das capacidades humanas, ou seja, a tecnologia é a “mediação entre conhecimento científico (apreensão e desvelamento do real) e produção (intervenção no real)” (BRASIL, 2011, p. 20).  Cultura, a partir da definição do dicionário Michaelis (2014) é um “sistema de ideias, conhecimentos, técnicas e artefatos, de padrões de comportamento e atitudes que caracteriza uma determinada sociedade”. Ainda sobre o conceito de cultura, o Parecer nº 05/2011 CNE, complementa o exposto acima, afirmando que a cultura deve ser entendida “como articulação entre o conjunto de representações e significados que correspondem a valores éticos e estéticos que orientam as normas de conduta de uma população determinada” (BRASIL, 2011, p. 20).
            Diante dos conceitos acima definidos, percebemos que existem relações entre o que se ensina e o mundo do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura, tendo em vista que através dos conteúdos trabalhados leva-se a compreensão de toda gama de conhecimentos produzidos desde os nossos antepassados até os dias atuais, sendo que o trabalho, é o campo de atuação que possibilita utilizar-se esses conhecimentos para transformar a realidade em favor do indivíduo, usufruindo da tecnologia a qual já foi criada através da ciência e a partir dessa é inovada pelo trabalho realizado pela mão e mente humana possibilitando a cada povo a representação da realidade por este vivenciada.
          Em relação a leitura e análise das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, o grupo aponta como proposições que geraram maior debate são as considerações acerca do Projeto Político-Pedagógico e todas as implicações e demandas que as instituições devem ter. Também referente a questão das demandas do trabalho pedagógico e a falta de apoio logístico do Estado. Outro item é em relação a falta de autonomia das escolas públicas no suprimento das suas necessidade.
           De acordo com WALLON, “para que a aprendizagem ocorra, um conjunto de condições necessita estar satisfeito: a emoção, a imitação, a motricidade e os sócios, isto é, a condição social(...) na ausência de qualquer um deles, esse processo ocorre de forma limitada. Quanto a esta afirmação constante nas DCNEM, questionamos: que estrutura humana, (Psicopedagogo, Assistente Social), a escola da atualidade, possui para dar conta do acima mencionado? Outro ponto é quanto à Formação Continuada que garanta o conhecimento da fundamentação teórica que nos instrumentalize para dar conta do fazer pedagógico que abarque todas as dimensões humanas.
            Também em relação ao que CURY, considera quando coloca “... que a Educação Infantil é a base da Educação Básica, o Ensino Fundamental é o tronco e o Ensino Médio é seu acabamento...”, propomos refletir. No documento relata de que a Educação Infantil deve ser a base da escolaridade. Concordamos de que assim o é, porém, não deveriam então ser estes docentes os mais qualificados com Ensino Superior, Especializações...? Com uma estrutura de melhor qualidade?
            Na prática, percebe-se que historicamente é a etapa mais desvalorizada . Como dar conta ou minimizar as defasagens desta etapa inicial, no Ensino Fundamental, anos finais, e Ensino Médio?
           Consideramos como um dos pontos polêmicos a valorização do profissional da educação referente a sua remuneração, condições de trabalho, para que o professor possa exercer sua função de forma tranqüila, especialmente a que se refere ao psicológico. Professor com jornada de trabalho completa na mesma escola.
          Necessário se faz também um suporte financeiro para levar os alunos a campo para associar conteúdo à prática (conhecer a realidade).
          Outra questão é quanto ao número de alunos na maioria das salas de aula, o qual deveria ser reduzido para que seja possível um melhor desempenho dos conteúdos trabalhados em sala de aula, especialmente onde há alunos com necessidades especiais, permitindo que todos os alunos integrem-se às práticas desenvolvidas.
          Consideramos importante que sejam ofertados cursos/formação com o intuito de trazer metodologias diferenciadas que dêem conta de trabalhar  a integração entre os eixos propostos para o ensino médio, ciência, trabalho, tecnologia e cultura.
           A nível Nacional e estadual deve haver uma seqüência de programas educacionais que possibilitem a estruturação e posteriormente os resultados que serão atingidos a longo prazo. Percebemos muito a fragmentação dessas   de um governo para o outro, impossibilitando resultados que resolvam os problemas educacionais do nosso país, possibilitando a qualidade que tanto buscamos.
           As escolas como um todo deveriam espaços adequados para as aulas de Educação Física, para aulas culturais como teatro, dança, entre outras e ainda salas laboratório para trabalhar as diversas disciplinas. Por mais que se tenha boa vontade e oportunizar aulas diferenciadas, acabamos recaindo nas aulas de estilo tradicional, devido a desmotivação gerada pelas poucas opções de inovação, inclusive no uso das mídias que geralmente não funcionam a contento ou demandam de dificuldades para a prática efetiva.
          Qualificação profissional do educadores de forma bem estruturada e seqüenciada com suporte de pessoal nas escolas nos diferentes setores para que o aprendizado do aluno seja prioridade, não dando tanta ênfase ao burocrático e os índices numéricos exigidos
           Percebemos que as DCNEM estão muito bem elaboradas. O que precisa acontecer é que seja possibilitado que estas efetivem-se em prol dos educandos.           
           Temos consciência de que, se houvesse interesse do Estado em suprir as reais necessidades da escola, isso seria possível ser efetivado em tempo hábil para obter resultados positivos na educação.
            Lendo e estudando as finalidades da educação básica, concluímos de que estas todas são trabalhadas através do rol de conteúdos de cada disciplina, ora mais efetivamente e algumas vezes de forma mais sucinta, sempre com o objetivo de levar o educando a desenvolver seu pensamento crítico, oportunizando atividades que exijam seu raciocínio lógico, que o levem a ter idéias próprias e a resolver os desafios que se impõem e  através disso consiga desenvolver-se para que através da sua escolaridade e dos meios externas a esta, alcance a sua autonomia intelectual e moral e saiba utilizar isso de maneira adequada em sua vida.
             No que diz respeito a Proposta Curricular com os seus componentes, observa-se ser de suma importância que todos nós educadores tenhamos clareza onde se pretende chegar através dos conteúdos que são trabalhados/ensinados em cada disciplina, assim como no currículo enquanto escola num todo, que homem, que sociedade, que mundo, queremos formar.            Para isso é necessário ter uma diretriz norteie o caminho a seguir. Porém, para que seja possível efetivar o que a diretriz contempla, não se necessita apenas clareza e vontade. Há outros inúmeros fatores que impregnam a sua efetivação, entre elas a formação continuada dos educadores, estrutura física nas escolas com salas ambiente por disciplina na quais oportunizem ao professor trabalhar também a prática dos conteúdos, um laboratório de Física, Química, Biologia e Ciências equipado que proporcionem ao menos a prática básica, assim como um número maior de aulas em cada disciplina, pois o cada vez mais sentimos é que a escola não está conseguindo cativar a maioria das crianças, jovens e adolescentes a estudar pois torna-se enfadonho ter somente o conteúdo teórico não sendo possível efetivar a sua pesquisa e a sua prática.