caderno 7 Pacto - Wiki final

Colégio Estadual João Zacco Paraná - EFMP Município de Planalto - Paraná Núcleo Regional de Francisco Beltrão

PROFESSOR (A) CURSISTA Cézar Augusto Soares Dayana Regina Camera de Mattos Denize Terezinha Baldissera Lagner Flávio Roberto Kich Isanir Milani Leci Lurdes Vetorello Dahmer Neuza Brasil de Castro Rosemeri Ines Kunrath Sônia Mumbach Vera Clair Kreling Fátima Roseli da Cruz Kegler Zenaide Salete Gallas Werle

Texto da Wiki final

A partir das discussões suscitadas em nosso grupo de estudos do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, destaca-se que por meio do balanço histórico e da experiência do cotidiano escolar, observa-se que a educação em nosso país necessita avançar em inúmeros aspectos para chegar ao patamar de qualidade almejado pelo coletivo que atua nesta instituição. São inúmeros os desafios atuais da Educação, principalmente no que se refere ao Ensino Médio, devido aos diversos problemas históricos que ocorrem no próprio sistema, em nossa escola, não é diferente, pois vivenciamos essa mesma realidade. Inclusive, muitas famílias estão deixando para a escola toda a responsabilidade educacional dos seus filhos. Entre as ações necessárias para melhorar esse quadro, podemos elencar a necessidade de políticas educacionais mais consistentes, voltadas à valorização dos profissionais da educação, aperfeiçoar os cursos de formação e de capacitação de professores, inclusive, cada instituição de ensino deve buscar alternativas de incentivo à constante atualização da comunidade escolar como um todo, promover estudos voltados à inclusão de alunos com dificuldades de aprendizagem e de necessidades educacionais especiais, aos temas transversais, enfatizando os valores éticos e cívicos, os direitos humanos, a filosofia, a literatura, a saúde, a sustentabilidade, entre outros. No que diz respeito ao espaço escolar e aos sujeitos que dele fazem parte, e levando em consideração as características do nosso contexto escolar, percebemos que é necessário implementar ações em sala de aula envolvendo melhor os alunos em atividades práticas de pesquisa, tendo origem em salas de aulas-laboratório por disciplina, fomentando assim o interesse e a curiosidade do aluno, fazendo com que ele se sinta sujeito no processo de aprendizagem, dando significado ao conhecimento adquirido. Também é importante a utilização de recursos audiovisuais, contribuindo para o envolvimento do aluno na apropriação do conhecimento científico, possibilitando a criatividade e a construção de conceitos para uma compreensão mais ampla da sua realidade. Planejamos algumas ações imediatas que foram realizadas em nossa escola durante o período letivo de 2014, tais como: momentos de interação entre professores e estudantes, aplicação de um questionário socioeconômico e cultural para alunos e professores, no intuito de conhecer melhor quem são os sujeitos da nossa escola. Reconhecidamente devemos valorizar a cultura de cada um, ampliando a bagagem de conhecimento, despertando o entusiasmo em aprender e a valorização dos saberes. Nas discussões realizadas pelo grupo da nossa escola ressaltou-se que o mais importante é ter uma educação básica de qualidade, que permita um processo de aprendizagem permanente, ao longo de toda a vida, buscando o desenvolvimento integral do ser humano, por isso é de extrema importância a reflexão acerca das mudanças que essa modalidade de ensino requer. Ao se pensar em alternativas para as mudanças requeridas pelo Ensino Médio, faz-se necessário pensar nos conteúdos trabalhados em cada uma das disciplinas que compõem a grade curricular dessa modalidade de ensino. Consideramos que os conteúdos trabalhados devem primar pela transmissão dos conhecimentos historicamente elaborados pela humanidade. A prática adotada pelo professor deve constantemente ser reelaborada a fim de garantir que de fato o estudante atinja a aprendizagem. Isso se dá através de uma proposta bem planejada, com fins e objetivos claros, podendo ser pautada nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio ou nas Diretrizes Curriculares Estaduais. A grande dificuldade apontada pelos professores da escola é a questão do número de aulas na grade curricular, pois praticamente todas as disciplinas do currículo têm apenas duas aulas