Artigo : currículo

ESCOLA ESTADUAL ERNANI VIDAL – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
CURITIBA – PR
Reflexões sobre a Organização do Trabalho Pedagógico no Ensino Médio - Caderno III – Etapa II – Formação de Professores do Ensino Médio
Orientadora de Estudos: Denise Pereira Carvalho Santos
Professores Participantes:
Ana Lúcia Mathias
Deise Pereira Santos Carvalho
Iran Frank da Silva
Jeana Escolástica Maffini dos Santos
Márcia Cristina Marquezini Pinheiro de Freitas
Nelson Mário Rizzardi
Reny Aparecida Estácio de Paula
Viviane dos Santos Bezerra

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO
CIÊNCIAS DA NATUREZA

RESUMO
A proposta desse artigo é estimular o ensino das ciências nas atitudes investigativas e reflexivas sobre os  fenômenos da natureza e as consequências da intervenção humana sobre ela. Pois a educação é um ato político em que o indivíduo deve ser considerado, no corpo social, sujeito contextualizado que busca sentido nas coisas e, portanto, também na escola, deve ser considerado um ser de desejo que vê e analisa o mundo e nele age. À educação, ao apropriar-se do patrimônio da humanidade, coloca o sujeito em contato com o saber, o mundo, os outros e consigo mesmo. (Charlot, 1979).
Vivemos em uma sociedade globalizada, em que as pessoas são constantemente bombardeadas por informações que nem sempre se constituem em conhecimento. O desafio da globalização é também um desafio de complexidade. Devemos buscar o conhecimento pertinente que, de forma alguma pode se constituir plenamente significativo se considerando completamente fragmentado. (Morin, 2000)
A esse respeito, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
“[...] as questões relativas à globalização, as transformações científicas e tecnológicas e a necessária discussão ético-valorativa da sociedade apresentam para a escola a imensa tarefa de instrumentalizar os jovens para participar da cultura, das relações sociais e políticas. [...]”
Os avanços científicos e as novas tecnologias apontam para a importância de organizar o ensino das ciências, de maneira a torná-lo crítico, assim conseguiremos um aluno capaz de participar que pode construir o seu conhecimento, a partir da base escolar.
Vivemos em um mundo em que o conhecimento científico e a tecnologia possibilita por esse conhecimento estão presente em quase todas as atividades cotidianas, influenciando nosso estilo de vida e nossas possibilidades de desenvolvimento. Atualmente, um cidadão desprovido de uma sólida cultura científica e tecnológica terá dificuldade de construir uma proposta autônoma de sobrevivência e de compreender o mundo em que vive para se inserir nas atividades sociais com independência e espírito corporativo. A ciência tornou-se parte integrante de nossas vidas. Em razão de seus diversos aspectos e aplicações, o conhecimento científico é importante instrumento para formação de valores e atitudes em relação ao outro, a política, à economia, à sexualidade, à saúde, ao meio ambiente, à tecnologia. A proposta é interagir conhecimento científico á realidade do aluno, estimulando a reflexão e em espírito crítico, buscando com isso fortalecer um dos pilares da educação: aprender a aprender
Nesse contexto o processo de ensino de ciências da natureza requer a escolha de caminhos que considerem os conhecimentos prévios dos alunos, incorporando-os ao desenvolvimento da aula, problematizando-os e sistematizando-os. Entre as várias metodologias de ensino existentes, está a problematização com a construção de conceitos. Apesar de a problematização poder ser feita em diferentes momentos do desenvolvimento das aulas, essa metodologia pressupõe etapas a serem percorridas.
A diversidade de atividades propostas permite construir diferentes estratégias para a elaboração de conceitos, conferindo ao professor a liberdade de escolher a que melhor de adapta á sua realidade escolar e de traçar seu próprio caminho para desenvolver sua pesquisa em sala de aula.
Nesse contexto do século XXI, constatamos que a sociedade produz e acolhe inovações tecnológicas em ritmo acelerado. Isso quer se fale dos meios de comunicação de massa ( televisão, rádio, jornais, revistas, cinema), quer se pense nos instrumentos de trabalho( informatização, automação, robotização), Tais características configuram a chamada sociedade da informação, sendo esta a sociedade contemporânea em que a informação tem significativa importância para o desenvolvimento das atividades humanas, utilizando uma diversidade de recursos para obtenção, análise e procedimento de informações.
As inovações tecnológicas que marcam essa sociedade, segundo Oliveira (2008,p. 5) “contribuem para que as transformações ocorram ao longo da história mudando, de tempos em tempos, o panorama da sociedade no âmbito social, cultural, político,econômico, filosófico, institucional e educacional.
Palavra chave:  Ciências , Conceito, Habilidades, Aprendizagem, Sociedade, Tecnologia, e Produto.

