Caderno III

Uma Interpretação do caderno III

A incompatibilidade entre o currículo e a necessidade do aluno tem sido um dos problemas que há tempo vem incomodando professores, alunos, pais e a sociedade em geral. Nesse sentido, tornou-se necessária uma discussão sobre esse tema na tentativa de encontrar um novo conceito educacional que busque aparar essas arestas bem como encontrar também uma alternativa coerente entre teoria e prática.
Não podemos esquecer que a educação está intimamente ligada às relações de trabalho, e estas relações sofrem mudanças à medida que as forças produtivas se modificam, e isto exige também modificações da educação no sentido de torna-la compatível com essas mudanças. Ao longo da história a sociedade já se organizou de várias maneiras e as modificações aconteceram, não porque alguém idealizou uma mudança ou fez um discurso que encantou milhares de pessoas convencendo-as da necessidade de mudanças, mas porque as forças produtivas atingiram um certo grau de desenvolvimento que obrigou a reformulação das leis e também das formas adotadas para a educação para que se tornassem compatível com as novas forças de produção.
Entende-se por forças produtivas a quantidade de pessoas, qualidade dos trabalhadores, natureza, nível tecnológico, quantidade dos meios de produção e principalmente a combinação social entre eles. Estes elementos se desenvolveram desde o século XV em torno de um princípio chamado mercado de trabalho. Porém, este mercado funciona como um estômago, isto é, tem um limite e a partir desse limite entra em colapso, que são as crises de superprodução de mercadorias que não encontram meios de serem escoadas e assim inicia-se um processo de destruição dos meios de produção, demissão de pessoas e sucateamento de escolas por toda parte.  Em outras palavras, as forças produtivas pararam de crescer. Ou seja, quando há um pequeno crescimento, logo em seguida os meios de produção são destruídos, depois crescer um pouco novamente e na sequencia destruído mais uma vez e assim por diante, de tal modo que na sua média geral não consegue mais avançar, e junto com tudo isso está a educação que também não consegue progredir.
Portanto, como afirma o caderno III, há uma incompatibilidade entre a educação e as forças produtivas da atualidade. Por essa razão, só há uma saída, libertar as forças produtivas para soltar as amarras que impedem o avanço de todo ordem educacional. Mas, para isto é preciso insistir, assinalar, perder o medo e os preconceitos e finalmente compreender de que é mais do que necessário tocar no princípio central que rege toda a organização da sociedade atual. Romper com a forma mercadológica para reorganizar a sociedade numa outra forma, de tal maneira que utilizando-se da tecnologia já desenvolvida faça jorrar em abundância produção e conhecimento a toda a humanidade da terra, para que ciência e tecnologia continue se desenvolvendo para reduzir cada vez mais a jornada de trabalho e possibilitar muito mais tempo para o homem utilizá-lo naquilo que lhe dá prazer e alegria. Um novo mundo pode ser construído, onde o homem se tornará o centro de tudo e não será mais submetido ao mercado de trabalho que age como sujeito e transforma os humanos em simples coisas como qualquer outro objeto.

Cascavel, 20 de Setembro de 2014

Jeremias Ariza,

Prof. de filosofia