Artigo do Caderno III

Professores cursista do Colégio Estadual João Paulo II

  Arnaldo de Brito, Ana Cristina Scorupa Teixeira, Cirlene Ribeiro da Luz Damasceno, Claudilene Zirondi Sardanha, Eliane Bento de Carvalho, Evania Aguerra Golmini da Silva, Iolanda Champoski, Marcia Novacki, Marcia Paulli, Nelson Pereira, Sonia Regina Cordeiro Silva, Theodoro Lutemberg de Souza.

 

REFLEXÕES DO CADERNO 3.
A temática para discussão deste terceiro caderno -O currículo do Ensino Médio,seus sujeitos e o desafio da formação humana integral- nos faz refletir sobre a importância na elaboração do currículo e sobre os elementos que o compõem, se estão em sintonia com o conhecimento e uso das novas tecnologias que fazem parte do cotidiano da sociedade,os avanços científicos que mostram como o conhecimento pode proporcionar ao ser humano melhor qualidade de vida e de trabalho e as manifestações culturais contemporâneas  que são o resultado da construção social, política e econômica da sociedade através da história.  Nesse ponto vale ressaltar que a formação do indivíduo deve ser plena para prepará-lo para ser crítico da sua realidade e atuante na sociedade que está inserida e com conhecimento sobre as tecnologias que fazem parte do seu cotidiano e que produzem transformações através do seu uso e do trabalho realizado pelas pessoas.
O debate sobre a construção do currículo permeando todas as áreas do conhecimento precisa levar em consideração as limitações impostas pela falta de infraestrutura nas escolas públicas, pois não é somente o professor, mas os recursos materiais, tecnológicos que possibilitem condições de contextualizar de outras formas o conteúdo que fica estático no livro didático que muitas vezes, além do quadro de giz são as únicas tecnologias disponíveis ao professor. O currículo necessita ser um instrumento de integração da escola e a sociedade, como esta disposto pelo MEC:
“Pensar um novo currículo para o Ensino Médio coloca em presença estes dois fatores: as mudanças estruturais que decorrem da chamada “revolução do conhecimento”,alterando o modo de organização do trabalho e as relações sociais; e a expansão crescente da rede pública, que deverá atender a padrões de qualidade que se coadunem com as exigências desta sociedade. (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS - ENSINO MÉDIO - MEC pg. 06-2000)”.
É importante ressaltar que o currículo precisa ser a ferramenta norteadora das ações da construção dos saberes e que estes saberes devem possuir a linguagem contemporânea das várias juventudes que habitam a escola. O que atualmente requer muita sensibilidade por parte dos educadores devido ao choque de gerações, que são quase inevitáveis, devido às perspectivas diferentes diante dos conteúdos por parte dos professores e dos alunos. Os jovens de hoje possuem acesso a recursos tecnológicos que muitas vezes não estão disponíveis nas escolas o que nas discussões acabam gerando conflitos sobre como usar as tecnologias e se essas tecnologias e recursos agregam benefícios para a formação dos educandos. Como será observado, não é que a tecnologia não deva ser usada, mas como ela contribui na aprendizagem e na formação dos indivíduos. A tecnologia é outro fator que precisa ser considerado na hora de elaborar o currículo, como nos traz o MEC 2000 “A formação do aluno deve ter como alvo principal a aquisição de conhecimentos básicos,a preparação científica e a capacidade de utilizar as diferentes tecnologias relativas às áreas de atuação.”Assim , percebemos como o currículo está  associado as conjecturas políticas e econômicas atuais tendo de ser reformulado sempre que for preciso para estar adequado às expectativas da sociedade.
Mesmo não tendo essa finalidade, a escola acaba orientando o aluno  para o mercado de trabalho o que gera certa angústia já que o conhecimento deve ser para a formação plena do indivíduo onde suas perspectivas devem ser amplas e não apenas visando colocação profissional, o que causa conflito entre o currículo escolar e o que a sociedade espera. Mediar essa situação tentando conciliar o currículo escolar contemplando todos os anseios dos envolvidos no processo é difícil já que muitas vezes o aluno não entende qual o significado que certos conteúdos ou disciplinas têm para sua vida. Falta maturidade para o jovem compreender a relevância do conhecimento para sua formação ética e moral e de formar seu senso crítico já que muitas vezes como os conteúdos são estruturados e compartimentados dentro de suas áreas o aluno não os associa com sua realidade perdendo sua importância.
