Caderno II - Será que conhecemos os nossos alunos?
Perfil dos educandos:
Primeiramente devemos nos questionar sobre a questão: perfil ou perfis? É importante falar em juventude e pretender traçar “perfil”. Toda sociedade e, particularmente, na sociedade escolar existe mais de um perfil, pois ao tempo em que parte dos educandos possui uma visualização do que pretendem para o futuro, e estão conscientes de que a escola é um caminho seguro que o levará a atingir seu objetivo; outros não tem visão de futuro, portanto não encaram a escola como instrumento construtor e seus desejos.
Como acima expostos, podemos afirmar que, nossa escola, também insere-se nessa realidade. Enquanto para parte dos jovens a escola vem de encontro às suas expectativas, atendendo suas necessidades e interesses; para outra, a mesma apresenta-se absoluta, ponto de encontro para desabafo de suas insatisfações, ou ainda, único ponto de encanto social. Ao contemplarmos, ou procurarmos contemplar estes, acabamos por preferir os avanços daqueles. Outrossim, estamos conscientes de que é premente uma mudança que traga benefícios reais para a comunidade estudantil como um todo. Quando provocada a reflexão sobre os “problemas dos jovens na escola”, não cabe mas procurar um culpado para a crise, mas sim procurar soluções. Dada a diversidade social e cultural estudantil, procurar-se-á o aprimoramento do mesmo, levando-o a seu autoconhecimento, enquanto ser humano, como um intelecto em constante “crescimento”, portanto, autônomo, crítico e ético; digno de atenção e respeito, bem como respeitador dos diversos ambientes, enquanto ser social.
Os cursistas do Colégio Estadual Nirlei Medeiros, realizaram uma pesquisa com os alunos do ensino médio, turno intermediário (16h40min.às 21h55min), visando um melhor relacionamento e entendimento desse mundo que nos é tão acessível e ao mesmo tempo tão distante. Compreendemos que a geração “y” nos é atípica a o que entendemos como o “correto” - lembrando que esse “correto” é no sentido de ouvir músicas, mexer no celular e ao mesmo tempo prestar atenção na explicação do professor; de não ter paciência de ler um livro; ser imediatista em resultados; entre outras situações que para eles é comum e não é uma falta de respeito, à nos professores é visto com estranheza e desconfiança.
A partir da leitura do II Caderno, os cursistas elaboram um questionário (que será anexado no fim da conclusão), a ser aplicado aos alunos referente aos seguintes tópicos: Jovem, cultura, tecnologia; Projetos de vida, escola e trabalho; Formação da juventude, participação e escola. Podemos perceber nas nossas conversar informais e discussões com professores e equipe pedagógica, que a escola com seu pensamento antiquado não consegue perceber que o aluno é um sujeito ativo e pode/faz a escolha de sua identidade e não atende a imposições nesse sentido. Buscamos entender nosso aluno além daquelas duas, três, quatro ou cinco aulas semanais. Queremos enxergar a pessoa que há atrás daquela carteira, seus sonhos, sua identidade, sua forma de pensar e entender o motivo de agir. Sabemos que apenas essa pesquisa não nos levará a isso, mas, vemos como o ponta pé inicial.
A pesquisa foi desenvolvida com todo o ensino médio, como já dito acima. Pois, entendemos, que não poderíamos selecionar alguns alunos para esse projeto, pois entendemos que nossos alunos não são - como muitas escolas desejam, homogêneos. A pesquisa demonstrou que nossos alunos são dissemelhantes mesmo fazendo parte da mesma sala de aula, tendo a mesma idade, e frequentando os mesmos lugares. Quanto maior o número de pesquisados, maior será a representatividade e, consequentemente, mais confiáveis e fidedignos serão os resultados obtidos. O desafio era produzir perguntas que fizessem sentido para os jovens. Não que essa atitude pretenda com isso uma resposta “verdadeira”, mas uma resposta possível de ser dada, que estivesse relacionada às experiências sociais desses sujeitos, ao seu cotidiano. Verificamos que não havia necessidade de mentir na pesquisa, pois eles não precisavam identificar-se, apenas colocar apenas; sexo, idade, e série.
