CADERNO 2 – O JOVEM COMO SUJEITO DO ENSINO MÉDIO

REFLEXÕES REFERENTES AO CADERNO II - COLÉGIO ESTADUAL CRISTO REI - FRANCISCO BELTRÃO

O caderno 2, trata especificamente dos sujeitos que compõem o Ensino Médio na atualidade Brasileira. Retrata o cotidiano escolar e as inúmeras queixas dos problemas provocados pelos jovens estudantes. Cita a indisciplina, a “falta de respeito” com os professores, as relações agressivas entre os próprios jovens, tanto verbal quanto física, a “irresponsabilidade” diante dos compromissos escolares e a “dispersão” devido ao uso de celulares ou outros aparelhos eletrônicos, a forma de se vestir, vista como “rebeldia” e afronta ao que se exige como uniforme escolar, piercings, tatuagens e até mesmo o boné. O caderno trata destas e outras questões, não negando estes problemas apontados anteriormente, mas provoca uma reflexão destes e outros “problemas da juventude na escola”, os relacionamentos entre jovens e seus professores, entre os estudantes e a instituição. Coloca também, dos desafios a serem enfrentados na construção desses relacionamentos com os jovens estudantes.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 2012), apontam o jovem como a centralidade do processo educativo. No parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE - 2011) que a fundamenta, fica explícita a necessidade de uma “reinvenção” da escola de tal forma a garantir o que propõe o artigo III, ou seja, “o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico”, e também o artigo VII, “o reconhecimento e aceitação da diversidade e da realidade concreta dos sujeitos do processo educativo, das formas de produção, dos processos de trabalho e das culturas a eles subjacentes”.
A juventude é, ao mesmo tempo, uma condição social e um tipo de representação. De um lado há um caráter universal, dado pelas transformações do indivíduo numa determinada faixa etária. De outro, há diferentes construções históricas e sociais relacionadas a esse tempo/ciclo da vida. A entrada na juventude se faz pela fase da adolescência e é marcada por transformações biológicas, psicológicas e de inserção social.
A juventude ganha contornos próprios em contextos históricos, sociais e culturais distintos. As distintas condições sociais (origem de classe e cor da pele, por exemplo), a diversidade cultural (as identidades culturais e religiosas, os diferentes valores familiares etc.), a diversidade de gênero (a heterossexualidade, a homossexualidade, a transexualidade) e até mesmo as diferenças territoriais se articulam para a constituição das diferentes modalidades de se vivenciar a juventude. Além das marcas da diversidade cultural e das desiguais condições de acesso aos bens econômicos, educacionais e culturais, a juventude é uma categoria dinâmica.
A escola é uma instituição central na vida dos jovens. É um espaço-tempo de convivência e aprendizado, onde eles passam parte significativa de seus cotidianos. A escola é lugar de fazer amigos, compartilhar experiências, valores e delinear projetos de vida. E, apesar de todas as dificuldades vividas pela (e na) escola, os jovens alimentam expectativas de que ela pode contribuir efetivamente para suas vidas, favorecendo a continuidade dos estudos e uma boa inserção profissional. Muitos jovens, quando falam de suas escolas, elaboram críticas. Quando os escutamos, podemos perceber que estes possuem experiências significativas e olhares aguçados que, se compreendidos, apontam caminhos para a superação de muitos dos problemas das escolas públicas. A falta de investimento e a precária infraestrutura de muitas escolas, as difíceis e injustas condições de trabalho dos professores, o modo pouco dinâmico e criativo como muitas aulas acontecem, as dificuldades no relacionamento com alguns professores, tudo isso é objeto de um olhar, às vezes, “desencantado” para o universo escolar que é lançado pelos jovens estudantes.
A adesão à escola ou mesmo a “motivação” para os estudos dependem muito das experiências individuais, dos interesses e das identidades que se constroem a partir da realidade vivida e das interações com outras pessoas e instituições, entre elas a própria escola.
A sociabilidade é uma dimensão central na vida juvenil que a escola não pode esquecer. Nas interações com os amigos, os jovens “trocam ideias”, produzem valores, hierarquizam relações e recriam os tempos e espaços escolares.
As interações coletivas proporcionadas pelas práticas de sociabilidade apresentam potencialidades que podem e devem ser incentivadas. Atividades interativas, além do estímulo ao diálogo, à organização autônoma e à produção coletiva também podem fazer parte do cotidiano escolar.
Nas sociedades modernas, a escola é a instituição que tem a função específica de forjar as novas gerações para a vida social. Seus tempos, espaços, métodos e estruturas são definidos com intencionalidade educativa. Nesse contexto, diferentes gerações se encontram.
Conhecer os sujeitos sobre os quais estaremos trabalhando, é fundamental. Este conhecimento é que norteará todo o trabalho na escola, desde a reconstrução e reformulação dos documentos que norteiam a escola, quanto o currículo que fará a abordagem dos conhecimentos científicos adquiridos historicamente. Além disso, conhecer e reconhecer esta diversidade nos fará crescer enquanto grupo de trabalho e também como profissionais envolvidos neste processo educacional.