Avaliação educacional
Existem várias formas de avaliar o aluno, conhecidas, ou não. O que vamos discutir aqui são as alternativas que estão em vigência na atualidade, e que são discutidas nos encontros do PACTO. O que acontece então quando o assunto é avaliação? Quando se trata da chamada avaliação de aprendizagem cada professor tem uma opinião sobre o assunto. Avaliação de aprendizagem é aquela feita pelo professor em sala de aula. O que ocorre nesse caso?
Ocorre, por sua vez, uma ojeriza por parte da maioria dos professores. A avaliação deveria ser um momento estratégico onde os alunos, juntamente com os professores conversassem sobre o que foi aprendido naquele período de aulas, mas, devido ao sistema engessado elaborado por pedagogas e técnicos, as avaliações são impostas aos professores como metas a cumprir. Em nossa escola os professores obrigatoriamente precisam realizar uma prova valendo 4,0 e uma recuperação no mesmo valor. Caso o professor queira dividir essa nota em duas de 2,0, isso é interno, pois, o valor 4,0 deve aparecer no livro de registro de classe.
O professor da disciplina de Arte tem inúmeras formas de avaliar o seu aluno, e ver se ele realmente aprendeu aquele conteúdo, mas, no entanto, ele continua preso a esse sistema engessado da prova escrita valendo 4,0 pontos. Mas o professor não pode avaliar de outra forma e depois colocar no livro esse valor 4,0 só pra dizer que fez? Sim, claro que pode, mas o que acontece muitas vezes, a pedagoga faz questão de ver a prova que será aplicada aos alunos, com antecedência. Desta forma fica difícil de conseguir elaborar uma forma diferente de avaliação.
E quando o professor tem somente duas aulas por semana? Como acontece no ensino médio? O professor geralmente explica em uma aula e avalia na outra, ou explica e avalia nas duas, ou não avalia. E a discussão sobre o que está sendo feito, onde fica? Não fica. Depois disso, como exigir um ensino de qualidade, uma avaliação bem feita e uma discussão que gere alunos críticos e interessados naquilo que está sendo posto? Como evitar que o aluno não ache a escola chata, ruim, não atrativa, e não vá embora? Difícil explicar.
As diretrizes curriculares nacionais indicam três dimensões básicas de avaliação: avaliação da aprendizagem, avaliação institucional, e avaliação externa.
A avaliação da aprendizagem é aquela abordada em sala de aula, como acabamos de citar na introdução. É àquela avaliação que o professor faz no dia a dia, com provas, exercícios e atividades de forma geral. É a que ocorre dentro da escola, no seu cotidiano. Àquela que ocorre no interior da sala de aula.
A avaliação institucional é mais ampla. Ela avalia não somente os alunos, mas os professores, o núcleo regional, a secretaria de educação. No ano de 2005, ocorreu no Paraná uma grande avaliação institucional, onde todos participaram desse processo. A partir de então nós temos as informações de como ocorre à educação naquela instituição. Seja ele núcleo, seja ela escola, ou de uma forma geral no estado.
A avaliação externa são as chamadas avaliações em larga escala. É quando a avaliação vem de fora da escola pra avaliar os alunos. E como exemplos têm o SAEB, PROVA BRASIL, e o SAEP, no Paraná. As nacionais são avaliadas pelo INEP, no Paraná quem avalia é a secretaria de educação. Ultimamente tem se discutido muito a função dessas avaliações, mais elas têm foco e sentido diferente.
No primeiro caso o professor avalia o que o aluno está aprendendo, e decide o que deve ser retomado ou não.
A avaliação institucional, por sua vez, fornece informações para políticas públicas, tanto no interior da escola, como de uma forma mais ampla.
A avaliação externa atende às duas funções. Tanto as políticas públicas como àquilo que está acontecendo no interior da escola. Quais problemas os alunos estão apresentando. Mas de uma forma muito mais ampla e geral. Por exemplo, todos os alunos do Estado do Paraná estão apresentando problemas em um determinado ponto do ensino aprendizagem, sendo assim, os órgãos responsáveis do governo, podem atuar diretamente no ponto deficiente para sanar esse problema geral. Ou seja, é uma mesma avaliação para a mesma rede de ensino, de forma geral ou regionalizada.
Fala-se muito de avaliação diagnóstica; avaliação somativa, e avalição formativa. O que isso significa?
Essa fala já vem de algumas décadas. A avaliação diagnóstica, por sua vez, a própria palavra já se define, ela é pra diagnosticar o que está acontecendo. Ao longo do tempo, identificando as dificuldades, retomando e avançando quando precisa.