Pudemos constar que nossos interagem com seus amigos mais pelo Facebook do que por outras redes sociais e para isso os alunos do 1° ano passam mais de quatro (4) horas na internet. E mesmo utilizando-se de tantas horas do computador, não tem uma noção exata para que serve algumas ferramentas ou programas que são de utilização diária, tais como: site Google, Microsoft Word, Microsoft Excel, entre outros. A internet para esses adolescentes, realmente é vista como um instrumento de socialização e não de pesquisa, eles mostraram-se apáticos a leitura e pesquisa de notícias relacionadas a atualidade que transitam nos sites.
Em sua maioria eles não trabalham e não tem a preocupação em ajudar nas despesas diárias, acabando com a ideia de muitos de nós, que estamos em uma comunidade necessitada e de “pobres coitados”. As casas são compostas de três (3) a quatro (4) pessoas e eles não possuem em seu bairro locais para lazer, além da escola (visto como um espaço de lazer para alguns) e uma pista de skate, construída pelos comerciantes do bairro. Diferente do que imaginávamos a maioria de nossos alunos seguem a religião católica (não diferenciamos se são praticantes ou não), apesar de nas discussões em sala de aula, os protestantes aparecerem em maior número e até mesmo já ter havido muitas discussões com pais/responsáveis e direção por conta de trabalhos com assuntos que “ferem” a moral e os bons costumes.
Em nossa pesquisa achamos muitos pontos contraditórios, nossos alunos veem a escola como uma obrigação, mas, a percebem mais como um espaço de aprendizado do que convivência. A grande maioria aponta os pontos negativos da escola, mas afirmam que já ajudaram na melhoria da escola. Em relação ao ensino nossos alunos sentem faltam de conteúdos mais contundentes com relação ao vestibular, eles sugerem aulões e aulas sobre como se portarem no ENEM, dicas e estratégias de estudos para um bom resultado no vestibular. Desejam também que alguns assuntos fossem abordados com mais frequência e mais profundamente como: sexualidade - assunto qual eles dizem ter dificuldade de discutir abertamente com seus pais e responsáveis, racismo, entorpecentes, sustentabilidade, política e diversidade.
Constatamos que nossos adolescentes conhecem pouco sobre seus direitos escolares e tem uma imagem distorcida em relação a direitos e deveres, e acreditam que essa falta de entendimento gera a indisciplina escolar. Os alunos acreditam que não é um só o problema que interfere em seu aprendizado mas vários, o acesso fácil a internet e a celulares é apontado por quase todos, pois são muito mais atraentes aos olhos deles do que a escola. Muitos reclamam que os colegas desinteressados atrapalham assim como a falta de afinidade com os professores, brincadeiras em exageros, bullyng (tanto de educadores, quanto de colegas) e a infraestrutura escolar.
Os jovens ao qual a pesquisa foi aplicada gostam de ser adolescente, e relacionam ser jovem com tecnologia, acreditando que ela representa sua geração. Nossos jovens sonham em ser bem sucedidos na vida, que segundo eles é ter bom emprego, casa própria, dando orgulho aos pais, poderem viajar, entre outros. As profissões desejadas por eles são diversas e todas incluem o nível superior: médicos, professores, policiais, biólogos, programadores, etc.
A comunidade é considerada muito simples, precária e muito distantes dos bairros mais “desenvolvidos” de Curitiba. Muitas vezes, escutamos desses moradores do Rio Bonito, quando vão a outros bairros, comentários do tipo “hoje fui em Curitiba professora”. Por conta dessa distância, eles acreditam que têm vários serviços precários, tais como: segurança, saúde e lazer. Sentindo-se assim esquecidos, e associam a isso ao número elevado de jovens envolvidos com drogas. Apesar da maioria dos alunos afirmarem que não experimentaram u consumam algo ilícito.
Cursistas do Colégio Estadual Nirlei Medeiros: ANTONIO LOPES, APARECIDA JOSIANE PEREIRA, CLAUCIA FONSECA (orientadora), DIEGO REGIS, ELENICE APARECIDA BLOOT, ELENILDA CAVALHO, ELIANE PRINCIVAL, ELISIANE CARDON, FABIANA PALLU, JEAN FÁBIO DOS SANTOS, JOÃO PAULO ARAÚJO, JOÃO PAULO STADLER, MÁRCIO FERNANDO, MARCELO C. DE MEDEIROS, MICHELE SANABE, RITA BUENO, ROBERTO VALIENTE, SERGIO LEAL, SHEYLA MAYER, SUZANA REGINA e VINICIUS DA SILVA
- Logue-se para poder enviar comentários