É comum querer apontar culpados para justificar os índices alarmantes de baixo rendimento, repetência e evasão escolar no nível do Ensino Médio. No entanto, é preciso considerar que o ensino compete única e exclusivamente à escola, a quem ensina. Está nas mãos do professor e da equipe educativa o encaminhamento adequado para que o jovem alcance o nível de formação desejado, previsto no PPP. Aulas bem preparadas, organizadas e bem ministradas, domínio do conhecimento, instrumentos e formas de avaliação apropriadas à prática pedagógica são alguns dos elementos necessários para que o ensino e aprendizagem se efetivem.
Além de participar do estudo proposto em sala de aula, os jovens carecem de meios inovadores que os façam refletir e agir em busca da realização dos seus anseios. Para tanto, deve-se levar em conta suas necessidades, ações, interações, experiências, medos, ambições, expectativas de vida. Nessa perspectiva, encontram-se o trabalho, as relações humanas, as formas de lazer, entre outras dimensões, mais ou menos interessantes, porém, importantes.
Com base na realidade dos sujeitos do Ensino Médio do Colégio Estadual Tancredo Neves, percebemos que, ao atingir 16 anos, a maior parte dos jovens priorizam seus interesses pessoais por meio de objetos, fatos ou situações próprias de sua faixa etária ou do grupo juvenil a que pertencem, colocando em segundo ou em último plano valores e orientações oriundas dos pais ou da escola.
Na relação interpessoal, o jovem manifesta sua forma de pensar, sentir e agir. Para ele, é chegada a hora de pensar em namorar, trabalhar, curtir momentos com a galera, acessar redes sociais em busca de novas relações e amigos, trocar experiências, conhecer novas formas de viver e de conviver. Ou seja, é hora de afirmar sua identidade, buscar a própria independência e descobrir o mundo, independentemente dos riscos.
Na transição da fase da adolescência para a juventude ocorrem rupturas, o que antes representava desafio ou perigo para alguns pode transformar-se em sucesso, dificuldades ou meios de diversão. Quem começa a trabalhar, seja onde for e pela renda mensal que seja, avalia o trabalho como solução para quase todos os problemas, pois, de certo modo, promove a realização pessoal.
No turno da noite frequentam alunos trabalhadores, muitos exercem atividades em empresas situadas em bairros próximos à escola, outros em empresas centrais do município. Com uma renda média de dois salários mínimos mensais, vários alunos afirmam que, por se sentirem satisfeitos e realizados através do trabalho, não há a necessidade de continuar estudando. As funções/atividades variam: auxiliares de produção em indústrias e construções, serviços de mecânica e de informática, instalações elétricas, repositores e caixas de supermercado, etc.
A tecnologia tem seu valor na medida em que é bem utilizada, quando trabalhada dentro de uma linha metodológica adequada às necessidades humanas. Do contrário, torna-se instrumento obsoleto. A tecnologia contemporânea é formada especialmente por instrumentos de cunho digital, sendo a internet e o celular os mais visados pelos estudantes.
Na perspectiva do uso das redes sociais digitais, os alunos mencionam que sentem imenso prazer em se comunicar e trocar ideias com jovens da sua idade, porém, como não se trata de uma conversa presencial onde o contato é visual e próximo com o interlocutor, a relação se restringe à simples troca imediata de informações de ambos interesses, o que não assegura o fortalecimento dos laços de amizade proposto pela rede.
Com relação às situações de risco ou desproteção social, a escola se vê diante de muitos alunos usuários ou dependentes de algum tipo de droga, especialmente a maconha e o crack. De outro lado, existem casos de abuso e violência sexual que atingem meninas e meninos adolescentes e jovens. São situações que dependem muito da intervenção da escola, pois, diariamente pais ou responsáveis procuram auxílio junto à direção e equipe pedagógica.
Como se percebe, mesmo que por muitas vezes o jovem coloque a escola em segundo plano, é por meio dela que ele consegue encontrar o espaço e o encaminhamento adequado para a sua realização pessoal, social e humana. Nos casos de fracasso escolar não é diferente, a expectativa é de que a escola pode dar conta de reverter as situações negativas existentes no âmbito do processo de ensino e aprendizagem por meio de ações pedagógicas, adequadas a cada caso.
Em e tratando do que conseguimos entender e como podemos intervir em prol da juventude estudantil, em especial nos aspectos da identidade e da particularidade, também percebemos que é preciso pensar formas e meios que deem um sentido real tanto para o estudo científico como para o sujeito em formação. Uma das propostas deste curso é justamente a de trabalhar o conhecimento científico de modo que este, sendo associado à realidade do jovem estudante, considere sua vida e seu trabalho um princípio educativo.
Portanto, organizar e ministrar conteúdos com base na Proposta Pedagógica Curricular, trabalhar, revisar e avaliar conteúdos, promover a recuperação de estudos, entre outras ações pedagógicas, é o mínimo que um profissional do magistério deve fazer para que os jovens estudantes atinjam o nível de aprendizagem previsto no Projeto Político-pedagógico da escola na qual está matriculado.