caderno 3

Reflexão e Ação 3
As decisões sobre o currículo se instituem como seleção. Na medida em que se trata de uma seleção, e que esta não é neutra, faz-se necessário clareza sobre quais critérios orientam esse processo de escolha. Promova um debate entre os professores participantes deste curso tendo como tema a seguinte questão: “Que relações existem entre o que eu ensino e o mundo do trabalho, da ciência, da tecnologia da cultura?” Registre esse debate e compartilhe as conclusões em suas redes de contato.

O currículo tem que levar em consideração o conhecimento local e cotidiano que os alunos trazem para a escola, mas esse conhecimento nunca poderá ser uma base para o currículo. É necessário aprofundar os conhecimentos e não ficar só no senso comum orientando-os pela busca de uma formação humana integral.
O currículo integrado em torno do eixo trabalho-ciência-tecnologia-cultura deve ser capaz de atribuir novos sentidos à escola, dinamizar as experiências oferecidas aos alunos, resignificar os saberes e as experiências. Desse modo, cada disciplina, cada experiência curricular estará articulada com o eixo de vivenciar a cultura, o trabalho, a ciência e a tecnologia.

 

Reflexão e ação
Reconhecemos a complexidade das propostas das atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Por essa razão, propomos que se reserve um tempo para a leitura e aprofundamento:
1) Ler e analisar as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio (Parecer CNE/ CEB 05/2011 e Resolução CNE/CEB nº 02/2012 disponíveis em: <http://portal.mec.gov.br/index. php?option=com_content&id=12992:diretrizespara-a-educacao-basica)>;
2) Organizar uma roda de conversa com os professores da escola sobre as DCNEM.
3) Sistematização: quais as proposições que mais geraram debate? A que você atribui que tenham sido essas as questões mais polêmicas?
4) Faça o registro dessa atividade e socialize com os demais professores cursistas.

O papel que a escola ocupa hoje é muito complexo e intenso. É bem visto que atualmente, a escola apodera-se das funções antes exercidas pela família além do desinteresse e indisciplina por parte dos alunos em querer aprofundar os conhecimentos básicos e manter uma sala onde haja aprendizado. Outro fator é que os conteúdos são extensos e a carga horária é curta. Dificilmente conseguimos repassar tudo que tínhamos no cronograma porque a carga horária é curta e também porque além de ministrar as aulas recebemos durante o processo outros temas para trabalhar como água, dengue, dia da consciência negra etc. Não quero dizer que não são importantes, pelo contrário eles ajudam sim na formação do aluno mas deveria ser feito de outra forma.

Reflexão e ação
Leia atentamente o quadro abaixo  FINALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
– Propiciar o desenvolvimento físico, intelectual, social e emocional do educando, tendo em vista a construção de sua autonomia intelectual e moral;
– Possibilitar o desenvolvimento das capacidades de comunicação, por meio das diferentes linguagens e das formas de expressão individual e grupal;
– Incentivar o gosto pela aprendizagem, pela investigação, pelo conhecimento, pelo novo;
– Exercitar o pensamento crítico, por meio do aprimoramento do raciocínio lógico, da
criatividade, e da superação de desafios;
– Estimular o desenvolvimento psicomotor, as habilidades física, motora e as diferentes destrezas;
– Propiciar o domínio de conhecimentos científicos básicos, nas diferentes áreas,
tais como: Matemática, Língua Portuguesa, História, Geografia, Biologia, Física, Química, Sociologia, Filosofia, Educação Artística e Educação Física;
– Favorecer a sociabilização, isto é, a produção da identidade e da diferenciação
cultural, mediante a localização de si próprio como sujeito, da participação efetiva na sociedade e da localização espaço-temporal e sociocultural.
FONTE: SILVA, M. R. et al. Planejamento e trabalho coletivo. Coletânea Gestão da Escola Pública. Curitiba: UFPR, 2005.

Que relações você estabelece entre essas “finalidades” e o que é praticado nas escolas, considerando sua experiência como aluno e como professor?

Refletir: essas finalidades não são “disciplinares”, mas emergem da contribuição que cada disciplina, cada área, cada experiência vivida dentro e fora da escola oferece no processo formativo ao longo da vida. Em vista dessa consideração, escreva um texto no qual você evidencie as contribuições do que você ensina para o desenvolvimento da autonomia intelectual e moral de seus alunos.