INTRODUÇÃO
Para os professores obterem possibilidades de abordagens pedagógico curriculares é importante relembrarmos que entre as mudanças da sociedade destacam-se aquelas que ocorrem no mundo do trabalho devido à inscrição de novas tecnologias de produção que passam a exigir um novo perfil de trabalhador.
Assim pensar os objetivos educacionais na sociedade contemporânea exige refletir sobre os desafios da escola na formação de cidadãos críticos e participativos para se inserirem na vida política e produtiva da sociedade. Dessa forma, como aponta Libâneo (2001, p 21),  “à transformação geral da  sociedade repercute, sim na educação, nas escolas, no trabalho dos professores.
Considerando essa repercussão, faz-se necessária a adoção de novas metodologias de ensino, tendo em vista atender ao desafio do desenvolvimento de capacidades cognitivas e operativas para o alcance do pensamento autônomo, criativo, crítico, da formação geral e capacidade tecnológica do trabalhador, além de subsidiar o aluno para atuar como cidadão, buscando, se preciso, transformar a realidade em que vive.
Nesse sentido a sociedade atual de acordo com Borges (2008), se caracteriza pela informação e representa “uma resposta a dinâmica da evolução, ao crescimento vertiginoso de experiências, invenções,inovações, dentro de enfoque sistêmico em franco desenvolvimento e inovador. Então podemos entender que informação é constituída de dados organizados de tal modo apresentam coerência e significado a qual pode ser armazenada, transferida ou até mesmo eliminada.
Já o conhecimento é o resultado da interferência de habilidades, capacidades e conhecimentos prévios do ser humano, a partir de uma informação ou um conjunto delas, para modificar uma situação ou processo produzidos assim, novos conhecimentos.Quanto a produção de informações e conhecimentos, as estruturas da rede permitem novas formas de produção de conhecimento e cultura estabelecendo ligações entre culturas diferentes que se comunicam e gradativamente vão interagindo ( CASTELLS, 2003). Isto provoca uma pressão na educação por mudanças, assim como ocorre com as demais organizações da sociedade.

NOVAS FORMAS DE APRENDER E ENSINAR
Ao pensarmos a relação escola e sociedade da informação é preciso considerar a existência de novas formas de aprender. Nesse sentido, há possibilidade da escola inserir em seu contexto, novas formas de ensinar. Breede (1996), aponta que a escola necessita estar inserida no mundo contemporâneo, ou seja, inserir no seu ambiente os avanços tecnológicos.
Isto nos leva a pensar num verdadeiro sentido de educar. Etimologicamente, educar significa “levar de um lugar para o outro”, o que pressupõe não mudança física, mas mudança de paradigmas de pensamento.
Na escola levar “a outro” lugar é proporcionar ambientes, ações administrativas e ações didáticas, que levem o aluno a construir seu conhecimento, imbricando suas experiências pessoais com o conhecimento científico e possibilitando a formação de um ser humano crítico, um agente interveniente no mundo, sentindo-se capaz de participar de sua transformação.

[....] educar é colaborar para que os professores e alunos transformem suas vidas. Em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua  Identidade, do seu caminho pessoal e profissional, do seu projeto de vida, no  desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar espaços pessoais, sociais e profissionais  e tornando-os cidadão realizados e produtivos, (MORAN, 2000, p. 155).

Considerando o papel da escola na sociedade da informação, podemos tomar como referência o pensamento de Freire (1997), quando diz que ensinar é algo de profundo e dinâmico, não é mera transferência de conhecimentos, mas sim conscientização e testemunho de vida. Portanto, é preciso mudar profundamente nossos método de ensinar para reservar ao cérebro humano o que lhe PE peculiar, a capacidade de pensar, a dominar e linguagens ( inclusive a eletrônica) a pensar criticamente.
       Dessa forma como  parâmetros para pensar a redação entre a escola e sociedade da informação, de forma a atingir os objetivos acima mencionados, apontamos. Os quatro Pilares da educação, pressuposto por Delors (2009).

