Atividade caderno 03
A integração curricular a partir das dimensões do trabalho, da ciência, tecnologia e cultura na prática escolar
AUTORES
Ana Cristina Cassilha
Ana Paula Fernandes dos Santos
Darcicly de Souza Junqueira
Elsa Damas Ribeiro Martins
Jó Gonçalves
Leila Bonzatto
Luiza Maria Wicthoffet Machado
Paula Célia Lirani
Sílvia de Souza Rey
Stella Maris Fedalto
Tamires Aparecida de Ramos Teixeira
INTRODUÇÃO
A presente reflexão tem o cunho de elucidar de que modo o currículo é percebido no ambiente escolar pelos diferentes componentes deste ambiente. Esta reflexão vem demonstrar não apenas esta visão como também a importância do currículo como um componente sujeito a transformações necessárias ao longo do tempo.
Para tal,foramconsideradas as leituras e reflexões pertinentes ao Caderno III, onde as discussões sobre o currículo e os desafios da formação humana integral são focadas, aliadas a leituras de autores que trouxeram importantes discussões sobre currículo, concepções e aplicabilidades deste na prática educativa e finalmente o resultado de debates estabelecidos entre os professores participantes do curso – Pacto para o Fortalecimento do Ensino Médio e seus alunos, nas diferentes turmas desta modalidade de ensino, e trazidas para uma plenária entre os componentes do grupo.
DESENVOLVIMENTO
Quando buscamos conhecer as concepções de currículo deparamo-nos com múltiplas definições sobre este fundamental componente escolar.
A percepção do currículo é inerente ao ambiente escolar, sendo parte da rotina de quem neste ambiente atua, assim, ele se encontra tão integrado neste espaçode forma que raramente são realizadas reflexões a respeito dele. Contudo cada setor do ambiente escolar carrega consigo induções em seu imaginário, elaborando conceitos distintos sobre o mesmo.
Diante disto, buscamos algumas definições de pensadores queafirmam a importância e a dificuldade de se definir currículo.
Para Sacristán,
Os currículos são a expressão do equilíbrio de interesses e forças que gravitam sobre o sistema educativo num dado momento, enquanto que através deles se realizam os fins da educação no ensino escolarizado. [...] O currículo, em seu conteúdo e nas formas através das quais se nos apresenta e se apresenta aos professores e aos alunos, é uma opção historicamente configurada, que se sedimentou dentro de uma determinada trama cultural, política, social e escolar; está carregado, portanto, de valores e pressupostos que é preciso decifrar. (SACRISTAN,J.G., 2000, p. 17).
De fato, todo currículo traz embutido na sua construção o momento histórico vivenciado, os posicionamentos políticos e culturais da sociedade na qual está sendo escrito, ou seja, ainda nas palavras de Sacristán (2000, p.15) quando definimos currículo estamos escrevendo a concretização das funções da própria escola e a forma de enfocá-las num momento histórico e social determinado, para um nível ou modalidade de educação, numa trama institucional, etc..
Corroborando com o pensamento de Eyng(2010,p.16)que no seu livro Currículo Escolar,afirmanão ser possível aprisionar um processo dinâmico e em movimento como é o currículo [...] em uma única definição [...] nem mesmo possui uma delimitação única e inquestionável,os professores do Colégio Estadual Rocha Pombo propuseram uma roda de conversa entre eles e os alunos do Ensino Médio, onde diferentes visões de currículo foram apontadas.
Os alunos veem o currículo como algo distante da sua realidade sócio-cultural. O excesso de disciplinas e conteúdos ministrados para o ano letivo compromete a qualidade do ensino, para eles. Esse contexto leva ao desinteresse dos alunos, ocasionando um grande índice de desistência e baixo aproveitamento.
Não deixando de concordar com as ideias dos alunos, os profissionais da educação compreendem que fundamentalmente o currículo deve contemplar a apropriação dos conhecimentos produzidos e acumulados pela humanidade. Tal currículo não deve ser fragmentado, isolado em compartimentos incomunicáveis com as outras disciplinas.
Outro impasse encontrado é o fato de que os documentos elaborados são pensados, via de regra, por pequenos grupos e muitas vezes não adquirem sentido no processo pedagógico de alguma escolas, ficando apenas no papel.
Para os professores, o currículo não deve ser apresentado pronto, engessado, ao contrário deve permitir mudanças na sua construção a fim de produzir práticas em contextos concretos e em dinâmicas sociais, políticas, culturais, intelectuais e pedagógicas.
No ambiente escolar há que se ponderar a importância do currículo oculto, que podemos traduzir como todos os componentes do ambiente escolar que não fazem parte do currículo oficial. Este surge naturalmente da relação professor aluno, onde o compromisso do professor de um lado,e a irreverência e ousadia do aluno do outro, numa construção diária traz oconhecimento mútuo aliado à responsabilidade do que é transmitido por um lado e do outro o que é aprendido.
Percebemos, sentimos e consideramos importante o vínculo afetivo entre o educador e o educando, pois é nesta relação onde se alicerçam as práticas educativas. Estas práticas devem ser voltadas para o despertar de ideias, transformações de conceitos, tomada de decisões, percepção de uma nova forma de ver a vida, possibilitando a construção de um ser social mais atuante.
Neste sentido partilhamos ainda, o pensamento de H. Girox e R. Simon na sua afirmativa de que,
a escola é um território de luta [...]e que as escolas são formas sociais que ampliam as capacidades humanas, a fim de habilitar as pessoas a intervir na formação de suas próprias subjetividades e a serem capazes de exercerem poder com vistas a transformar as condições ideológicas e materiais de dominação em práticas que promovam o fortalecimento do poder sociale demonstrem as possibilidades da democracia.(Henry A. Giroux e Roger Simon, 2005, p. 95).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EYNG, Ana Maria, Currículo Escolar, 2ª edição, 2010, Curitiba, IBPEX.
GIROUX, Henry A. e SIMON, Roger in Currículo, Cultura e Sociedade – Antonio Flávio Moreira e Tomaz Tadeu da Silva (orgs), 8ª ed. Sãolaulo, Cortez, 2005.
SACRISTÁN, J. Gimeno, O Currículo: uma reflexão sobre sua prática, 3ª ed., Porto Alegre, Artamed, 2000.
SIMÕES,Carlos e SILVA Mônica R. da, O Currículo do Ensino Médio, seus sujeitos e o Desafio da Formação Humana Integral – Etapa I, Caderno II, 2013, Curitiba, UFPR/ Setor de Educação.
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