AVALIAÇÃO - COLÉGIO DR. FRANCISCO AZEVEDO MACEDO

CADERNO VI – AVALIAÇÃO
A avaliação da aprendizagem escolar inicia-se antes do primeiro dia de aula. O professor precisa fazer um diagnóstico de sua turma e perceber, logo de início, quais são as dificuldades que irá enfrentar no decorrer do processo de ensino e aprendizagem. Não é possível prosseguir sem antes diagnosticar o conhecimento prévio de seus alunos e dar continuidade a partir daí. Entretanto, sabemos que isso, de certa forma, impede o professor de avançar de forma mais eficiente com seus conteúdos, porque, às vezes, o aluno pode se acomodar ou até mesmo perder o interesse pelos estudos.
Outro fator importante na avaliação da aprendizagem é a forma pela qual o professor elabora seus instrumentos para a avaliação.  Dependendo da maneira como ele elabora suas questões, se elas são objetivas ou subjetivas, se expõem um enunciado claro e objetivo, contendo  orientações  ou  se o enunciado  gera dúvidas, ou ainda, possa induzir o aluno ao erro, esses fatores podem gerar resultados significativos. Muitas vezes, o professor querendo avaliar o que ele ensinou, deixa de perceber realmente o que o aluno sabe. Portanto, no processo de avaliação deve se ter cuidado para elaborar bem os instrumentos de avaliação para que e que estas sejam esclarecedoras sobre o que se quer avaliar. As questões devem ser coerentes para que não ocorra nenhuma interferência negativa e sim ser uma avaliação voltada para aprendizagem, sendo considerada  mais um momento de aprendizagem dentro do processo pedagógico.
Além disso, sabemos que os desafios no campo da avaliação são imensos, devemos sempre levar em consideração os fatores externos como infraestrutura escolar, condições socioeconômicas do aluno, fatores culturais e sociais, violência na comunidade entre outros que interferem no processo de ensino e aprendizagem.
Muitas vezes, a avaliação torna-se excludente, podemos desmotivar alguns alunos, gerando um ambiente de competição, mas percebemos que isso ocorre  por falta de compromisso de alguns  alunos e também falta de incentivo no ambiente familiar, porque a escola oferece vários momentos de recuperação da aprendizagem que possibilitam o resgate e a valorização e o desempenho dos mesmos.
Uma coisa muito importante é que a prova em muitos casos traduz as dificuldades que o aluno tem, pois a partir do momento que ele é reprovado simplesmente ou então vai para o conselho. O que seria o conselho hoje? É órgão que vai atenuar o mau resultado da prova, aponta que o aluno não foi bem, reprovaria, mas como é um bom aluno, participativo, respeitou o professor, não foi mal em muitas matérias, conseguiu média nas outras disciplinas assim poderá ser aprovado. Há uma relativização para não permitir a reprovação do aluno para que ele tenha condições de seguir os seus estudos, o que envolve a situação de alunos que são promovidos, por exemplo, sem estar preparados.
A avaliação deve estar a serviço do aluno. Por outro lado o ideal hoje em dia não é simplesmente examinar,  mas avaliar, e a avaliação diferentemente do exame, ela não é um fim, mas representa meios, é um conjunto de meios utilizados, para observar o rendimento e o desenvolvimento do aluno, enquanto o exame aparece como um fim, ou seja, aplica-se a prova e o resultado desse exame é o instrumento que vai dar o resultado através do número, de modo que tem uma única finalidade a de ver se o aluno está apto ou não para passar de série. Ao passo que a avaliação é um conjunto de meios, que diz respeito aos processos, e ela só pode ser aplicada por meio de processos. Aquela prova isolada, por exemplo, a medição da capacidade do aluno não faz parte do sistema de avaliação
A base que temos de avaliação educacional parte do século XVI e desde esse período permanece a pedagogia do exame que consiste na aplicação tradicional de provas. Vemos que é muito comum logo no começo do ano o aluno perguntar para o professor “o que eu faço para tirar nota” querendo saber se ele tem que fazer um trabalho, uma prova, como será a prova quanto isso ou aquilo vai valer o aluno já está direcionado para tirar nota, é isso que vai valer par ao aluno e curiosamente é isso que importa para a maioria dos pais também os quais ficam totalmente satisfeitos se o filho tira a nota. E ai temos várias injustiças, pois as vezes o aluno brincou o bimestre todo, colou na prova e foi parabenizado. Mas por que isso acontece? Porque nós ainda estamos acostumados com a pedagogia do exame a qual valoriza a promoção e as boas notas. “Falou que o filho é nota dez o pai fica todo orgulhoso”.