A relação que estabelecemos entre as finalidades da educação e a prática nas escolas é de uma grande busca para conectar de fato alguns destes itens que são difíceis de serem atingidos em sua totalidade. No entanto, as relações que existem atualmente entre a instituição de ensino e o aluno, são de fragilidade, pois na sua grande maioria, percebemos que a escola é vista como uma instituição que tudo aceita e nada pode fazer, isso é fala dos próprios alunos, que percebem a escola como “de mãos atadas” no tocante à disciplina. Acreditamos que para ser capaz de englobar toda a formação humana que a sociedade espera da sociedade, a escola não pode se distanciar tanto no comportamento que o mundo possui, ou seja, há um pensamento do “tudo pode” na escola, quase não se reprova, praticamente não se pune, existem muitos direitos que o aluno possui, mesmo que ele mesmo não saiba ainda cumprir seus deveres. A política da impunidade domina e os alunos sentem-se “donos” da escola e senhores dos professores, que estes, ainda que motivados e comprometidos com a educação e com a boa formação, sentem-se sem apoio das autoridades competentes para resolver problemas básicos para que suas aulas possam buscar atingir a essas finalidades. Há uma grande preocupação com o currículo, com as melhores escolhas dos conteúdos, com as melhores práticas e variações pedagógicas, mas não há uma preocupação em ver a real condição em que os professores exercem suas profissões, com muito dolo e corriqueiros exercícios de paciência. Em nossa experiência como alunos da educação básica , o professor era autoridade, a equipe pedagógica e a direção, juntamente com os pais, eram capazes de resolver com grande eficiência e rigor (deixamos claro que sem punições físicas) as dificuldades que ocorriam em sala de aula, no entanto, na atualidade, a aceitação parece ser a força motriz da prática pedagógica, muitas vezes, prejudicando os alunos que não conseguem entender seu papel de estudante, prejudicam a própria e a alheia aprendizagem, o que implica diretamente no processo formativo ao longo de sua vida.
Refletir: essas finalidades não são “disciplinares”, mas emergem da contribuição que cada disciplina, cada área, cada experiência vivida dentro e fora da escola oferece no processo formativo ao longo da vida. Em vista dessa consideração, escreva um texto no qual você evidencie as contribuições do que você ensina para o desenvolvimento da autonomia intelectual e moral de seus alunos.
Para contribuir com o desenvolvimento da autonomia intelectual e moral dos alunos, muito tem se feito em cada ato pedagógico, pensado com muito estudo para a sala de aula. Ser autônomo moralmente significa poder analisar criticamente a obrigatoriedade das normas. Interagindo com crianças pequenas, o pensador Piaget acompanhava a psicogênese da noção de obrigatoriedade moral. Ao afirmar que a obrigatoriedade moral segue uma gênese na criança, Piaget se opõe, consequentemente, ao imperativo categórico de Kant, para quem a obrigatoriedade da lei se constitui em categoria da Razão prática. E isso quer dizer que basta esperar o momento para que a criança compreenda o que deve fazer ou não deve fazer. Esse compreender pela criança ocorre até os onze, doze anos. Piaget defende que o juízo moral não é inato; portanto, estará determinado pelos quatro fatores do desenvolvimento mental: maturação, experiência, interação social e regulação. É aí que entra, no nosso entender, a participação da escola no processo da educação moral dos alunos, pois não basta esperar, passivamente, que o aluno atinja sozinho o nível da autonomia moral. O aluno entende que a obrigatoriedade decorre da autoridade, que geralmente, é representado numa figura do contexto familiar (pai, mãe, irmão mais velho) ou do contexto escolar (professor, colega mais velho). Os alunos compreendem que as normas escolares se tornam obrigatórias quando estes participam da elaboração das normas. É por isso que muitas vezes se torna tão difícil aplicá-las quando eles não participam da sua confecção. Pensamos, pois, que se torna necessária uma revisão das práticas disciplinadoras na escola para não perdermos os valores éticos e morais indispensáveis para a vida em sociedade. As contribuições que nós professores realizamos são inserir em nossa aula as discussões, os debates, as interpretações e leituras sobre o que se considera de grande importância para a formação humana e integral do aluno, por meio de inúmeras práticas e metodologias que se façam compreender.
Reflexão e ação 1. Faça a leitura da proposta curricular da sua escola e do componente curricular em que você atua presente nessa proposta. 2. Organize uma roda de diálogo com os jovens alunos da escola e com seus colegas professores; – sobre o currículo da escola; sobre o currículo vivido por estes alunos; sobre o sentido do conhecimento escolar, das experiências vividas mediadas por esse conhecimento e sobre a necessidade de outros conhecimentos e abordagens; conduza de modo a fazer emergir propostas, sugestões de outros encaminhamentos para o currículo, para as disciplinas e para outros arranjos curriculares, considerando as dimensões do trabalho, da ciência, da cultura e da tecnologia. 3. Sistematize as conclusões e socialize seus registros em redes virtuais interativas.
Percebemos a importância do currículo na sua totalidade, no entanto, alguns conteúdos podem ser mais abordados enfatizando os cinco passos de Saviani, para a metodologia ficar mais didática para o aluno, de forma que ele perceba o processo evolutivo desde sua prática inicial até chegar a prática social final, notando a verdadeira mudança sobre seu pensamento, entendimento e correlação com o conteúdo. Outros, todavia, podem ser vistos se maneira mais passageira, pois eram considerados essenciais e sofreram alterações de sentido devido à evolução e a mudança que os anos trazem com eles. Os alunos constroem sentido no que lhes é significativo, portanto cabe ao professor promover a relação entre a prática e a teoria, informando sempre para que aquele conteúdo é necessário, ao fazer isso, o próprio professor repensa seus ideais e realiza uma nova seleção dos conteúdos, na medida em que um conteúdo apenas é “parte” do livro didático, ele torna-se menos desejável, oferecendo espaço a discussões e estudos mais significativos. Concluímos, portanto que esse processo de reconstrução do currículo torna-se essencial para repensar a prática, selecionar, descartar ou acrescentar conteúdos de acordo com as necessidades atuais do ensino.