semanais e esse número é muito aquém do necessário para realizar um trabalho eficiente com o rol de conteúdos das disciplinas. Para dinamizar o processo educacional, sugerimos o aumento da jornada escolar dos estudantes para uma escola em tempo integral, considerando que por se tratar do público do ensino médio, faz-se necessário um auxílio na forma de incentivo financeiro para a participação dos jovens em projetos (elaborados pelos docentes da escola em parceria com profissionais qualificados em determinadas áreas, e universidades, para atender às demandas específicas da comunidade) de modo que o aluno contribua através de ações fundamentadas no conhecimento científico, tornando significativa e mais objetiva a contribuição da escola com a comunidade na qual esta se localiza. A escolarização é a condição fundamental de acesso à cultura, ao sentido crítico, à participação cívica, ao reconhecimento do belo, e ao respeito pelo outro. O que de fato faz a diferença é que os profissionais tenham clareza e segurança de onde se quer chegar por meio do ensino dos conteúdos, que sujeitos se pretende formar e de que estrutura física e humana dispomos para alcançar a educação de qualidade que almejamos para todos. Pensamos e defendemos a proposta das DCNEM e DCE´s as quais propõem articular trabalho, ciência, tecnologia e cultura, considerando as diversidades dos sujeitos. Porém, precisamos desenvolver ações que permitam aprofundar a compreensão destes conceitos com todo o grupo de profissionais da escola, para posteriormente organizar momentos de planejamento por turma e por séries, levando em conta a articulação do conhecimento por disciplina, priorizando os saberes relevantes à sua formação como sujeito crítico, participativo e atuante no seu meio social. Consideramos importante organizar no início do ano letivo, trabalhos coletivos envolvendo as disciplinas do Ensino Médio, que possibilitem o envolvimento do aluno com a comunidade no contexto sociocultural e econômico objetivando que a sociedade perceba a relevância social do trabalho que a escola realiza. Quanto às ações já realizadas neste ano letivo, colocamos em prática debates, reuniões, leituras articuladas a discussões acerca da necessidade de buscar conhecer melhor o jovem - público-alvo da escola. Para tanto, buscamos parceria com a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), instalada no município vizinho - Realeza, numa tentativa de promover uma real articulação entre as disciplinas da Base Nacional Comum do Ensino Médio regular às específicas do Curso Técnico em Meio Ambiente. Além disso, a escola tem procurado manter atualizado seu arsenal tecnológico para modernizar o trabalho dos professores. Por meio de promoções e parcerias com a comunidade, foram adquiridos datashow´s, notebook´s, aparelhos de som, máquinas fotográficas, pendrives, aparelhos de ar condicionado, entre outros. Porém, consideramos que as verbas destinadas pela mantenedora às escolas não dão conta das necessidades que a escola tem para efetivar um trabalho adequado. Para tanto, frequentemente a APMF se mobiliza, realizando promoções com o objetivo de angariar fundos para garantir as necessidades essenciais dos projetos desenvolvidos na escola. Percebemos que, ao longo da história do processo educacional brasileiro, muito se fala e pouco se faz pela educação como um todo. As metas e prioridades da educação são direcionadas a atender aos interesses de mercado, ora as metas priorizam cursos profissionalizantes, ora a formação e construção da cidadania. Porém, as palavras mudam no papel, e a estrutura física dos espaços educacionais é a mesma há 30 anos. Em nossa escola, por exemplo, nenhuma sala de aula foi construída há várias décadas, inclusive não temos saídas de emergência. Pela estrutura física que temos, mantida pela SEED, não conseguimos o aval definitivo do Corpo de Bombeiros para o funcionamento com segurança. E mesmo após inúmeros projetos solicitando as adequações, sem conseguir as reformas e manutenções necessárias, continuamos trabalhando com mais de 700 alunos diariamente neste espaço. Caso acontecer uma tragédia, de quem será a culpa? A estrutura física do espaço escolar deve ser prioridade quando se trata de segurança. É através do trabalho que os indivíduos produzem e garantem