Mas e que consiste esse exame? Quando nós falamos em exame, estamos falando de um método totalmente coercitivo, o próprio Comenius fundador da didática já dizia isso. “ se você quer a atenção do seu aluno, então coloque medo nele” quando mais o professor coagir o aluno, mais o aluno prestará atenção naquilo que o professor está falando, mais prestará atenção na aula. Então já vem dessa pedagogia tradicional do século XVI. Assim a prova acaba sendo uma forma de disciplinar o aluno.
Pode fazer parte da avaliação também a formação de uma personalidade submissa, pois os alunos ficam em muitos casos com medo do que vai cair na prova, e acabam criando essa mesmo medo para as regras do mercado, da mesmo moo como ele tinha medo da prova ele tem medo do dia a dia do trabalho, das relações do trabalho, porque está acostumado a ser coagido, ele não consegue se desvincular desse sistema coercitivos, que a sociedade impõe, e isso vem da pedagogia da prova tradicional.
Uma crítica importante é que as provas são, por exemplo  fundamentais para o IDEB, Índice de desenvolvimento da educação brasileira, porque pela avaliação, se quer nota, simplesmente tem que aparecer rendimento, e desde que o rendimento é sempre favorável, acaba sempre atendendo o lado favorável que é o IDEB, quando falamos em avaliar, é algo que tem que ser muito estudado ainda no Brasil, pois essa política, do IDEB se realmente os alunos da educação básica brasileira estão sendo avaliados ou sendo alienados. Isso é importante verificar se os números batem com a realidade.
A LDB lei de diretrizes e base da educação no artigo 24 vai privilegiar os aspectos qualitativos sobre os quantitativos, aparece uma análise do rendimento, que deve fazer essa diferenciação. Isso pode-se analisar de várias formas, por exemplo: uma determinada avaliação, que não meça o número de questões, mas a qualidade delas se de fato, onde não interessa a nota do aluno mas o desempenho o que não pode ser também analisado em períodos isolados, mas no conjunto; o professor tem que ter essa maturidade profissional, de conseguir analisar o aluno obviamente partindo de um planejamento desde o primeiro bimestre sendo avaliado desde o inicio. E cada avaliação diagnóstica, tem que unir os dados, exemplo: “o meu aluno no primeiro bimestre era uma coisa, e agora como ele é no terceiro” e quando o professor une esses dados, ele tem um conjunto, de números, de dados, de resultados, que vão mostrar o desempenho ao longo, de um período, de modo que não me adianta querer julgar isoladamente o aluno pela nota que ele teve somente no segundo bimestre ou no terceiro ou quarto, mas o ano todo verificar no gráfico, se ele subiu, se desceu ou se oscilou, qual foi o conteúdo dado a ele, de fato como foi aplicado a prova, se realmente as questões da avaliação são condizentes com aquilo que foi dado em sala de aula. Assim percebe-se que o privilégio tem que ser sempre dos aspectos qualitativos.
A aplicação da avaliação depende de dois elementos, o primeiro se chama movimento dialético, e o outro se chama diagnóstico esses dois pontos podem ser considerados, atribuições ou características da avaliação.
A avaliação dialética, diz respeito, a uma análise da situação, nesse caso o professor vai dialogar com a situação, percebendo ao longo do período o crescimento do aluno, o rendimento do estudante com base naquilo que foi dado, quais fatores externos influenciaram na avaliação. São uma série de fatores que devem ser compreendidos, e isso é feito de forma dialética. É como se o professor analisasse tudo o que está ao seu redor, e isso tudo conta para sua avaliação final. Já avaliação diagnóstica consiste na análise dos resultados.
Esses dois elementos vão aparecer como? Há um juízo existencial, um juízo qualitativo e tomada de decisões que são fatores que estão relacionados a avaliação dialética ou diagnóstica:
Todo juízo de valor acontece partindo de um julgamento, assim no juízo existencial levamos em conta quem é o aluno, quem o professor está avaliando, já no juízo qualitativo se deve levar em conta como o professor avalia; na sequência vem a tomada de decisões que é um item de desfecho. Se o professor aplicou em seu planejamento a prática de exame uma postura tradicional qual vai ser o resultado do exame? Vai ser uma verificação que significa, verificamos se o aluno tirou nota ou não, e simplesmente registro aquilo e ao final do ano se os registros não forem favoráveis, as médias não forem atingidas o aluno é reprovado, assim ao examinar se parte de uma verificação e se nesse caso houver uma nota baixa, ocorrerá à reprovação. Porém se o professor aplicou avaliação e não exame a tomada de decisões não vai se referir a verificação, mas a um encaminhamento que significa encaminhar da seguinte forma: meu aluno aprender? Se ele aprendeu, prossegue, se não aprendeu, reprovaria? Não, nesse caso se o aluno não aprendeu podemos reavaliar buscando alternativas do que se pode fazer diferente para que o aluno aprenda e seja recuperado, incluído novamente no processo educacional. Assim aconteceria na prática o privilégio dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos, numa análise do rendimento escolar.