Buscando o perfil geral do aluno do ensino médio
COLÉGIO ESTADUAL EMÍLIO DE MENEZES- CURITIBA - PARANÁ
Equipe: Ana Lúcia Maçaneiro, Cassiane Markir, Cézar Ibanez, Débora Gonçalves, Doroti Ramlow, Edmilson Lopes, Elaine Thrun, Elenir Accordi, Elisângela Correa, Eliza Sviontek, Fábio Lima, Fábio Souza, Hermina Gomes, Ironi Melo, Jéssika Santos, Mara Fernandes, Márcio Dantas, Maria do Carmo Silva, Regina Célia Silva, Vilmar Kraemer.
Orientadora: Márcia Valentina Pacola
1.Buscando o perfil geral do aluno do ensino médio
O processo de busca do perfil social, econômico e cultural do estudante de ensino médio do colégio CEM através de um questionário. Porém, devido ao alto número de alunos do ensino médio da escola, o grupo optou por uma estimação das informações requeridas através de uma amostra dessa população, de forma que todos os alunos foram escolhidos de forma aleatória, com distribuição idêntica dos sexos.
Após um consenso entre o grupo que seria muito cansativo para o estudante o preenchimento de um questionário muito extenso, acordou-se um limite de 25 questões para a extração dos dados. Para ser mais rápido o processo de tabulação de dados, optou-se pelo uso de um formulário por computador que enviará os dados em uma planilha, onde acontecerá a análise dos mesmos automaticamente.
Os dados fornecem informações ao receberem tratamento estatístico adequado.
2.Fundamentos teóricos para a concretização de uma proposta pedagógica de formação integral
A partir da leitura do texto proposto no caderno 1, da etapa 1, pode se perceber que o Ensino Médio é muito diversificado, seja por classes sociais, interesses e condições sociais. Porém, o que mais se destaca quando se pensa nesta fase educativa é a forma com que se criam os currículos bem como ele é colocado em prática, visando atender às demandas sócio-econômicas-políticas para as quais os educandos estão sendo preparados.
Nossos currículos normalmente são construídos de forma arbitrária e totalitária por sistemas educativos, professores, pedagogos, etc, que estão voltados a impor uma visão de sociedade com valores e conhecimentos que atendam aos interesses da burguesia. Normalmente estão montados em cima de conhecimentos e conteúdos historicamente produzidos pela classe dominante e os mestres quase sempre têm se restringido a repassarem de forma alienadas esses conhecimentos, tidos como pré-requisitos para o “sucesso” na sociedade capitalista. Cumprir o programa e o conteúdo são mais importantes do que discutir e retomar os valores e vivências do cotidiano histórico dos adolescentes e jovens. Nesse sentido, o “preparar o aluno para o mercado de trabalho” nada mais é do que alienar o aluno e o docente enquanto trabalhadores, fazendo da prática pedagógica uma ação desconexa com o cotidiano dos envolvidos na ação educativa.
A rotina estabelecida pelos currículos atualmente transforma a educação em algo enfadonho e sem sentido, visto que foram construídos de forma antidemocrática e não discutem concepções de trabalho de mestres e educandos a partir de suas identidades, pois assim não forma pessoas engajadas no questionamento e transformação das estruturas sociais postas pela burguesia. Não é a toa que os educandos estão cada vez mais avessos à escola. Infelizmente, com o passar do tempo, os alunos vão se acostumando e muitos acabam por assumir e a defender esses valores vivenciais que os alienam. Nesse contexto, os valores que normalmente os docentes formam nos educandos são aqueles estabelecidos pela burguesia: de trabalho alienado, de consumo alienado, de isolamento social, etc.
Mas as coisas podem ser diferentes. A escola pode, através da profissão de ser professor, mostrar para os alunos outros valores na medida em que o docente, através de sua prática social consciente e engajada, se reconhecer enquanto trabalhador e lutar por valores mais humanos, valorizando os conhecimentos adquiridos no trabalho e nas resistências à desumanização proveniente da sociedade capitalista.
Assim, todo processo educativo, em sala de aula e na formação dos professores, deve ter como parâmetro o fato de que a escola não é uma ilha de conhecimentos imparciais e divinos. É no âmbito da escola que se travam lutas sociais por hegemonia de manutenção de poder e resistências que visam transformar o poder que nela está posto. Então, os conhecimentos da docência e as vivências dos educandos devem sim fazer parte dos currículos da escola pública, já que ela tem uma função política muito importante para as classes trabalhadoras, dado que é por meio do conhecimento historicamente acumulado na relação com os conhecimentos e vivências históricas de professores/alunos que poderemos efetivamente fazer do ato de educar um ato realmente humano.
