Ação e Reflexão – Caderno 2
Iniciamos nosso diálogo falando do “jogo de culpados” na escola. Como “virar este jogo” e construir novos relacionamentos entre professores e seus jovens estudantes? Em sua percepção, faz sentido esta afirmação de que professores e jovens se culpam mutuamente e os dois lados parecem não saber muito bem para que serve a escola nos dias de hoje? Que
tal promover uma conversa na escola sobre a questão dos sentidos do estar na escola para professores e estudantes? E por que não elaborar estratégias para promover o reconhecimento mútuo? Por exemplo, você pode elaborar mapas das identidades culturais juvenis do bairro; redigir cartas aos jovens estudantes para que eles se revelem além de suas identidades uniformizadas de alunos; promover jogos de apresentação na sala de aula, dentre outras atividades. E em quais outras iniciativas podemos pensar para ampliar o campo de conhecimento sobre quem são eles e elas que estudam e vivem a escola? Buscar perceber como os jovens estudantes constroem o seu modo próprio de ser jovem é um passo para compreender suas experiências, necessidades e expectativas.
Querer arranjar culpados não irá resolver o problema. O que devemos fazer é criar vínculos autênticos que aproximem do cotidiano do aluno sem crítica e pressão, pois dessa forma poderemos buscar a identidade dos mesmos através de diálogos, jogos, interação através dos recursos tecnológicos. Mas para que isso aconteça é preciso fazer ajustes pedagógicos para que tenhamos autonomia de realiza-los.
Reflexão e ação
As pesquisas apontam que uma das coisas que os jovens mais fazem na internet é conversar.
E que tal propor um diálogo com os estudantes na escola sobre as conversas na internet?
Será que o que se conversa pela internet tem “menos valor ou importância do que aquilo que
se diz presencialmente? O que os jovens de sua escola diriam? Vamos tentar este papo como um exercício de aproximação com os estudantes? Professor, professora, sua escola está também aberta para o diálogo com as culturas juvenis que envolvem os jovens fora da escola? Que tal promover um diálogo sobre a questão, após assistir ao documentário O desafio do passinho: uma forma de expressão corporal e sociocultural? Ele está disponível no site: <http://www.emdialogo.uff. br/content/o-desafio-do-passinho-uma-formade- expressao-corporal-e-sociocultural>.
O mundo moderno está cada vez mais ágil e dessa forma as relações pessoais estão menos frequentes. Acredito que o que se conversa pela internet não tem menos importância daquilo que eles falam presencialmente. Talvez o que eles não tenham coragem de falar pessoalmente eles falam pela internet. É uma forma de interação. Mas não podemos esquecer que nem tudo pode ser resolvido via Internet. Saber se relacionar, se expressar e se comunicar são fatores para o bom convívio.
Reflexão e ação
E nós, professores e professoras, como podemos ser parceiros e coconstrutores de projetos
para o futuro dos jovens e das jovens estudantes? Que tal buscarmos estratégias metodológicas para que os estudantes falem de si no presente e de seus projetos de vida futura? Uma troca de correspondência entre os estudantes com a mediação docente pode abrir a possibilidade para o diálogo sobre as expectativas juvenis frente a vida. Da mesma forma, e pensando no presente de muitos jovens trabalhadores, tente também saber: quantos estudantes trabalham em suas turmas; que trabalho realizam; quais trabalhos já fizeram; sob quais condições; se foram feitos com segurança e proteção ou em condições
de exploração e desproteção. Seus estudantes têm consciência de seus direitos de trabalhadores e trabalhadoras? Não trabalham, mas pensam em trabalhar ainda durante o tempo de escola? Que tal abrir um diálogo com eles sobre essas e outras questões?
De acordo com pesquisa realizada no turno da manhã onde ministro aulas. Dentre os 74 alunos, 33 trabalham; Realizam trabalhos como: babá, comerciante, secretária, agricultor, piscicultor, entregador, serviços gerais, área de produção, reforma de carroceria, vendedora, pintor, irrigação e estagiária. Todos eles têm consciência dos seus direitos, mas no entanto alguns realizam trabalhos sem proteção e segurança. 32 alunos pretendem ainda trabalhar durante o tempo escolar.
Reflexão e ação
E se todos os professores e professoras se perguntassem sobre o que os jovens e as jovens
estudantes pensam e sentem sobre a escola de Ensino Médio? Seria possível surgirem desta
abertura à escuta e ao diálogo alternativas para a superação dos crônicos problemas de relacionamentos e realização da vida escolar que afetam o cotidiano de muitas escolas?
O gênero carta pode ser uma boa alternativa para a abertura do diálogo com os jovens
estudantes. Que tal então produzir coletivamente uma carta dos professores e professoras endereçada ao jovem estudante de sua escola? Esta carta coletiva pode ser afixada num mural, entregue a cada um dos estudantes ou mesmo ser publicada na internet. Acesse no Portal EMdiálogo a carta ao jovem estudante elaborada coletivamente por professores do estado do Ceará: <http://www.emdialogo.uff.br/content/cartaao- jovem-estudante>.
Seria interessante sim abrir um diálogo com os estudantes. Além da carta outra sugestão seria um blog onde eles pudessem postar sobre os temas que acham interessantes e dessa forma dialogar com questões que eles priorizam dentro do possível é claro.