Caderno 3 - O CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO, SEUS SUJEITOS E O DESAFIO DA FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL
CEEBJA Prof. Orides B. Guerra – Foz do Iguaçu – Paraná
Professor Orientador: Paulo José Marin
ALAYDE NICOLETTI TEIXEIRA
FÁBIO VICENTE
FABIOLA REGINA DE ARAUJO ALVES
FRANCISCO DE ASSIS ONORIO
GENECI RIBEIRO PADILHA
ILZE BARTHEL RONCONI
MALGARETE TEREZINHA ACUNHA LINHARES
NEREIDA WILLIAN PETER BRAZ
STELLA MARIS RAMOS
TÂNIA MARIA MIGLIORANÇA
TEREZINHA F. SERRA MARTINS
O CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO, SEUS SUJEITOS E O DESAFIO DA FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL
As relações existentes do que ensinamos e o mundo do trabalho, da ciência da tecnologia e da cultura é a ligação direta com o cidadão da cidade de Foz do Iguaçu, um dos integrantes da tríplice fronteira.
O ensino tem objetivos que evidenciam a importância do aluno como instrumento de compreensão do mundo a sua volta e de vê-lo como área de conhecimento que estimula o interesse, a curiosidade o espírito de investigação e o desenvolvimento da capacidade de resolver problemas.
A integração do trabalho e cultura acontece pela convivência com estrangeiros, assim a tecnologia utilizada na metodologia de ensino realiza-se através da utilização de filmes, fotos, mapas. Por sua vez, a ciência e tecnologia dá-se pela pesquisa investigativa, levando em conta o contexto social e as relações de poder permitindo ao aluno aplicar a sua aprendizagem criativamente em uma nova situação.
Todo conteúdo busca inserir elementos que incitem a reflexão dos alunos sobre as demandas do mundo do trabalho, ou seja, qualquer atividade que seja realizada deve ser relacionada com a prática destacando a sua aplicação em determinada área de trabalho demonstrando assim que, a ciência vem sendo desenvolvida a partir das necessidades da evolução da humanidade.
O trabalho de conscientização da necessidade do estudo mantém o aluno motivado com a perspectiva de alcançar posições de maior prestígio e consequentemente, salários melhores.
As DCNEM abordam em vários textos a questão da interação do sujeito do Ensino Médio e as relações de trabalho, para isso tem o trabalho como princípio educativo e a pesquisa como princípio pedagógico que envolve quatro dimensões: ciência, cultura, tecnologia e trabalho. O texto ressalta ainda que, não é permitido fragmentar essas dimensões e que é preciso haver interação entre as áreas do saber. Essa é uma das proposições que gera polêmica, pois isso se deve ao fato das DCNEM citarem o trabalho como uma das dimensões que compõem a proposta, como se fosse algo que realmente acontecesse no ambiente escolar, na prática esse conteúdo não se concretiza.
A maioria das escolas públicas não está equipada ou preparada para a inserção do aluno no mundo do trabalho. Assim, ao se discutir a construção de um Currículo inovador para tal modalidade de ensino, há muitos aspectos que precisam ser revistos para que sejam efetivados.
Em relação às DCE para o estado do Paraná, observa-se a ênfase dada para a interação do sujeito com seu contexto, o homem como ser histórico e crítico. No entanto, as DCNEM propõem um debate acerca das áreas do conhecimento, o que demonstra um caráter interdisciplinar. As DCE do Paraná estão mais próximas da realidade dos nossos alunos por apresentarem o currículo separado por disciplinas de base comum e a parte diversificada, os conteúdos organizados dentro de eixos específicos e estruturantes.
Evidentemente, o ensino propicia uma imensa riqueza no processo criativo, desenvolvimento da autonomia intelectual e moral dos alunos e ainda tem como papel principal o de construir o conhecimento como um todo.
A educação deve ser parte formadora do intelecto do aluno, através de cada disciplina e equipe pedagógica enquanto conjunto, assim, o aprendizado será apenas uma consequência dessa união com o mesmo objetivo.
Ao professor compete conduzir seus alunos por um caminho de melhor acesso para alcançar seus objetivos. Esses caminhos são escolhidos pela sociedade que nos passa um produto pronto e acabado, onde temos que nos adequar e competir, e não produzido pelos sujeitos do processo. Ao aluno a quem se impõe um papel de espectador e reprodutor de um processo que lhe é imposto, muitas vezes causa-lhe obstáculos, truncando todo o seu poder de decisão e criação. O professor deve ser o facilitador norteando o aluno nesse processo de ensino e aprendizagem.
No caso do ensino de jovens e adultos, por seu caráter particular em relação à educação básica, onde trabalhadores não tiveram a oportunidade de completar sua educação básica em uma escola regular, essa relação se estreita se tornando familiar. O aluno, nesse contexto, faz do professor uma ponte para o pleno acesso ao exercício de sua cidadania, visando sua inserção no mercado de trabalho para concorrer em uma sociedade rotulada e competitiva.
Assim, necessariamente o docente deve ter o perfil de alguém que estimula a autonomia que se revela questionador e curioso, explorador do conhecimento e do novo, disposto a quebrar paradigmas e a dar valor à opinião dos seus estudantes. O professor deve ter habilidade de respeitar o nível de desenvolvimento do seu aluno, os seus interesses e suas aptidões. Como docentes precisamos conhecer o mundo desse estudante, incluir a família, amigos e a sua realidade tem impacto na sua aprendizagem.
Quando valorizamos nosso aluno deixando que ele expresse sua opinião oportunizamos discussões e momentos de reflexão, certamente estamos contribuindo para o seu crescimento intelectual e moral.
Nas práticas realizadas em sala, não podemos abrir mão de um ensino motivador, que propicie ao discente o desenvolvimento físico, intelectual, social e emocional do educando, e possibilitar o desenvolvimento das capacidades de comunicação, por meio das diferentes linguagens e das formas de expressão individual e grupal; incentivar o gosto pela aprendizagem, pela investigação, pelo conhecimento, pelo novo; exercitar o pensamento crítico, por meio do aprimoramento do raciocínio lógico, da criatividade, e da superação de desafios; estimular o desenvolvimento psicomotor, as habilidades física, motora e as diferentes destrezas; propiciar o domínio de conhecimentos científicos básicos; favorecer a socialização, isto é, a produção da identidade e da diferenciação cultural, mediante a localização de si próprio como sujeito, da participação efetiva na sociedade e da localização espaço-temporal e sociocultural.
A sociedade atual nos leva a refletir sistematicamente sobre nosso trabalho junto aos alunos da EJA. As mudanças são grandes e alteram nosso olhar sobre nosso dia a dia. Uma aula preparada no período anterior necessita de alterações para o período seguinte: as exigências, o ritmo, o aluno e o professor mudam de forma muito rápida.
A diversidade é uma marca da EJA: homens, mulheres, adolescentes, idosos com motivação também variada, como o aluno mais velho, que deixou a escola por motivos particulares que vão desde o trabalho, o casamento e até a necessidade de cuidar dos filhos, vem à escola porque têm objetivos a atingir e, de outro, o aluno jovem, que deixou a escola porque foi reprovado e é, em alguns casos, infrator ou com algum problema de comportamento, não se adaptou e vem porque a justiça ou a família o obrigam. Dessa forma os objetivos são diferenciados, nem todos têm a intenção de ter sucesso no mundo do trabalho, alguns desejam apenas conhecer os conteúdos escolares para ajudar seus filhos nas tarefas.
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