Segundo ARROYO,
A categoria docente vem experimentando nestas décadas as tensões no nosso padrão de trabalho. Buscaram sua valorização reconhecendo-se e exigindo ser reconhecidos como trabalhadores e a docência como trabalho. Entretanto, em nossa cultura política o trabalho é desvalorizado, os direitos do trabalho são negados, os saberes do trabalho não são reconhecidos como saberes legítimos nem nos currículos de ensino elementar. A desvalorização da docência-trabalho continuou porque em nossa cultura política, em nossas relações sociais, o trabalho não tem valor, não passa de mercadoria e menos a docência-trabalho com os filhos dos trabalhadores condenados à sobrevivência mais precária e trabalhos precarizados. Que valor tem esse trabalho no mercado de trabalho? Que valor é dado em nossa história a esses trabalhadores e aos profissionais que os preparam para esses trabalhos de sobrevivência? O padrão de trabalho, sua história, as relações sociais em que se dá mereceriam dias de estudo, tempos na carga horária dos cursos de formação, de pedagogia e de licenciatura, como mereceriam um lugar de destaque nos currículos de formação dos(das) filhos(as) dos trabalhadores. A ausência dessa história, do trabalho dessas relações sociais é mais um capítulo da desvalorização do trabalho até como campo de conhecimento em nossos currículos. (ARROYO, 2.011, p.83)
Nesse contexto, a tentativa da sociedade burguesa de desvalorizar o trabalho, visando supervalorizar o capital, tem por objetivo manter seu poder sobre os trabalhadores, fazendo com que os mesmos se submetam como mercadorias. E é aí que se pode, enquanto docentes, exercer uma ação realmente transformadora, isto é, assumir a identidade enquanto classe de trabalhadores e mostrar, através das lutas e resistências, que é possível uma sociedade diferente. A partir disso, estabelecer um diálogo com os alunos de forma que a construção do plano de trabalho docente seja não uma ação unilateral do docente, mas sim abra espaço para as vivências e valores dos educandos bem como dos seus anseios e preocupações frente à sociedade que se lhes apresenta e com a qual eles têm dificuldades para lidar.
O professor antes de tudo é um trabalhador. Valorizar o seu papel frente à sociedade é, em última análise, resgatar a sua identidade e fortalecer-se enquanto classe. Um docente que se reconhece enquanto tal e reconhece seus educandos da mesma forma, dificilmente terá problemas na relação como ele, pois se coloca como parceiro na luta por uma vida e uma sociedade mais justa e digna, diminuindo assim as tensões, pois sua ação tem sempre um caráter democrático e coletivo. Reconhecer-se, aceitar-se, bem como reconhecer e aceitar o outro na sua identidade formando uma parceria na luta transformadora é o passo inicial de toda superação das tensões em sala de aula.
A formação integral do educando se dará no momento mesmo em que ambos, professor e aluno, se reconhecerem como fazendo parte de um mesmo time, o dos trabalhadores, e que querem a mesma coisa, uma vida e uma sociedade mais justa e digna.
No âmbito da escola se travam lutas sociais por hegemonia de manutenção de poder e resistências que visam transformar o poder que nela está posto. Então, os conhecimentos da docência e as vivências dos educandos devem fazer parte dos currículos da escola pública, já que ela tem uma função política muito importante para as classes trabalhadoras, pois é por meio do conhecimento historicamente acumulado na relação com os conhecimentos e experiências vivenciais de professores/alunos que poderemos efetivamente fazer do ato de educar um ato realmente humano.
Nesse contexto, o ensino não deve estar dissociado do contexto existencial em que a escola está inserida, as vivências e problemas enfrentados pelo educando no seu cotidiano que é o mundo do trabalho, de modo que a aprendizagem adquira significado na dialética entre os conceitos desenvolvidos nas disciplinas com a concretude histórica.
Resgatar o valor da criticidade inerente ao ser humano na sua relação com o concreto imediato, dando-lhe instrumentos para a criação de um novo mundo de significados e ações é hoje o principal papel do fazer pedagógico nas aulas. Através dos conhecimentos que se desenvolveram a partir das lutas e resistências históricas, pode-se questionar, reestruturar e reelaborar as bases da vivência pessoal e social do educando, atingindo-se então uma educação integral.
Referência Bibliográfica ARROYO, M. G. O trabalho humano disputa centralidade nos currículos. In:__ Currículo, território em disputa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011, p. 82-111
3. Como chegar à universalização do ensino médio?
Acredita-se que não é difícil entender que a universalização do Ensino Médio está atrelada à readequação das funções que os jovens entre 15 e 17 anos devem desempenhar.
O jovem por uma imposição velada se submete a viver nesta tensão entre estudo e trabalho, e muitas vezes, passa por situações em que tem que optar entre uma ou outra para garantir a sua própria subsistência e/ou de sua família.
Reformular as políticas públicas educacionais de distribuição de renda seria o ideal para que o jovem não se preocupe tanto com o trabalho e sim busque aprimorar seus conhecimentos, estudando.
É necessário também que a escola reformule sua organização educacional, pois não basta aos jovens frequentar a escola, mas especialmente construir aprendizagens relevantes e significativas ao longo de sua escolaridade. E isso se faz numa escola genuinamente para jovens, resolvendo de vez a crise de identidade do ensino médio. Educar para a vida, não apenas o que é pragmático.
A universalização do Ensino Médio, portanto, perpassa por uma reestruturação social nos seus mais variados segmentos. Isso irá refletir no aprimoramento e igualdade não somente do ensino médio, mas no universo educacional como um todo.
OBSERVAÇÃO: O artigo completo, com tabelas e anexos se encontra no link inicial.
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