• Aprender a conhecer: não visa á aquisição de uma quantidade de saberes codificados, mas o domínio dos instrumentos de apropriação de conhecimentos. Assim, se pretende que cada um aprenda a compreender o mundo em que vive, de forma a subsidiá-lo a uma vida digna, desenvolvendo suas capacidades profissionais e atendendo suas necessidades. Isso tendo como referência o prazer de entender, conhecer e de descobrir,despertando a curiosidade e estimulando o senso crítico. Considera-se que o conhecimento não está acabando ( e nunca o estará), e que pode ser enriquecido com qualquer experiência ligada à vida e ao trabalho.
• Aprender a fazer: Isso é indissociável do aprender a conhecer. Refere-se a como ensinar o aluno a relacionar com a prática os seus conhecimentos e como adaptá-los a novas situações. O aprender a fazer não pode continuar mantendo o simples significado de preparar alguém para a realização de uma tarefa, mas sim, para evoluir tal realização. Para isso, precisa-se conceder o ensino não como simples transmissão de práticas, mas que cada pessoa adquira competência que a tome apta para enfrentar diferentes situações.
• Aprender a viver junto, aprender a viver com os outros: embora apontada por Delors (2009), como tarefa árdua, pois os seres humanos têm a tendência a supervalorizar as suas qualidades e as do grupo a que pertencem esse pilar, busca: a descoberta do outro desenvolvendo a consciência das semelhanças, diferenças e interdependências entre os seres humanos( algumas disciplinas tem mais facilidade para possibilitar isso).
• Aprender a ser: de acordo com Delors (2009), um princípio reafirmado ao se pensar os quatro pilares, é que a educação precisa contribuir para o desenvolvimento total da pessoa, corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético e responsabilidade pessoal. Assim, o aprender a ser refere-se a estimular o aluno a pensar, a criticidade, a formular os seus próprios juízos de valor desenvolvendo sua autonomia para que assim, possa desenvolver melhor sua personalidade, suas capacidade e sua autonomia.
Esse novo cidadão insere cada vez mais na sociedade da informação e de conhecimentos no qual a Ciências da Natureza , portanto é necessário refletir, discutir e propiciar aos nossos alunos o acesso as novas formas de interagir e se apropriar de conhecimentos historicamente produzidos. Mas é importante que esse novo cidadão, conheça as potencialidades dessas ferramentas no processo comunicativo e que pense criticamente as influências delas na sociedade em que vive.
Como já ressaltamos anteriormente, a presença da tecnologia e seus impactos nos diferentes campos da sociedade, justifica a necessidade da escola incorporá-la, de maneira reflexiva, crítica, planejada e estrutura nas suas ações educacionais objetivando preparar as novas gerações para a sociedade de informação e de conhecimento.

APRENDIZAGEM
•  A aprendizagem acontece na interação com o outro e em vivências significativas com o conhecimento;
• O conhecimento é socialmente construído, e sua construção não é linear, não é restrita a um único percurso, não um único resultado;
• Para construir aprendizagem, é necessário levar em conta o contexto e as características individuais, além de criar condições para investir na diversidade ( e não na uniformidade), no protagonismo, na construção conjunta de conhecimentos ( e não na repetição).

ENSINO
• Criar condições para a aprendizagem é a base para desenvolver um vínculo com o conhecimento;
• Para ensinar e para aprender é necessário ter parceiros com quem conversar, refletir, analisar,refutar, brigar e combinar;
• Para ensinar é fundamental ter evidências constantes de aprendizagem, formação na área específica e confiança de que há algo a ensinar que seja relevante para a vida do aluno e do conjunto da sociedade, portanto, é preciso estudar, planejar, preparar, tornar significativos;
• É necessário também, avaliar sistematicamente o processo, para poder redirecionar o que está sendo feito e criar novas oportunidades de aprendizagem.
   
                            Sociedade
                                             
        Ciência                     Tecnologia

Neste contexto o foco está na relação entre os conhecimentos da área e o sujeito do Ensino Médio na perspectiva dos direitos à aprendizagem e ao desenvolvimento humano. No entanto o conceito de aprendizagem pode-se definir como:

    Um  processo de assimilação de determinados conhecimentos e modos de
      Ação física e mental, organizados e orientados no processo de ensino. Os
       Resultados da aprendizagem se manifestam em modificações na atividade
       Externa e interna do sujeito, nas suas relações como o ambiente físico e
       Social (LIBANEO, 1994, p. 83)