Nesse contexto o educador precisa repensar seu papel como fala Silva (Apud Gadotti):
“Como pode o educador assumir um papel dirigente na sociedade se na sua formação o todo social resume-se a uns poucos conhecimentos de métodos e técnicas pedagógicas? Como pode uma nação esperar que as novas gerações sejam educadas para o progresso, o desenvolvimento econômico e social, para a construção do bem-estar para todos, sem uma sólida formação política? (Silva pg.9,10-2012)”.
Outro aspecto é o momento cultural no qual a instituição está inserida já que o jovem quer expressar seus sentimento, seu estilo, o que acaba criando várias “tribos “ com suas particularidades dentro de um mesmo espaço, e a escola abriga essa diversidade, os educadores precisam entender essa dinâmica e quando possível utilizar isso como agente integrador. É um desafio conciliar essa realidade ainda mais com a influência que a mídia tem na formação dos jovens no que se refere à identidade cultural ou “pop”.
As discussões que serão relatadas demonstram como as percepções apresentadas até o momento são foco de interesse coletivo sobre o currículo e sua importância na construção dos saberes nas escolas e a necessidade de maior interação dos professores das diversas áreas do conhecimento na sua elaboração, na busca pela integração dos saberes que refletirão de forma positiva na formação dos alunos.
           Não há dúvidas de que a educação vem sofrendo transformações de forma cada vez mais rápida, haja vista a nova compreensão que se tem sobre o papel da escola como elementos de desenvolvimento social, estimulada pela incorporação de novos conhecimentos, sejam científicos ou tecnológicos. Portanto, não se pode reduzir o ensino médio ao objetivo restrito de preparação para o Ensino Superior (função essa, que lhe foi atribuída em grande parte das leis educacionais, até então, existentes), nem a função de formação profissionalizante. É no espaço do ensino médio, que se deve gerar para os educandos oportunidades que lhes permitam a formação de importantes capacidades, sobretudo no desenvolvimento  da autonomia intelectual e moral dos alunos.
          As DCNEM apontam a interdisciplinaridade como uma estratégia a ser utilizada no projeto político-pedagógico das escolas de ensino fundamental e médio. Para isso, instituíram-se também a transversalidade e os eixos temáticos como estratégias articuladoras entre as diversas áreas do saber. Dessa forma, todas as disciplinas , devem lançar mão dessas ferramentas na tentativa de tornarem-se mais integradas, bem como oportunizarem o exercício da cidadania para o aluno. Ao interagir com outras disciplinas, podem se valer dos chamados eixos temáticos que abarcam aspectos da vida como saúde, ética, cultura, pluralidade racial, sexualidade e outros.
         Em relação as finalidades da educação básica ressaltamos que visam a formação humana integral do aluno. Isto é possível na medida em que os educadores lançam mão de estratégias diferenciadas no trabalho em sala de aula. É necessário que o ensino esteja relacionado com a realidade do aluno para que veja sentido em aprender, para tanto é importante levar em consideração o conhecimento prévio que o aluno traz.
       Os educadores devem promover, através de pesquisas, investigação, estudos, o desenvolvimento de uma consciência crítica nos alunos para que possam atuar na sociedade, não somente como espectadores e sim como sujeitos capazes de transformarem sua realidade. Sendo assim, é possível proporcionar autonomia intelectual e moral de seus alunos.
      A tecnologia é um importante instrumento de pesquisa e uma grande aliada no desenvolvimento da aprendizagem; com o domínio deste instrumento o aluno passa a ter contato com  diferentes visões e concepções   de um determinado tema. Neste sentido a organização curricular deve favorecer uma maior integração entre as disciplinas, pois ocorre  que muitas vezes elas trabalham de forma isolada, não favorecendo uma visão integral dos conteúdos desenvolvidos em sala de aula.
      O ensino de qualidade constrói-se levando em conta todos estes aspectos que necessitam ser debatidos em conjunto com toda comunidade escolar; é preciso estabelecer um diálogo com os alunos do Ensino Médio, interagindo com os saberes presentes das vivências e experiências cotidianas, aliado ao conhecimento mais elaborado das diversas áreas do conhecimento historicamente produzido.