CADERNO 2 – O JOVEM COMO SUJEITO NO ENSINO MÉDIO

Colégio Estadual Professor Vidal Vanhoni – Paranaguá

CADERNO 2 – O JOVEM COMO SUJEITO NO ENSINO MÉDIO

Denise Rachel Vianna Mansur Nascimento
Evelize Sabino Alves Andrioli
Fernanda Chaves Montiel
Josilene Militão Matozo
Katiane Machado Arndt
Marina Ribeiro Chaves Montiel
Wolffe Henri Skrzypietz

Resumo
O presente artigo visa discutir as temáticas abordadas no Caderno 2 do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, os temas abordados envolvem a definição do jovem estudante do ensino médio e a importância de conhecer suas identidades, sua relação com a escola, com o trabalho e os seus  projetos de vida.

Palavras-chave: Jovens - Identidade - Relações.

As características e valores ligados à juventude são elogiados e até mesmo copiados, pois todos querem ser e parecer jovens. Contudo, os jovens não são beneficiados por políticas públicas suficientes que lhes garantam o acesso a bens materiais e culturais. O jovem não é levado a sério. Ele é desestimulado, pois muitas vezes não é chamado para opinar, até mesmo nas questões que lhe dizem respeito diariamente.
É muito comum que se produza uma imagem da juventude como uma transição, uma passagem; o jovem como um futuro adulto. Pensar assim é destruí-lo de sua identidade no presente em função de uma imagem que projetamos para ele no futuro.
A violência, homicídios, drogas, álcool, AIDS e a gravidez na adolescência contribuem para aumentar a imagem da juventude como um tempo de vida problemático. É preciso cuidar para não transformar a juventude em idade problemática, confundindo-a com os problemas que possam lhe afligir.
Como nos lembra Carrano (2010), a definição de ser jovem através da idade é uma maneira de se definir o universo de sujeitos que habitariam o tempo da juventude. Este é um critério variável e muda de país para país.
Podemos afirmar que a juventude é uma construção histórica. Diversos autores (Aries, 1981; Elias, 1994; Peralva, 1997; Abramo, 1994) já mostraram que a juventude aparece como uma categoria socialmente destacada nas sociedades industriais modernas. Consideramos a juventude parte de um processo de crescimento. Isso significa entendê-la não como uma etapa ou um momento de preparação a ser superado quando se entrar na vida adulta.
Visando conhecer melhor este jovem é importante discutirmos sobre a identidade deste jovem, pois os traços profundos da personalidade irão acompanhar os jovens por toda vida. Nossos jovens possuem uma autonomia maior diante da fase adulta construindo assim sua própria identidade cultural.
Um dos processos produtores das identidades contemporâneas fala sobre a forma em que o sujeito quer ser reconhecido socialmente, isso faz com que a identidade se torne, mas uma escolha do que uma imposição.
A instituição educativa tem uma tarefa importante que está em contribuir nas escolhas conscientes dos jovens em suas trajetórias pessoais constituindo assim seus próprios acervos de valores e conhecimentos, segundo LECCARDI (2005) uma aceleração temporal criaria uma nova juventude com contextos de novas alternativas de vida apresentadas pelo desenvolvimento científico-tecnológico.
Quando enxergamos os nossos alunos como jovens a partir de suas habilidades culturais que vão além dos muros da escola, vemos mudanças ocorridas no relacionamento entre professor-aluno, havendo assim uma interação social, melhorando o ensino-aprendizagem, independente da sua cor raça ou sexo.
Atualmente pode-se dizer que a tecnologia permeia boa parte da formação da identidade deste jovem, onde fazeres cotidianos têm tido uma grande influência das tecnologias. Porém existem educadores preocupados com o modo de ser dessa juventude tecnológica e conectada, pois os educadores parecem não compreender as novas formas juvenis de conduzir a própria existência, produzidas pela intensa conexão com as tecnologias digitais.
Os jovens possuem maior familiaridade com as tecnologias do que seus professores, isso tem se tornado uma dificuldade na relação de poder na sala de aula. Existem várias escolas criando estratégias para evitar o uso das tecnologias de comunicação pessoal por parte dos estudantes, o celular é um grande vilão nesta história, porém existem escolas que procuram aproveitar esta ferramenta para extrair dele sentido de participação e interesse nas atividades propostas.
Existe um grande desafio lançado aos jovens de fazer o uso seguro e crítico das novas tecnologias a fim de dominar os instrumentos do conhecimento e não se deixar ser dominado por elas, nós educadores podemos ser os mediadores neste processo, desde que estejamos preparados para lidar com o cenário da cibercultura e das novas tecnologias de informação e comunicação.
Ao problematizar inúmeras dimensões que integram as identidades dos jovens, vemos questões difíceis, no que se refere a idéia de projeto de vida na relação jovem e escola.
Segundo, Machado (2004) o projeto é o que vai nos permitir fugir aos determinismos e improvisos, organizando e assim nossas ações futuras em relação aos jovens. Pois é na juventude que esse processo começa a mostrar-se de forma mais complexa, onde as demandas e decisões tomadas são feitas de forma individual e autônoma.
Um projeto de vida tende a realizar uma junção de duas questões: a primeira se refere a identidade e a outra na elaboração do projeto de vida. As duas demandam espaços e tempos de experimentação e uma ação educativa que as possa orientar. Por isso é importante que os profissionais da educação estimulem os jovens na capacidade de projetar e acreditar nos seus sonhos, contribuindo assim, para que desenvolvam capacidades de realizá-los, proporcionando chances para que falem de si e de seus projetos.
Nos dias de hoje, um grande problema das sociedades contemporâneas é o jovem convivendo com a incerteza e os rumos do mercado de trabalho. É onde compete a escola a ação de diálogos, reflexões com as experiências dos jovens estudantes que trabalham, criando estratégias de forma a harmonizar e equilibrar a relação escola e trabalho, sempre levando em consideração o território do aluno.
Segundo Milton Santos (2000) o território se define pelo uso que as sociedades e comunidades humanas fazem espaço vivido. Vivência a qual constitui na base importante para a história de vida dos jovens, favorecendo elementos significativos para trabalhar questões diversas em todas as disciplinas e áreas do currículo, construindo assim um fundo de conhecimento; tudo como referência ele (jovem) e seus territórios.
Precisamos entender a educação como um processo de formação humana e não apenas de instrução. A escola deve proporcionar aos jovens interatividade, sempre tendo-os como pessoas que possuem experiências culturais e que precisam ser ampliadas para a construção da sua identidade.
Aos educadores é importante estar sempre em aprendizado e transformação, modificando sempre que necessário sua prática pedagógica para interagir com as construções sociais, históricas e culturais presentes no seu trabalho de maneira atrativa, para que os jovens possam constituir uma parte entre a escola e a vida comunitária.
Cabe aos educadores incentivar o protagonismo deste jovem, para que através de sua participação ele possa definir melhor seu projeto de vida. A dimensão educativa e formativa da participação pode propiciar aos jovens o desenvolvimento de habilidades discursivas, de convivência, de respeito as diferenças e liderança, dentre outras capacidades relacionados com o convívio.
E através a participação direta deste jovem na comunidade escolar que auxiliará na mudança de visão dele em relação a escola, onde deixar de ser uma obrigação para ser o lugar onde ele descobrirá como ingressar no mercado de trabalho, onde se sentirá seguro, onde aprenderá a se relacionar socialmente.