a sua existência humana. Por meio do trabalho é que se dão as relações entre as pessoas e estas se tornam um profundo aprendizado diário. A pesquisa é uma importante ferramenta pedagógica, pois dá maior significado ao aprendizado, leva o aluno a buscar, a problematizar as diversas situações, a interessar-se, a buscar compreender a vida cotidiana e a partir daí formar seus próprios conceitos, os quais, socializados e discutidos, permitem elaborar um novo conhecimento. Além da pesquisa, o educando necessita de práticas que levem ao melhor entendimento dos conteúdos. Reforçamos mais uma vez que a estrutura física de que dispomos não possibilita um trabalho de qualidade, desestimulando os docentes e frustrando os estudantes, porque temos necessidade de salas temáticas para cada disciplina, inclusive requeremos espaços para armazenar os trabalhos práticos, e articular dinâmicas pedagógicas diferenciadas. A discussão dos tempos atuais tem como objetivo ressignificar o saber escolar, ou seja, encontrar formas de alcançar o conhecimento de modo menos fragmentado, proporcionando a relação do espaço vivido pelo aluno com as relações socioeconômicas que o envolvem, estabelecendo significados da realidade com o contexto escolar, levando-o a perceber de modo crítico, que o conhecimento científico é a base das relações sociais e para a explicação sobre a dinâmica da sociedade contemporânea. Isso nos remete ao trabalho dos conteúdos de forma contextualizada e interdisciplinar, permitindo ao professor uma prática mais eficaz, oportunizando ao aluno um aprendizado mais interessante, levando-o a entender o momento sócio-histórico em que está vivendo e de onde este provém. Essa situação requer condições para as escolas realizarem um planejamento entre professores das diferentes disciplinas a fim de possibilitar um trabalho menos fragmentado e interdisciplinar. O ensino tem que ter como finalidade formar indivíduos conscientes e críticos para a vida em sociedade. Esse é o maior desafio da escola em nosso tempo, pois grande parte dos alunos têm se mostrado desmotivados, sem paciência e sem a disciplina necessária para estudar. Nossos jovens estão cada vez mais imediatistas, demonstram enormes dificuldades em se concentrar nas aulas e menos ainda nas explicações dos professores. Devemos ter um cuidado especial referente à interdisciplinaridade, pois nem todos os conteúdos são possíveis de fazer uma interação entre as disciplinas. Nesses casos, cabe ao professor buscar alternativas que despertem o interesse dos estudantes, atrelando a teoria à prática cotidiana. No sistema capitalista em que a sociedade está envolvida, torna-se cada vez mais difícil realizar uma verdadeira “Gestão Democrática" na escola. Mesmo reconhecendo que a gestão ideal é aquela que se pauta na ideia de ser um "processo de construção social que requer a participação de diretores, pais, professores, alunos, funcionários, e entidades representativas da comunidade local como parte do aprendizado coletivo de princípios de convivência democrática, de tomada de decisões e de sua implementação” (Cad. V, p. 7). As instâncias colegiadas têm importante participação no processo democrático, auxiliando o gestor que deve ser o articulador e socializador das informações e expor com clareza os objetivos para motivar a execução dos mesmos, envolvendo o coletivo. O colégio João Zacco vem buscando diferentes alternativas para que haja efetiva participação da comunidade nas ações realizadas. Muitas são as atividades desenvolvidas nas quais todos são convidados a participar. A escola planeja ações em que a comunidade escolar pode contribuir para o processo de democratização das decisões, buscando a realização dos objetivos propostos, tais como: encontro de pais e professores para analisar o desempenho escolar dos filhos (estudantes), atividades culturais e esportivas, reuniões entre a direção, a APMF, o Conselho Escolar e o Grêmio Estudantil, entre outras. A grande dificuldade encontrada no sentido de abranger mais as instâncias colegiadas nas ações da escola é o fator tempo, uma vez que os integrantes das instâncias são pessoas da comunidade e estão ligadas a inúmeras outras diretorias da comunidade local. Além do fator tempo, percebe-se a questão de que muitos não se consideram sujeitos