CADERNO III – O CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO E O DESAFIO DA FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL
O Ensino Médio possui uma representação social de que é uma mera passagem para a Educação Superior ou inserção na vida econômica-produtiva. Para superar essa visão dualista se faz necessária uma formação integral de toda a educação básica, que valorize a apropriação do conhecimento e a organização do pensamento, assumindo o compromisso de atender a todos com qualidade, respeitando em sua identidade a diversidade nacional com sua heterogeneidade cultural, as necessidades, anseios e aspirações das diversas juventudes, a realidade da escola e do seu meio. Além disso, é necessário adotar diferentes formas de organização, já que o indivíduo é unitário em seus princípios e objetivos, mas com itinerários formativos diversificados que contemplam as diferenças e necessidades socioculturais e econômicas dos estudantes, garantindo simultaneidade das dimensões trabalho, ciência, tecnologia e cultutra.
Deve-se reconhecer que a escola se constitui o principal espaço de acesso ao conhecimento sistematizado. Assegurar essa possibilidade, garantindo a oferta de educação de qualidade para toda a população, é crucial para que a possibilidade da transformação social seja concretizada.
É importante ressaltar que o Ensino Médio deve trabalhar sob a perspectiva de um imenso contingente de adolescentes, jovens e adultos em suas diversidades, seja por condições de existência ou de perspectivas futuras desiguais. Logo, está em jogo a recriação da escola que pode ampliar as condições de inclusão social, ao possibilitar o acesso à ciência, à tecnologia, à cultura e ao trabalho.
Primeiramente, o desenvolvimento científico e tecnológico acelerado impõe à escola um novo posicionamento de vivência e convivência com os conhecimentos. Além disso, a apropriação de conhecimentos científicos se efetiva por práticas experimentais e com contextualização que relacione os conhecimentos com a vida.
Assim, privilegiar a dimensão cognitiva não pode secundarizar outras dimensões da formação, como, por exemplo, as dimensões física, social e afetiva. Desse modo, pensar uma educação escolar capaz de realizar a educação em sua plenitude, implica em refletir sobre as práticas pedagógicas já consolidadas e problematizá-las no sentido de produzir a incorporação das múltiplas dimensões de realização do humano como uma das grandes finalidades da escolarização básica.
Portanto, ao educador é imprescindível tomar o educando nas suas múltiplas dimensões – intelectual, social, física e emocional – e situá-las no âmbito do contexto sociocultural em que educador e educando estão inseridos.
Em virtude de tudo isso, observa-se que, dentre os grandes desafios do Ensino Médio, está o de organizar formas de enfrentar a diferença de qualidade reinante nos diversos sistemas educacionais, garantindo uma escola de qualidade para todos. Além disso, também é desafio indicar alternativas de organização curricular que, com flexibilidade, deem conta do atendimento das diversidades dos sujeitos.
A LDB, modificada pela Lei nº11.741/2008, prevê formas de articulação entre o Ensino Médio e Educação Profissional: a articulada (integrada ou concomitante) e a subsequente, atribuindo a decisão de adoção às redes e instiuições escolares. A profissionalização no EM é uma das formas possíveis de diversificação, que atende a contigência de milhares de jovens que têm o trabalho como perspectiva mais imediata. Assim, ela pode responder a uma condição social e histórica em que os jovens trabalhadores precisam obter uma profissão qualificada já nesta etapa de ensino, mas que não pode se contituir um modelo hegemônico ou como única vertente para o Ensino Médio, pois é uma opção para aqueles que, por uma ou outra razão, a desejarem ou necessitarem.
A organização da base nacional comum e da parte diversificada no currículo do Ensino Médio apresentasm elementos para subsidiar diversos formatos possíveis, sendo que cada escola pode e deve buscar o diferencial que atenda às necessidades e carracterísticas sociais, culturais, econômicas, a diversidade, os variados interesses e expectativas dos estudantes. Assim, a base nacional comum e a parte diversificada constituem um todo integrado e não podem ser consideradas distintamente, pois a articulação entre elas amplia a formação básica do cidadão com a realidade da comunidade escolar.
A legislação determina componentes obrigatórios, enquanto que os complementares devem ser incluídos e tratados como disciplinas ou de forma integrada. Além desses, reitera-se que outros componentes complementares podem ser incluídos no currículo, sendo tratados ou como disciplinas ou com outro formato, preferencialmente, de forma transversal e integradora.
Ainda segundo a LDB, o currículo do Ensino Médio deve garantir uma formação que possibilite o acesso ao conhecimento e exercício da cidadania, constituindo um ensino unitário, que atende as expectativas de aprendizagem dos conhecimentos escolares da base nacional, segundo as competências do ENEM, e ao mesmo tempo, diversificando o suficientemente para atender aos interesses e aspirações dos jovens estudantes.
Muito se discute sobre o papel e a formação do professor nesse processo. Dentre as diversas qualificações, está a de que o professor deve articular os diferentes saberes às suas práticas sociais e competências do mundo do trabalho. Para isso, a formação desses profissionais deve ser repensada para que eles possam enfrentar as novas e diversificadas tarefas que lhe são confiadas na sala de aula e além dela.
As Diretrizes do I Plano Nacional de Educação 2001-2010 estabeleceu as qualidades esperadas dos professores. Dentre outras, está a de uma sólida formação teórica específica e pedagógica, o domínio das novas tecnologias e de integrá-las à prática do magistério, trabalho coletivo interdisciplinar, ampla formação cultural e análise de temas atuais da sociedade, conhecimento e aplicação das DCNs.
Além das Diretrizes, outro importante documento que norteia o trabalho pedagógico é o Projeto Político Pedagógico, que, deve ser construído coletivamente e deve viabilizar a escola democrática e de qualidade social, expressar a identidade da instituição educacional e articular-se aos planos de educação (nacional, estadual, municipal) ao contexto escolar e às necessidades dos estudantes.
De modo geral, o PPP deve atender às demandas sociais, educacionais, culturais e curriculares as quais se vincula. Deve, ainda, contemplar a realidade, as concepções de educação, conhecimento e avaliação, perfil dos sujeitos do processo educacional, as bases do trabalho pedagógico, qualidade da aprendizagem, gestão democrática, acesso, permanência e retenção dos estudantes, formação dos profissionais da educação, ações voltadas aos índices de avaliação da qualidade da Educação (IDEB, SAEB entre outros, adequação do espaço escolar.
Levando-se em consideração esses aspectos, é importante destacar que as ações docentes e as renovações nas propostas curriculares devem articular a teoria à prática, trabalhando de forma simultânea e condizentes com a realidade para que assim, o estudante consiga perceber a aplicabilidade dos conteúdos aprendidos, exemplificar as diversas formas de conhecimento e sua aplicabilidade além de despertar o desejo de aprender.
Colégio Estadual São Paulo Apóstolo - Curitiba
Orientador de estudo: Katyuscia Cochek Cotta
Cursistas
Daniela Marques Scarpita
Denise Maria Menon Garcia
Jucimara Bednarz Biehl
Laiane Ady Westphalen
Leonardo Costa de Borba
Luiz Carlos Pupia Filho
Sônia Dutra da Silva Ribeiro
Anderson Marcelo da Silva
Andrea Lenise Fontana
Angela Maria Crupzacki
Cleidimara Pereira dos Santos
Iara Dina Firmann de Araujo
Leonisia Isaura Brandalize Piazzetta
Maria Regina Pereira Gandin
Rosely Mehl Amâncio Garbuio
Simone do Rocio Santos
Simone Herrera Natal
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