A avalição formativa avalia e identifica pontualmente um determinado conteúdo, ou projeto e programa que está em vigência.
A avalição somativa é aquela feita ao final de tudo. Quando você avalia ao final de um ano de trabalho, ou ao final de um programa, é ela que vai dizer se deu cetro ou não todo aquele trabalho.
A avaliação somativa só fala quando você finaliza um trabalho, dizendo se algo deu certo ou não. É aí que você vê o que funcionou ou não, para melhorar numa nova etapa de trabalho.
Segundo o INEP, O conceito de qualidade é dinâmico, ou seja, cada escola tem a autonomia para refletir, organizar e melhorar, agindo na busca da qualidade de educação. Mas como isso é diagnosticado, é pela prova Brasil, ou por outras formas de avaliação?
Nós podemos comparar o macro com o micro para explicar o que isso quer dizer. Imagine a realidade do Colégio Estadual do Paraná. Agora compare o Colégio Estadual do Paraná, que tem 5 mil alunos matriculados, com uma escola que tem 300 alunos matriculados. A realidade é diferente, consequentemente como discutir qualidade de ensino nesse caso? O que é qualidade de ensino para um e o que é qualidade para outro?
Esse conceito e essa definição, nós não temos. Mas nós temos alguns indícios do que é educação de qualidade.
Em todos os casos a comunidade espera que os alunos, sejam eles estudantes de qualquer escola, aprendam, e o principal, aprendam com qualidade. E aí entra novamente a palavra qualidade. Mas o que isso significa? O que é aprender com qualidade?
Aprender com qualidade consiste em fazer com que eles tenham conhecimento que a princípio é definido para aquela etapa de escolarização que eles se encontram. O aluno que conseguiu aprender o que deveria ser assimilado na faixa etária que ele se encontra, é o que consideramos aprender com qualidade, pois, de maneira específica, a aprendizagem atendeu as necessidades daquele jovem.
Ultimamente as avaliações do ensino médio mostram que o jovem está concluindo o segundo grau com um conhecimento muito aquém daquele que ele deveria ter absorvido. Tanto para ingressar numa universidade, como para ingressar no mercado de trabalho, o que ele sabe, está muito abaixo daquilo que ele deveria saber. Assim, entendemos que não estamos oferecendo a ele uma educação de qualidade.
Uma vez que eles estão muito aquém daquilo que deveriam saber, então não estamos ensinando com qualidade.
E como avaliar uma educação de qualidade?
As avaliações externas são uns dos indicadores. Temos a avaliação do fluxo escolar para sabermos como está o abandono, pois onde há muito abandono, não dá pra dizer que há uma boa qualidade naquela educação.
As avaliações buscam isso, pois apontam as principais dificuldades que os alunos têm. A partir do momento que o aluno consegue aprender e acompanhar, ele não abandona, ele não desiste da escola, e consequentemente ele não reprova. Mas por que então a qualidade cai?
É muito comum ouvirmos professores dizerem a seguinte frase: ‘’no meu tempo não era assim’’. ‘’No meu tempo a gente estudava’’. ‘’No meu tempo a gente fazia tudo o que era proposta, e era muito mais difícil que hoje’’.
O que aconteceu então? A qualidade caiu? Os alunos ficaram menos estudiosos? Não, o fator é outro. A exclusão de antes e as oportunidades do agora.
Naquele período que os professores se referem, o próprio sistema eliminava aqueles que não conseguiam acompanhar o que está sendo ensinado. Desta forma, o que acontecia com eles? Eles saíam da escola, e a escola ficava então somente com os chamados melhores alunos. Ou seja, na escola, todos eram bons, pois aqueles que não se enquadravam já estavam fora daquela realidade. Por isso era mais visível ver o esforço e a busca pelo conhecimento daqueles que estavam na escola.
Muito bem, os tempos mudaram, e chegamos aos tempos atuais. Depois de um grande esforço para evitar que ninguém mais saísse da escola e que as escolas acolhessem a todos, pronto, estamos agora falando da realidade atual. Na realidade atual, uma grande maioria de jovens está na escola, estejam eles acompanhando o que está sendo ensinado, ou não. Àquela exclusão gigantesca de outrora agora não existe mais. Por isso, é mais visível você encontrar alunos com baixa qualidade de rendimento no mesmo ambiente com alguns muito bons. Por isso fica mais fácil dizer que a qualidade caiu. Na verdade o que ocorreu, foi que, não é que a qualidade caiu, mas ela incorporou a todos, desta forma fica muito mais fácil e visível encontrar o erro.
Artigo produzido pelos professores e coordenadores pedagógicos do Col. Est. Prof.ª Isabel Lopes Santos Souza.
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