atuantes no processo educacional da escola, o que também contribui para que a participação de todo o coletivo não seja tão abrangente. As sugestões apontadas pelo grupo do Pacto são de que a direção tenha maior autonomia na realização de reuniões e demais atividades de modo a fazer os encontros durante o horário de trabalho, e não ser constantemente em horários extras, pois o acúmulo de serviços compromete a participação das pessoas como um todo. Inclusive, gostaríamos de realizar, aos sábados, encontros de formação às instâncias e demais interessados da comunidade escolar, com possibilidade de certificação. Além disso, planejamos encontros de formação para os pais, a fim de auxiliá-los no reconhecimento da importância de adotarem uma participação mais efetiva na escola, tanto no acompanhamento dos estudos dos filhos quanto nas demais ações e decisões da escola. Na temática da avaliação, as discussões abrangeram os inúmeros desafios que a escola enfrenta em relação ao sucesso/insucesso dos alunos da nossa escola, os vários tipos de avaliação (avaliação da aprendizagem, avaliações externas e avaliação institucional). Sabemos que o processo avaliativo é complexo e demanda bastante clareza quanto aos objetivos a que se propõem. A avaliação da aprendizagem deve ser realizada com vistas à promoção do estudante, deve ainda ter caráter educativo e jamais punitivo, viabilizando aos alunos e docentes uma reflexão sobre suas práticas, identificando dificuldades e potencialidades de cada um. Em nossa escola, a avaliação da aprendizagem segue as normas e os princípios previstos no PPP, porém sempre ocorrem dificuldades de consenso entre as demandas de cada disciplina; esses conflitos fazem parte do caráter próprio da avaliação. Consideramos que a avaliação ainda se faz necessária em nosso contexto escolar, pois os alunos ainda não têm maturidade para reconhecer a importância de estudar sem se preocupar com a nota, uma vez que esta deve se encarada como o resultado do conhecimento. No entanto, sabemos que todo o sistema educacional brasileiro ainda está pautado em notas, tanto pelo Enem, pelos vestibulares, e pelos exames em geral, quanto pelas avaliações externas que são demonstradas através dos índices atingidos por cada uma das escolas brasileiras, o que de certa forma gera uma espécie de concorrência entre as escolas, fomentada principalmente pela mídia. Nas últimas avaliações externas, nossa escola tem se mantido no nível básico, ou seja, abaixo do 4,0 que seria considerado adequado. Com o objetivo de elevar os índices da nossa escola, já colocamos em prática algumas ações que consideramos importantes: reunião com pais e responsáveis, junto com alunos que realizam as provas, com o intuito de conscientizá-los da importância de fazer uma prova com interesse nos resultados. Os professores das disciplinas de português e matemática (na Prova Brasil) utilizam em suas aulas provas de anos anteriores para que os alunos se familiarizem com o modelo de avaliação e consideram os resultados obtidos pelos alunos a fim de melhorar as notas destes no trimestre. E os professores do Ensino Médio também trazem para as suas aulas questões de Enem´s anteriores para análise e reconhecimento das competências e habilidades requeridas no exame, bem como estimulam e orientam os estudantes da importância desse exame para a continuidade dos estudos ingressando nos cursos superiores. Enfim, os encontros do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio foram bastante proveitosos para todos os integrantes do grupo, porém, sentimo-nos frustrados que apesar das constantes reivindicações e das evidências apontadas para realmente conquistar uma educação de qualidade, foram fechadas turmas de alunos em nossa escola para o próximo ano letivo. Além disso, várias verbas necessárias para a manutenção do básico da escola estão atrasadas, sem vislumbrar uma possibilidade de recebimento. E ainda, percebemos com desolação os inúmeros problemas que nosso governo vem enfrentando, tanto a nível federal quanto estadual, com os casos de corrupção e desvios de verbas públicas. Sonhamos com uma sociedade mais justa e continuaremos trabalhando para isso. Oxalá os mandatários assumam os compromissos propalados nas campanhas eleitorais, de uma sociedade mais igual em nosso país.